sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Tralha socrática

Enquanto Passos Coelho "quer alterar Constituição para impor limite ao défice", já o PS, a crer (a vários títulos surreal) na entrevista de Carlos Zorrinho ao Público (link não disponível), "rejeita revisão constitucional para mudar tratados europeus" (mas admite "Leis de valor reforçado").

Zorrinho (via Seguro?) mantem-se fiel àquela coisa designada de "Estratégia de Lisboa" (Março de 2000) que, (re)lida agora, é atrozmente risível e mesmo grotesca. Por exemplo (realces meus),
A União atribuiu-se hoje um novo objectivo estratégico para a próxima década: tornar-se no espaço económico mais dinâmico e competitivo do mundo baseado no conhecimento e capaz de garantir um crescimento económico sustentável, com mais e melhores empregos, e com maior coesão social. A consecução deste objectivo pressupõe uma estratégia global que vise:

– preparar a transição para uma economia e uma sociedade baseadas no conhecimento, através da aplicação de melhores políticas no domínio da sociedade da informação e da I&D, bem como da aceleração do processo de reforma estrutural para fomentar a competitividade e a inovação e da conclusão do mercado interno;

– modernizar o modelo social europeu, investindo nas pessoas e combatendo a exclusão social;

sustentar as sãs perspectivas económicas e as favoráveis previsões de crescimento, aplicando uma adequada combinação de políticas macroeconómicas.
(...)
As pessoas são o principal trunfo da Europa e deverão constituir o ponto de referência das políticas da União. O investimento nas pessoas e o desenvolvimento de um Estado-providência activo e dinâmico será fundamental tanto para o lugar da Europa na economia do conhecimento como para assegurar que a emergência desta nova economia não venha agravar os problemas sociais existentes em matéria de desemprego, exclusão social e pobreza.
Zorrinho, um conjuntural, mas estrénuo, defensor da soberania nacional não se revê nas medidas de austeridade que o eixo "Alemanha-França" vem impor antes propõe que a "Europa" retome uma "política de crescimento" e, assim, retome o objectivo de liderar do mundo desenvolvido. E como exemplo dessa política, dessa ambição, não encontra melhor que isto:
«Eu acredito que a Europa teria tudo a ganhar em ter um projecto de cooperação reforçada no plano da mobilidade eléctrica, por exemplo. A mobilidade eléctrica (comboios, carros) podia ser uma área liderada pela Europa, porque nós somos o continente mais dominado pelo petróleo e muitos dos problemas das dívidas soberanas têm origem aí... No fundo, aplicar o plano de reformas que está previsto no Tratado de Lisboa»
Como assim se constata, a tralha socrática continua de muito boa saúde.

Sem comentários: