sexta-feira, 22 de março de 2013

Uma tradução do discurso de despedida do Congresso de Ron Paul

Um leitor do EI, remeteu-me o link para o vídeo (editado) do discurso de despedida de Ron Paul do Congresso em Novembro último, legendado em português na variante brasileira. Isto fez-me recordar que tinha deixado por concretizar, na altura, um compromisso público - o de proporcionar uma tradução do magistral discurso que Ron Paul então proferiu (a partir daqui). Concretizo-o agora lamentando não poder proporcionar aos leitores interessados a qualidade que gostaria ter conseguido neste empreendimento.

Esta pode muito bem ser a última vez que falo na Câmara. No final do ano irei deixar o Congresso após 23 anos de mandatos ao longo de um período de 36 anos. Os meus objectivos em 1976 eram os mesmos que são hoje: promover a paz e a prosperidade através da estrita adesão aos princípios da liberdade individual.

Era minha opinião que o rumo que os EUA iniciaram na última parte do século XX nos iria levar a uma grave crise financeira e nos mergulharia numa política externa que nos iria sobrecarregar enormemente e comprometer a nossa segurança nacional.

Para atingir os objectivos que procurava, o governo teria que reduzir a despesa, em dimensão e no âmbito, de mudar o sistema monetário e de rejeitar os custos insustentáveis ​​de policiar o mundo e expandir o Império Americano.

Os problemas pareciam ser esmagadores e impossíveis de resolver e porém, do meu ponto de vista, o simples respeito pelas limitações impostas sobre o governo federal pela Constituição teria sido um bom lugar para começar.

Quanto é que consegui realizar?

De muitos pontos de vista, segundo a sabedoria convencional, a minha intermitente carreira no Congresso, de 1976 a 2012, conseguiu muito pouco. Nenhuma legislação tem o meu nome, nem nenhum edifício federal, nem nenhuma auto-estrada - felizmente. Apesar dos meus esforços, o governo cresceu exponencialmente, os impostos permanecem excessivos, e o prolífico aumento de regulamentações incompreensíveis continua. As guerras são constantes e são iniciadas sem que sejam declaradas pelo Congresso, os défices sobem até ao céu, a pobreza está desenfreada e a dependência do governo federal é agora pior do que em qualquer outro momento da nossa história.

Tudo isto com preocupações mínimas para com os défices e responsabilidades não cobertas [pensões futuras, etc.] que o senso comum nos diz que não poderão continuar por muito mais tempo. Um grande, embora nunca mencionado, acordo bipartidário permite manter o segredo bem guardado que consente a manutenção dos níveis de despesa [pública federal]. Um dos lados não abre a mão de um cêntimo nos gastos militares, o outro não desiste de um cêntimo nas despesas sociais, enquanto ambos os lados apoiam os resgates e subsídios à elite bancária e corporativa. E o despesismo continua enquanto a economia enfraquece e continua a espiral descendente. Como o governo continua a tergiversar, as nossas liberdades e a nossa riqueza estão a ser incineradas nas chamas de uma política externa que nos torna menos seguros.

O maior obstáculo para uma mudança real em Washington está na resistência total em admitir que o país está falido. Isso tem implicado que o compromisso, exclusivamente para tornar inevitável o aumenta da despesa, uma vez que nenhum dos lados tem qualquer intenção de a diminuir.

O país e o Congresso continuarão divididos uma vez que já "não há saque para repartir" [com a intensificação da crise financeira e económica].

Sem o reconhecimento deste facto [da falência do estado] os despesistas em Washington vão continuar a sua marcha em direcção a um abismo fiscal muito maior do que o antecipado para Janeiro do ano que vem.

Eu tenho pensado muito sobre o por quê de aqueles de nós que acreditam na liberdade como uma solução, têm tido tão pouco sucesso em convencerem os outros dos seus benefícios. Se a liberdade é o que nós afirmamos ser - o princípio que protege todas as decisões pessoais, sociais e económicas necessárias para a prosperidade máxima e a melhor oportunidade para a paz - deveria ser uma tarefa fácil. Todavia, a história tem mostrado que as massas têm sido bastante receptivas às promessas de autoritários, que raramente ou nunca são cumpridas.



Autoritarismo versus liberdade

Se o autoritarismo conduz à pobreza e à guerra e a menos liberdade para todos os indivíduos e é controlado pelos interesses especiais dos ricos, as pessoas deveriam estar implorando por liberdade. Houve certamente um sentimento suficientemente forte por mais liberdade por altura da nossa fundação que motivou aqueles que estavam dispostos a lutar na revolução contra o poderoso governo britânico.

Durante o meu tempo no Congresso o apetite pela liberdade tem sido bastante fraco; a compreensão do seu significado negligenciável. No entanto, a boa notícia é que, em comparação a 1976, quando vim pela primeira vez para o Congresso, o desejo de mais liberdade e de menos estado em 2012 é muito maior e é crescente, especialmente na base popular americana. Dezenas de milhares de adolescentes e de estudantes universitários estão, com grande entusiasmo, acolhendo a mensagem de liberdade.

Tenho algumas ideias do porquê de um povo de um país como o nosso, em tempos o mais livre e o mais próspero, ter permitido que as condições se deteriorassem ao ponto a que chegaram.

A liberdade, a propriedade privada e o cumprimento de contratos voluntários, geram riqueza. Nos primeiros anos da nossa história estávamos muito conscientes disto. Mas no início do século XX os nossos políticos promoveram a noção de que os sistemas fiscais e monetários tinham que mudar se nos quiséssemos envolver em despesas domésticas e militares excessivas. Foi por isso que o Congresso nos deu a Reserva Federal e o imposto sobre o rendimento. A maioria dos americanos e muitos representantes do governo concordaram em que o sacrifício de alguma liberdade era necessário para levar a cabo o que alguns afirmavam ser ideias progressistas. A democracia pura tornou-se aceitável.

Eles foram incapazes de reconhecer que o que estavam fazendo era exactamente o oposto do que os colonos estavam procurando quando se separaram dos britânicos.

Alguns queixam-se de que a minha argumentação não faz sentido, uma vez que se verificou uma grande acréscimo na riqueza e no nível de vida de muitos americanos ao longo dos últimos 100 anos, mesmo com essas novas políticas.

Mas os danos à economia de mercado e à moeda, têm sido insidiosos e constantes. Demorou muito tempo a consumir a nossa riqueza, a destruir a moeda e a prejudicar a produtividade e a levar as nossas obrigações financeiras a um ponto de não retorno. A confiança, às vezes, dura mais do que merecia. A maioria da nossa riqueza depende hoje da dívida.

A riqueza de que usufruímos e que parecia não ter fim, permitiu que a preocupação com o princípio de uma sociedade livre fosse negligenciada. Enquanto a maioria das pessoas acreditou que a abundância material duraria para sempre, a preocupação de proteger uma economia competitiva e produtiva e a liberdade individual parecia desnecessária.

A Idade da Redistribuição

Esta negligência marcou o início de uma era de redistribuição da riqueza pelo estado prostrado a qualquer um e a todos os interesses especiais, excepto para aqueles que apenas queriam ser deixados em paz. É por isso que hoje o dinheiro  na política ultrapassa de longe o dinheiro actualmente canalizado para a investigação e desenvolvimento para os esforços empresariais produtivos.

Os benefícios materiais tornaram-se mais importantes que a compreensão e a promoção dos princípios de liberdade e do mercado livre. É bom que a abundância material seja o resultado da liberdade mas se o materialismo é tudo aquilo com que nós nos preocupamos, os problemas estão garantidos.

A crise chegou porque a ilusão de que a riqueza e a prosperidade durariam para sempre acabou. Uma vez que estavam sustentadas em dívida e sob o pretexto de que a dívida pode ser encoberta por um sistema monetário fiduciário fora de controle, elas estavam condenadas ao fracasso. Nós acabamos num sistema que não produz sequer o suficiente para pagar o serviço da dívida e sem a compreensão fundamental do porquê de uma sociedade livre ser crucial para reverter estas tendências.

Se isto não for reconhecido, a recuperação irá durar por muito tempo. Um Governo maior, mais despesa, mais dívida, mais pobreza para a classe média, e uma luta mais intensa pelos interesses especiais da elite irão continuar.

Precisamos de um despertar intelectual

Sem um despertar intelectual, o ponto de viragem será produto da leis económicas. Uma crise do dólar irá pôr de joelhos o actual sistema que está fora de controle.

Se não se aceitar que foi o estado gordo ["big government"], a moeda fiduciária, o ignorar da liberdade, o planeamento económico central, o assistencialismo e a promoção de guerras que causaram a nossa crise, podemos esperar por uma marcha contínua e perigosa para o corporatismo e até mesmo para o fascismo com ainda maior perda das nossas liberdades. A prosperidade para uma vasta classe média tornar-se-á então num sonho abstracto.

Este movimento contínuo não é diferente da que vimos na forma como se lidou com a nossa crise financeira de 2008. Primeiro, o Congresso decretou, com apoio bipartidário, resgates para os ricos. Depois foi a Reserva Federal com o seu infinito "alívio quantitativo" [QE - Quantitative Easing]. Se num primeiro momento não tiver êxito é tentar novamente; QE1, QE2 e QE3 e, sem nenhum resultado, tentamos o QE indefinidamente - isto é, até que também ele falhe. Há um custo para tudo isso e deixem-me assegurar-vos que atrasar o pagamento já não é uma opção. As leis de mercado irão extrair o seu pedaço de carne e não irá ser bonito.

A actual crise suscita muito pessimismo. E o pessimismo contribui para uma menor confiança no futuro. Um e outra auto-alimentam-se, fazendo piorar a nossa situação.

Se a causa subjacente da crise não for compreendida não podemos resolver os nossos problemas. As questões do estado de guerra, do estado social, dos défices, do inflacionismo, do corporativismo, dos resgates e do autoritarismo não podem ser ignorados. Se nos limitarmos a expandir essas políticas, não podemos esperar por bons resultados.

Todos reivindicam o apoio à liberdade. Mas, demasiadas vezes, é à sua própria liberdade que se referem e não à dos outros. Demasiadas pessoas acreditam que deve haver limites para a liberdade. Elas argumentam que a liberdade deve ser dirigida e gerida para alcançar a justiça e a igualdade, assim tornando aceitável reduzir, por meio da força, certas liberdades.

Alguns decidem quais as liberdades, e de quem, que devem ser limitadas. Esses são os políticos, cujo objectivo na vida é o poder. O seu sucesso depende de conseguirem ganhar o apoio dos interesses especiais.

Não a mais "ismos"

A grande notícia é que a resposta não irá ser encontrada em mais "ismos". As respostas serão encontradas através de mais liberdade o que custa significativamente menos. Sob estas circunstâncias, a despesa descerá, a produção de riqueza aumentará e a qualidade de vida irá melhorar.

Só esse reconhecimento, especialmente se nos movermos nessa direcção, aumenta o optimismo o que só por si é benéfico. É necessária a adopção de políticas judiciosas as quais têm que ser compreendidas e apoiadas pelas pessoas.

Mas há bons sinais de que a geração que está agora a chegar à maioridade apoia o avanço em direcção a mais liberdade e à autoconfiança. Quanto mais essa mudança de direcção e as soluções se tornarem conhecidas, mais rápido será o retorno do optimismo.

O nosso trabalho, para aqueles de nós que acreditam num sistema diferente do que tivemos nos últimos 100 anos e nos conduziu a esta crise insustentável, consiste em ser mais convincentes na mensagem de que existe um sistema maravilhoso, simples e moral que proporciona as respostas. Tomámos-lhe o gosto no início da nossa história. Não necessitamos de desistir da ideia de fazer avançar esta causa.

Funcionou, mas permitimos que os nossos líderes se concentrassem na abundância material que a liberdade gera, enquanto ignoravam a própria liberdade. Agora não temos nem uma coisa nem outra, mas a porta está aberta, por força da necessidade, para uma resposta. A resposta disponível baseia-se na Constituição, na liberdade individual e na proibição do uso da força pelo governo para conceder privilégios e benefícios a todos os interesses especiais.

Após 100 anos deparamo-nos com uma sociedade bastante diferente da que foi desejada pelos Fundadores. Em muitos aspectos, os seus esforços para proteger as gerações futuras desse perigo, através da Constituição, falhou. Os cépticos, na altura em que a Constituição foi redigida, em 1787, advertiram-nos do desfecho possível a que hoje assistimos. A natureza insidiosa da erosão das nossas liberdades e a segurança que a nossa grande abundância nos deu, permitiu que o processo evoluísse para o período perigoso em que agora vivemos.

Dependência da generosidade estatal

Enfrentamos hoje uma dependência da generosidade governamental para praticamente cada uma das nossas necessidades. As nossas liberdades são restringidas e o governo opera fora do primado do direito, protegendo e recompensando aqueles que compram ou coagem o governo a satisfazer as suas exigências. Aqui estão alguns exemplos:
  • As guerras não declaradas são comuns.
  • O bem-estar para os ricos e pobres é considerada um direito.
  • A economia é excessivamente regulamentada, sobretaxada e grosseiramente distorcida por um sistema monetário profundamente errado.
  • A dívida está a crescer exponencialmente.
  • A legislação sobre o Patriot Act e a FISA, que foi aprovada sem muito debate, resultou numa firme erosão dos nossos direitos previstos na 4ª Emenda.
  • Tragicamente o nosso governo envolve-se na guerra preventiva, outra designação para agressão, sem grandes queixas por parte do povo americano.
  • A guerra dos drones que estamos levando a cabo em todo o mundo está destinada a terminar mal para nós à medida que o ódio se alimenta das vidas inocentes perdidas e das leis internacionais propagandeadas. Uma vez que estejamos financeiramente enfraquecidos e militarmente desafiados, haverá muito ressentimento lançado no nosso caminho.
  • É agora legal que os  militares possam prender cidadãos americanos, detendo-os indefinidamente, sem que sejam acusados ou julgados.
  • Uma hostilidade desenfreada para com o comércio livre é apoiada por muitos em Washington.
  • Os defensores de sanções, da manipulação da moeda e das retaliações comerciais na OMC [Organização Mundial do Comércio], designam os verdadeiros defensores do comércio  livre de "isolacionistas".
  • As sanções são usadas para punir os países que não seguem as nossas ordens.
  • Os resgates e garantias para todos os tipos de mau comportamento são rotineiros.
  • O planeamento económico central através da política monetária, da regulação e dos mandatos legislativos tem sido uma política aceitável.
Perguntas

Os excessos governativos criaram um tal caos que suscita muitas perguntas:
  • Por que razão as pessoas doentes que usam marijuana medicinal são presas?
  • Por que razão o governo federal restringe o consumo de leite cru?
  • Por que razão não podem os fabricantes norte-americanos de cordas e de outros produtos utilizar cânhamo no seu fabrico?
  • Por que razão não é permitido aos americanos o uso de ouro e prata como moeda legal como estipula a Constituição?
  • Por que razão está a Alemanha suficientemente preocupada para considerar repatriar o seu ouro detido pelo FED em Nova York? Será que a confiança nos EUA e na supremacia do dólar está a começar a desvanecer-se?
  • Por que razão os nossos líderes políticos acreditam que é completamente desnecessário auditar rigorosamente o nosso próprio ouro?
  • Por que razão não podem os americanos decidir que tipo de lâmpadas que podem comprar?
  • Porque razão se permite à TSA abusar dos direitos de qualquer americano que viaje de avião?
  • Por que razão deve haver sentenças obrigatórias - até mesmo sentenças perpétuas para crimes sem vítimas - como as nossas leis sobre as drogas exigem?
  • Por que razão permitimos que o governo federal regule as sanitas em nossas casas?
  • Por que razão é um suicídio político para qualquer um criticar o AIPAC [link]?
  • Por que não desistimos da guerra às drogas uma vez que ela é obviamente um fracasso e viola os direitos das pessoas? Não terá ninguém reparado que as autoridades não conseguem sequer manter as drogas fora das prisões? De que modo transformar toda a nossa sociedade uma prisão poderá resolver o problema?
  • Por que razão sacrificamos tanto quando nos envolvemos desnecessariamente em disputas de fronteiras e conflitos civis em todo o mundo e ignoramos a causa raiz da fronteira mais mortal no mundo, aquela entre o México e os EUA?
  • Por que razão o Congresso voluntariamente desiste das suas prerrogativas em favor do poder Executivo?
  • Por que razão a mudança de partido no poder nunca altera a política? Será que os pontos de vista de ambos os partidos são essencialmente os mesmos?
  • Por que será que os grandes bancos, as grandes corporações, e os bancos estrangeiros e os bancos centrais estrangeiros foram resgatados em 2008 e a classe média perdeu os seus empregos e as suas casas?
  • Por que razão tantos no governo e as autoridades federais acreditam que a criação de dinheiro a partir do nada cria riqueza?
  • Por que razão tantos aceitam o princípio profundamente errado que os burocratas do governo e os políticos podem proteger-nos de nós mesmos sem destruir totalmente o princípio da liberdade?
  • Por que razão as pessoas não conseguem compreender que a guerra destrói sempre riqueza e liberdade?
  • Por que razão há tão pouca preocupação quanto à Ordem Executiva que dá ao presidente a autoridade para estabelecer uma "lista de morte", onde se incluem cidadãos americanos, daqueles que são alvos para assassinato?
  • Por que razão será que o patriotismo é tido por ser uma lealdade cega ao governo e aos políticos que o dirigem, em vez da lealdade para com os princípios da liberdade e apoio às pessoas? O verdadeiro patriotismo é a disponibilidade para desafiar o Governo quando ele está errado.
  • Por que razão se alega que se as pessoas não quiserem ou não conseguirem cuidar das suas próprias necessidades, que as pessoas no governo poderão fazê-lo por elas?
  • Por que razão nós sempre damos ao governo um porto seguro para iniciar violência contra as pessoas?
  • Por que razão alguns membros defendem o mercado livre, mas não as liberdades civis?
  • Por que razão alguns membros defendem as liberdades civis, mas não os mercados livres? Não serão eles a mesma coisa?
  • Por que razão não há mais gente a defender tanto a liberdade económica como a liberdade individual?
  • Por que razão não há mais indivíduos a procurarem influenciar intelectualmente outros para introduzir mudanças positivas que aqueles que buscam o poder para forçar os outros a obedecer às suas ordens?
  • Existe alguma explicação para toda a decepção, a infelicidade, o medo do futuro, a perda de confiança nos nossos líderes, a desconfiança, a raiva e a frustração? Sim, existe, e há uma forma de reverter estas atitudes. As percepções negativas são lógicas e são uma consequência das más políticas que nos trazem problemas. A identificação dos problemas e o reconhecimento das suas causas permitem que as alterações adequadas surjam facilmente.
Demasiadas pessoas têm depositado durante demasiado tempo excessiva confiança no Estado e não a suficiente em si mesmas. Confiem em vós mesmos, não no governo. Felizmente, muitos estão agora a tomar consciência da gravidade dos erros grosseiros das últimas décadas. A culpa é partilhada por ambos os partidos políticos. Muitos americanos estão exigindo agora ouvir a verdade simples das coisas e querem que a demagogia pare. Sem este primeiro passo, as soluções são impossíveis.

A procura da verdade e a descoberta das respostas na liberdade e na autoconfiança promove o optimismo necessário à restauração da prosperidade. A tarefa não será tão difícil se a política não atrapalhar.

Permitimo-nos a nós próprios chegar a uma situação caótica por várias razões.

Os políticos enganam-se a si mesmos quanto à forma como a riqueza é produzida. É depositada uma confiança excessiva no julgamento dos políticos e burocratas. Isto substitui a confiança numa sociedade livre. Demasiadas pessoas que desempenham altos cargos de autoridade convenceram-se de que só elas, munidas do poder do governo arbitrário, podem trazer justiça, enquanto facilitam a produção de riqueza. Isto sempre se revela ser um sonho utópico, destruidor da riqueza e da liberdade. Empobrece as pessoas e recompensa os interesses particulares dos que acabam por controlar ambos os partidos políticos.

Não é surpresa, então, que muito do que se passa em Washington seja motivado pelo partidarismo agressivo e pela busca do poder, com diferenças filosóficas de menor importância.

A ignorância económica

A ignorância económica é geral. O keynesianismo continua a prosperar, embora esteja hoje enfrentando saudáveis e entusiastas refutações. Os crentes no keynesianismo militar e no keynesianismo nacional continuam desesperadamente a promover as suas políticas fracassadas, enquanto a economia definha num sono profundo.

Os apoiantes de todos as decisões governamentais utilizam argumentos humanitários para os justificar.

Os argumentos humanitários são sempre utilizados para justificar as intervenções governamentais relacionadas com a economia, a política monetária, a política externa e a liberdade pessoal. Isto  com o propósito de tornar mais difícil a sua contestação. Mas a iniciação de violência por razões humanitárias permanece sendo violência. As boas intenções não são desculpa e são tão prejudiciais como quando as pessoas usam a força com más intenções. Os resultados são sempre negativos.

O uso imoral da força é a fonte dos problemas políticos do homem. Infelizmente, muitos grupos religiosos, organizações seculares e psicopatas autoritários apoiam a iniciação da força pelo governo para mudar o mundo. Mesmo quando os objectivos desejados são bem-intencionados - ou especialmente quando bem-intencionados - os resultados são sombrios. Os bons resultados perseguidos nunca se materializam. Os novos problemas criados exigem ainda mais força governamental como solução. O resultado líquido é a institucionalização da violência iniciada pelo governo justificando-a moralmente por razões humanitárias.

Esta é a a mesma razão fundamental que o nosso governo invoca para recorrer à força para invadir outros países ao seu livre arbítrio, para promover o planeamento económico central no plano doméstico e a regulação da liberdade pessoal e dos hábitos dos cidadãos.

É bastante estranho que, a menos que a pessoa tenha uma mente criminosa e nenhum respeito para com as outras pessoas e os seus bens, ninguém clame que seja permissível entrar na casa do vizinho, dizer-lhe como se deve comportar, o que pode comer, fumar e beber ou como deverá gastar o seu dinheiro.

E todavia, raramente se pergunta por que razão é moralmente aceitável que um estranho com um distintivo e uma arma possa fazer a mesma coisa em nome da lei e da ordem. Qualquer resistência que ocorra defrontar-se-á com a força bruta, as multas, os impostos, as detenções e até mesmo a prisão. Isto acontece, com maior frequência a cada dia que passa, sem um adequado mandado de busca.

Não ao monopólio do governo da iniciação da violência

A restrição do comportamento agressivo é uma coisa, mas a legalização de um monopólio estatal para iniciar a agressão só poderá conduzir à exaustão da liberdade associada ao caos, à ira e ao colapso da sociedade civil. Permitir uma tal autoridade esperando um comportamento angelical dos burocratas e políticos é um sonho irreal. Temos agora um exército de burocratas armados na TSA, na CIA, no FBI, no Fish and Wildlife, na FEMA, no IRS, no Corp of Engineers, etc., de mais de 100.000 elementos. Os cidadãos são culpados até que provem ser inocentes em tribunais administrativos inconstitucionais.

O Estado numa sociedade livre não deve ter autoridade para interferir nas actividades sociais ou nas transacções económicas dos indivíduos. Nem deve o governo intrometer-se nos assuntos de outras nações. Todas as coisas pacíficas, mesmo que polémicas, devem ser permitidas.

Devemos rejeitar a noção de restrição preventiva na actividade económica tal como o fazemos na área da liberdade de expressão e da liberdade religiosa. Mas mesmo nestas áreas o governo está começando a usar a abordagem insidiosa do politicamente correcto para regular o discurso  - uma tendência perigosa. Desde o 11 de Setembro que a monitorização do discurso na internet é hoje um problema uma vez que os mandados judiciais já não são necessários.

A proliferação de crimes federais

A Constituição estabeleceu quatro crimes federais. Hoje, os especialistas não conseguem sequer concordar sobre quantos crimes federais estão codificados - o seu número anda na casa dos milhares. Ninguém consegue compreender a enormidade do sistema jurídico - especialmente o código fiscal. Devido à desavisada guerra às drogas e à interminável expansão federal do código penal, temos mais de 6 milhões de pessoas em regime de suspensão correccional, mais do que os soviéticos alguma vez tiveram, e mais do que qualquer outra nação nos dias de hoje, incluindo a China. Eu não compreendo a complacência do Congresso e a sua obsessão para continuar a aprovar mais leis federais. As disposições legislativas de condenação obrigatória associadas às leis das drogas têm agravado os problemas nas nossas prisões.

O registo federal tem agora 75 mil páginas e o código fiscal tem 72 mil páginas, e aumentam a cada ano que passa. Quando será que as pessoas começam a gritar, "basta!", e exijam do Congresso que cesse e desista?

Alcançando a liberdade

A liberdade só pode ser alcançada quando for negado ao governo o uso agressivo da força. Se se procura a liberdade, um preciso tipo de governo é necessário. Para o alcançar, exige-se mais do que palavras .

Duas opções estão disponíveis.
  1. Um governo concebido para proteger a liberdade - um direito natural - como o seu único objectivo. Das pessoas espera-se que cuidem de si próprias e que rejeitem o uso de qualquer força para interferir na liberdade de outra pessoa. Ao estado é conferida uma autoridade estritamente limitada a fazer cumprir os contratos, o direito de propriedade, a resolução de litígios e a defesa contra a agressão estrangeira.

  2. Um governo que finge proteger a liberdade mas ao qual é concedido o poder para usar a força de forma arbitrária sobre as pessoas e as nações estrangeiras. Embora a concessão de poder seja muitas vezes desenhada para ser pequena e limitada, ela inevitavelmente se metastatiza num cancro político omnipotente. Este é o problema do qual o mundo tem sofrido ao longo dos tempos. Embora concebido para ser limitado ele é, não obstante, um sacrifício a 100% de um princípio que os tiranos em potência acham irresistível. É usado vigorosamente - embora de forma gradual e insidiosa. A concessão de poderes aos agentes governamentais sempre prova o adágio de que: "o poder corrompe".
Logo que o governo receba uma concessão limitada para fazer uso da força para moldar os hábitos das pessoas e planear a economia, tal provoca um movimento contínuo em direcção ao governo tirânico. Só um espírito revolucionário pode reverter o processo e negar ao governo esta utilização arbitrária de agressão. Não há meio-termo. Sacrificar um pouco de liberdade por conta de uma segurança imaginária sempre termina mal.

A bagunça de hoje resulta dos americanos aceitarem a opção n º 2, muito embora os Fundadores nos tenham tentado dar a opção n º 1.

Os resultados não são bons. À medida que as  nossas liberdades vêm sendo erodidas, a nossa riqueza tem vindo a ser consumida. A riqueza que vemos hoje baseia-se na dívida e numa disposição insensata por parte dos estrangeiros para receber os nossos dólares em troca de bens e serviços. Eles, depois, emprestam-nos de volta para perpetuar o nosso sistema de dívida. É espantoso que ele tenha funcionado durante tanto tempo mas o impasse em Washington na resolução dos nossos problemas indica que muitos estão começando a entender a gravidade da crise da dívida mundial e os perigos que enfrentamos. Quanto mais tempo este processo continuar mais duro será o resultado final.

A crise financeira é uma crise moral

Muitos estão agora reconhecendo que uma crise financeira se avizinha mas poucos compreendem que é, na realidade, uma crise moral. É a crise moral que permitiu que as nossas liberdades fossem minadas e que permite o crescimento exponencial ilegal do poder do estado. Sem uma compreensão clara da natureza da crise será difícil impedir uma marcha constante em direcção à tirania e à pobreza que a acompanhará.

Em última análise, as pessoas têm de decidir que forma de governo pretendem; a opção n º 1 ou a opção nº 2. Não há outra escolha. Alegar que há uma escolha de um "pouco" de tirania é como descrever a gravidez como um "toque de gravidez." É um mito acreditar que uma mistura de mercado livre e de planeamento económico central seja um compromisso digno. O que vemos hoje é o resultado desse tipo de pensamento. E os resultados falam por si.

Uma cultura de violência

A América sofre agora de uma cultura de violência. É fácil rejeitar a iniciação de violência contra o vizinho de cada um, mas é irónico que as pessoas arbitraria e livremente unjam as autoridades governamentais do poder de monopólio para iniciar a violência contra o povo americano, praticamente sem restrições.

Porque é o governo que inicia a força, a maioria das pessoas aceitam-na como legítima. Aqueles que exercem a força não têm nenhum sentimento de culpa. Demasiadas pessoas acreditam que os governos estão moralmente justificados em iniciar o uso da força, supostamente para "fazer o bem". Acreditam, erroneamente, que esta autoridade provém do "consentimento do povo". A minoria ou as vítimas da violência do governo nunca consentiram em sofrer os abusos do governo, mesmo quando ditados pela maioria. As vítimas dos excessos da TSA nunca consentiram nesse abuso.

Do mesmo modo, esta atitude tem-nos dado uma política de iniciação da guerra para "fazer o bem". Alega-se que a guerra, para prevenir a guerra para fins nobres, é justificada. Isto é similar ao que em tempos nos disseram: que "a destruição de uma aldeia para salvar uma aldeia" era justificada. Foi referido por um Secretário de Estado dos EUA que a perda de 500 mil iraquianos, na maioria crianças, na década de 1990, como resultado das bombas americanas e das sanções, "valeu a pena" para conseguir o "bem" que trouxemos ao povo iraquiano. E olhem para o caos que é hoje o Iraque.

A utilização da força pelo governo para moldar o comportamento social e económico no país e no estrangeiro tem justificado que indivíduos usem a força nos seus próprios termos. O facto de que a violência por parte do governo ser vista como moralmente justificada, é a razão pela qual a violência irá aumentar quando a grande crise financeira nos atingir e se tornar também uma crise política.

Primeiro, reconhecemos que os indivíduos não devem iniciar a violência; de seguida, damos essa autoridade ao estado. Eventualmente, o uso imoral da violência governamental, quando as coisas correm mal, será usado para justificar um "direito" do indivíduo a fazer a mesma coisa. Nem o governo nem os indivíduos têm o direito moral de iniciar a violência contra outro e no entanto estamos a caminhar para o dia em que ambos irão reivindicar essa autoridade. Se este ciclo não for revertido a sociedade será destruída.

Quando as necessidades são prementes, as condições deterioram-se e os direitos tornam-se relativos face às exigências e caprichos da maioria. Não constitui, então, um grande passo para os indivíduos tomarem para si a utilização da violência para conseguir o que alegam ser seu. À medida que a economia se deteriora e as discrepâncias de riqueza aumentam - como já está ocorrendo - a violência aumenta quando os necessitados tomarem pelas suas próprias mãos o que acreditam ser seu. Eles não irão esperar por um programa de salvação do governo.

Quando os funcionários governamentais exercem o poder sobre outros para socorrer os interesses especiais, mesmo que com resultados desastrosos para o cidadão médio, eles não sentem culpa pelo mal que provocam. Aqueles que nos conduzem a guerras não declaradas resultando em muitas baixas, nunca perdem o sono com a morte e a destruição causadas pelas suas más decisões. Eles estão convencidos de que o que fazem é moralmente justificado, e o facto de muitos sofrerem ser algo que não é possível evitar.

Quando os criminosos da rua fazem a mesma coisa, eles também não têm nenhum remorso, acreditando que estão apenas tirando o que é deles por direito. Todos os padrões morais se tornam relativos. Quer se trate de resgates financeiros, de privilégios, de subsídios governamentais ou de benefícios para alguns pela inflação da moeda, é tudo parte de um processo justificado por uma filosofia de redistribuição forçada da riqueza. A violência, ou a sua ameaça, é o instrumento necessário e, infelizmente, é alvo de pouca preocupação por parte da maioria dos membros do Congresso.

Alguns argumentam que se trata apenas de uma questão de "justiça" que se acorra àqueles que precisam. Há dois problemas com isso. Primeiro, o princípio é utilizado para proporcionar uma maior quantidade de benefícios para os ricos do que para os pobres. Segundo, ninguém parece preocupar-se se é ou não é justo para aqueles que acabam pagando os benefícios. Os custos são normalmente colocados sobre as costas da classe média e são escondidos dos olhos do público. Demasiadas pessoas acreditam que as ajudas governamentais são gratuitas, como a impressão de dinheiro a partir do nada, e que não há nenhum custo associado. Esta decepção está a chegar ao fim. As facturas estão vencendo e é isso que a desaceleração económica significa.

Infelizmente, acostumámo-nos a conviver com o uso ilegítimo da força por parte do estado. É o instrumento para dizer às pessoas como viver, o que comer e beber, o que ler e como devem gastar o seu dinheiro.

Para desenvolver uma sociedade verdadeiramente livre, a questão da iniciação da força deve ser compreendida e rejeitada. Conceder ao estado mesmo que uma pequena quantidade de força é uma concessão perigosa.

Limitando os excessos do governo vs um povo virtuoso e moral

A nossa Constituição, que se destinava a limitar o poder e o abuso do governo, falhou. Os Fundadores advertiram que uma sociedade livre depende de um povo virtuoso e moral. A actual crise reflecte que as suas preocupações eram justificadas

A maioria dos políticos e analistas está consciente dos problemas que enfrentamos mas gasta todo o seu tempo na tentativa de reformar o estado. A parte triste é que as reformas sugeridas quase sempre levam a menos liberdade e a importância de um povo virtuoso e moral é ignorada, ou não compreendida. As novas reformas servem apenas para comprometer ainda mais a liberdade. Este efeito composto tem-nos dado esta constante erosão da liberdade e a maciça expansão da dívida. A verdadeira questão é: se é a liberdade que procuramos, deve a maior parte da ênfase ser colocada na reforma do estado ou em tentar compreender o que significa "um povo virtuoso e moral" e como o promover? A Constituição não impediu as pessoas de pedir subsídios para ricos e pobres nos seus esforços para reformar o estado, enquanto se ignoram os princípios de uma sociedade livre. Todos os ramos do nosso estado estão hoje controlados por indivíduos que usam o seu poder para enfraquecer a liberdade e reforçar o estado de bem-estar e a promoção da guerra - e, frequentemente, a sua própria riqueza e poder.

Se as pessoas estão descontentes com o desempenho do governo é preciso reconhecer que o governo é apenas um reflexo de uma sociedade imoral que rejeitou um governo moral fundado nas limitações constitucionais do poder e no amor pela liberdade.

Se é este o problema todos os remendos de milhares de páginas de novas leis e regulamentos nada farão para resolver o problema.

É óbvio que as nossas liberdades foram severamente limitadas e que a aparente prosperidade que ainda temos, nada mais é do que a riqueza que resta de uma época anterior. Esta riqueza fictícia baseada em dívida e benefícios provenientes de uma falsa confiança na nossa moeda e no crédito, virá provocar o caos na nossa sociedade quando as facturas vencerem. Isto significa que a plena consequência das nossas liberdades perdidas ainda está por se fazer sentir.

Mas essa ilusão está agora a terminar. Inverter uma espiral descendente depende de se aceitar uma nova abordagem.

É de esperar que a rápida expansão do movimento homeschooling venha a desempenhar um papel significativo nas reformas revolucionárias necessárias à construção de uma sociedade livre com protecções constitucionais. Não podemos esperar de um sistema escolar controlado pelo governo federal que forneça as munições intelectuais para combater o perigoso crescimento do estado que ameaça as nossas liberdades.

A internet irá proporcionar a alternativa ao complexo Governo / media que controla as notícias e a maioria da propaganda política. É por isso que é essencial que a internet permaneça livre de regulação governamental.

Muitas das nossas instituições religiosas e organizações seculares apoiam uma maior dependência do estado apoiando a guerra, o bem-estar e o corporatismo e ignorando a necessidade de um povo virtuoso.

Eu nunca acreditei que o mundo ou o nosso país pudesse tornar-se mais livre pela mão dos políticos, se as pessoas não tivessem o desejo de liberdade.

Nas actuais circunstâncias o máximo que podemos esperar alcançar no processo político é usá-lo como um pódio para alcançar as pessoas e alertá-las sobre a natureza da crise e da importância da sua necessidade em assumir a responsabilidade por si próprias, se é de liberdade que elas realmente procuram. Sem isso, uma sociedade livre protegida constitucionalmente é impossível.

Se isto é verdade, o nosso objectivo individual na vida deveria ser a procura da virtude e da excelência e reconhecer que a auto-estima e a felicidade só advém  da capacidade natural de cada um, da maneira mais produtiva possível, de acordo com os seus próprios talentos.

A produtividade e a criatividade são a verdadeira fonte de satisfação pessoal. A liberdade, e não a dependência, proporciona o ambiente necessário para alcançar esses objectivos. O governo não pode fazer isso por nós, ele apenas se intromete no caminho. Quando o governo se envolve, o objectivo transforma-se num resgate ou num subsídio e estes não podem proporcionar uma sensação de realização pessoal.

Alcançar o poder legislativo e a influência política não deve ser o nosso objectivo. A maioria das mudanças, se vierem a ocorrer, não virá dos políticos, mas antes dos indivíduos, da família, dos amigos, dos líderes intelectuais e das nossas instituições religiosas. A solução só pode vir da rejeição do uso da coerção, da coacção, das ordens do governo e da força agressiva, para moldar o comportamento social e económico. Sem aceitar estas restrições, inevitavelmente, o consenso será o de permitir ao governo que imponha a igualdade económica e a obediência aos políticos que assim ganham poder e promovem um ambiente que sufoca as liberdades de todos. É então que os indivíduos responsáveis, ​​que buscam a excelência e a auto-estima por serem autónomos e produtivos, se tornam as verdadeiras vítimas.

Conclusão

Quais são os maiores perigos que o povo americano enfrenta hoje e que impedem o objectivo de uma sociedade livre? São cinco.

1. O ataque contínuo às nossas liberdades civis, que ameaça o primado do direito e a nossa capacidade de resistir à investida da tirania.

2. O violento anti-americanismo que submergiu o mundo. Porque o fenómeno de "blow-back" não é compreendido nem negado, a nossa política externa está destinada a manter-nos envolvidos em muitas guerras que não são de nossa conta. O resultado será a bancarrota nacional e uma maior ameaça à nossa segurança nacional.

3. A facilidade com que entramos em guerra, sem uma declaração do Congresso, mas aceitando a autoridade internacional da ONU ou da NATO mesmo para as guerras preventivas, também conhecidas como de agressão.

4. Uma crise financeira e política como consequência do endividamento excessivo, das responsabilidades [fnanceiras] não cobertas, da despesa pública, dos resgates, e de uma brutal discrepância na distribuição da riqueza da classe média para os ricos. O perigo do planeamento económico central, levado a cabo pela Reserva Federal, deve ser compreendido.

5. Um governo mundial substituindo-se à soberania local e à dos EUA, através do envolvimento nas questões de guerra, da assistência social, do comércio, da banca, de uma moeda mundial, dos impostos, do direito de propriedade e da propriedade privada de armas.
Felizmente existe uma resposta para essas tendências muito perigosas.

Que mundo maravilhoso seria se todos aceitassem a simples premissa moral que consiste em rejeitar todos os actos de agressão. A réplica a tal sugestão é sempre: é muito simplista, demasiado idealista, impraticável, ingénua e utópica, perigosa, e é irrealista lutar por esse ideal.

A resposta é que, durante milhares de anos, a aceitação da força do estado para governar o povo, com o sacrifício da liberdade, foi considerada moral e a única opção disponível para alcançar a paz e a prosperidade.

O que poderia ser mais utópico do que esse mito, considerando os resultados especialmente quando se olha para a matança patrocinada pelos estados, por praticamente todos os governos durante o século XX, estimada em centenas de milhões de pessoas? É hora de reconsiderar esta concessão de autoridade ao Estado.

Nenhum bem alguma vez adveio da concessão de um poder de monopólio ao Estado para usar a agressão contra as pessoas para arbitrariamente moldar o comportamento humano. Tal poder, se deixado sem controle, torna-se a semente de uma horrível tirania. Este método de governação tem sido devidamente testado, e os resultados estão à vista: a realidade impõe que tentemos a liberdade.

O idealismo da não-agressão e a rejeição de todo o uso ofensivo da força deve ser tentado. O idealismo de violência sancionada pelo Estado tem sido abusado ao longo da história e é a principal fonte da pobreza e da guerra. A teoria de uma sociedade baseada na liberdade individual é uma ideia conhecida há muito tempo. É hora de dar um passo ousado e permitir que realmente esta causa avance, em vez de dar um passo atrás como alguns gostariam que fizéssemos.

Hoje, o princípio do habeas corpus, estabelecido quando o Rei João assinou a Magna Carta, em 1215, está sob ataque. Há todas as razões para acreditar que, com um novo esforço através da utilização da internet, possamos ao invés promover a causa da liberdade difundindo uma mensagem não censurada que sirva para controlar a autoridade do governo e desafiar a obsessão com a guerra e o bem-estar.

Do que eu estou a falar é de um sistema de governo guiado pelos princípios morais da paz e da tolerância.

Os Fundadores estavam convencidos de que uma sociedade livre não pode existir sem um povo moral. Ficarmos pela redacção de regras escritas não funcionará se as pessoas optamrem por ignorá-las. Hoje, o primado do direito inscrito na Constituição tem pouco significado para a maioria dos norte-americanos, especialmente para aqueles que trabalham em Washington DC.

Benjamin Franklin afirmou que "apenas as pessoas virtuosas são capazes de ser livres". John Adams concordou: "A nossa Constituição foi feita para um povo moral e religioso. Ela é totalmente inadequada para o governo de qualquer outro."

Um povo moral deve rejeitar toda a violência num esforço para moldar as crenças ou hábitos das pessoas.

Uma sociedade que vaia ou ridiculariza a Regra de Ouro não é uma sociedade moral. Todas as grandes religiões endossam a Regra de Ouro. Os mesmos padrões morais que se exigem aos indivíduos devem ser aplicados a todos os agentes do governo. Eles não podem ficar isentos.

A derradeira solução não está nas mãos do governo.

A solução recai sobre todos e cada indivíduo, com orientação da família, dos amigos e da comunidade.

A primeira responsabilidade para cada um de nós é a de mudar nossa vida com a esperança de que outros seguirão o mesmo caminho. Isto tem maior importância do que trabalhar para mudar o governo; isso é secundário relativamente à promoção de uma sociedade virtuosa. Se conseguirmos isso, então o governo mudará.

Isso não significa que a acção política ou o exercício de cargos não tenha valor. Por vezes permitem influenciar as políticas na direcção certa. Mas o que é verdade é que quando se perseguem cargos visando o engrandecimento pessoal, dinheiro ou poder, tornam-se inúteis e mesmo prejudiciais. Quando a acção política é prosseguida pelas razões correctas, é fácil entender por que o compromisso deve ser evitado. Também fica claro por que razão o progresso é mais facilmente alcançado trabalhando em coligações que unam as pessoas sem que ninguém sacrifique os seus princípios.

A acção política, para ser verdadeiramente benéfica, deve ser dirigida para mudar os corações e as mentes das pessoas, reconhecendo que é a virtude e a moralidade das pessoas que permite que a liberdade floresça.

A Constituição ou mais leis, por si só, de nada valem se as atitudes das pessoas não forem alteradas.

Para alcançar a liberdade e a paz, duas poderosas emoções humanas têm de ser ultrapassadas​​. A número um é a "inveja" que leva ao ódio e à guerra de classes. A número dois é a "intolerância"  que conduz a políticas fanáticas e a juízos de valor. Estas emoções devem ser substituídas por uma muito melhor  compreensão do amor, da compaixão, da tolerância e da economia do mercado livre. A liberdade, quando compreendida, une as pessoas. Quando tentada, a liberdade é popular.

O problema que temos enfrentado ao longo dos anos tem sido o de os intervencionistas económicos serem seduzidos pela inveja, enquanto que os intervencionistas sociais são influenciados pela intolerância a hábitos e estilos de vida. O mal-entendido de que a tolerância é um apoio a certas actividades, motiva muitos a legislar padrões morais que apenas devem ser definidos pelos indivíduos no exercício das suas próprias escolhas. Ambos os lados usam a força para lidar com estas emoções deslocadas. Ambos são autoritários. Nenhum apoia o voluntarismo. Ambos os pontos de vista devem ser rejeitados.

Eu cheguei a  uma firme convicção depois de tantos anos tentando descobrir "a pura verdade das coisas". A melhor oportunidade para alcançar a paz e a prosperidade, para o número máximo de pessoas em todo o mundo, é perseguir a causa da LIBERDADE.

Se acharem que esta é uma mensagem que vale a pena, espalhem-na por todo o país.

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