quinta-feira, 28 de março de 2013

Dívida pública e a crueza da aritmética

O gráfico abaixo (construído a partir dos dados disponibilizados aqui) pretende  evidenciar, mais do que a atribuição de quotas-partes de responsabilidade pelo explodir da dívida pública, duas ideias simples: 1) Todos os governos deste período (Guterres II, Durão Barroso/Santana Lopes e Sócrates I e II) contribuíram negativamente para a sua evolução (ainda que em graus diferentes); 2) Que, a não acontecerem excedentes orçamentais significativos num futuro muito próximo e durante muitos anos, o necessário "ajustamento", quando chegar, será brutal. Infelizmente, tendo presente o quadro cultural estatista em que vivemos, tanto na oposição como no governo, como no Tribunal Constitucional e também na Presidência da República, não consigo descortinar qualquer outra saída. A aritmética pode ser de uma crueza atroz e este é certamente um desses casos. Vem aí o "Grande Incumprimento" anunciado por Gary North e a razão é esta: "Politicians cannot bring themselves to stop spending money the governments do not have".


7 comentários:

JS disse...

“There are two ways to conquer and enslave a nation. One is by the sword. The other is by debt.”
- John Adams

Dir-se-ia que este responsáveis políticos nacionais(?)aderiram à criação de um Império Europa -custe o que, e a quem, custar- como formula de contrapor, "salvar", os seus povos, Nações, dos Impérios Americanos e Asiáticos. Afinal apenas uma auto-justificação para egos inflamádos, ingénuas marionetas de um outro Deus menor...

Contra.facção disse...

Caro Eduardo
De 2000 a 2005 não foi o Cavaco? Qual foi a diferença?

Eduardo Freitas disse...

Caro Miguel,

Se bem tenho presente a história recente, Cavaco deixou de ser primeiro-ministro em 1995. O "pântano" de Guterres iniciou-se então e viria a prolongar-se até 6 de Abril de 2002, seguindo-se a "tanga" barrosista e a fugaz" recuperação" santanista que duraram até 12 de Março de 2005.

Como eu próprio refiro no texto, todos os governos, sem excepção, contribuíram para o descalabro. Não obstante, como me parece auto-explicativo, uma longa trajectória de aproximação progressiva ao precipício não aconselharia aumentar a velocidade (no mesmo sentido) da mesma. Porque, a partir de certa altura, mesmo que accionem os travões, a inércia da enorme massa fará o resto por si só. Não haverá ABS que nos valha.

Anónimo disse...

O Miguel Loureiro anda um bocado desfasado da realidade...
Agora, por acaso, o maior aumento foi de 2005 a 2011: 100M para 200M, 60% para 110% do PIB. Quem lá estava, quem era?

Contra.facção disse...

Caro Eduardo
Tem razão, era o Guterres, mas faltam os resultados de 85 a 95, que obrigou o Cavaco a "pedir" a exoneração.
Ao Anónimo, é melhor analisar melhor, porque tem razão... De 2011 para cá foi o desastre!

Eduardo Freitas disse...

Caro Miguel,

Aqui, não há volta a dar-lhe, por mais que se tentem torcer os números. Quem estava no final de um "turno" de serviço de seis anos e assinou o memorando inicial, todos sabemos quem foi. Mas esta é uma discussão que não me interessa particularmente pois volto a chamar-lhe a atenção para o teor do post - o efectivo e não outro. Interessa-me o próximo futuro e não nenhum ajuste de contas referente ao passado funalizável em "A" ou "B" (eu nem sequer vejo televisão de há largos meses a esta parte...). Interessa-me, em particular, contrariar a tese "de que a dívida não se paga, gere-se" ou de que "há mais vida para além do deficit", quando chegámos onde chegámos, com as perspectivas que (não) temos exactamente porque o status quo permanece.

Relativamente aos dados relativos aos anos anteriores a 1999, poderá consultá-los no mesmo sítio que indiquei (esses em escudos, claro).

Contra.facção disse...

Caro Eduardo, eu vejo muita TV e ouço muitos comentadores, de todos os quadrantes (muitos mais dos Partidos da coligação, coincidência) e costumo pensar com a minha cabeça e o que lá fui pondo dentro durante anos... Estou-me nas tintas para este revivalismo do passado, que objetivamente em nada melhorou, antes pelo contrário e não o digo por faciosismo, mas por estar a ser roubado, literalmente, para pagar fraudes bancárias sem ter cometido nenhum infração. E isto não tem nada a ver com ideologias, teorias económicas ou outro paradigma justiceiro que nos queiram impingir.
À parte isto, e quando se quer comparar, para responsabilizar, é preciso começar pelo princípio, que não começou em 2000, no nosso caso e veio tudo à tona em 2008, nos EUA, com toda a sujeira dos verdadeiros responsáveis, que até continuam a fazer o que faziam, impavidamente.
Na hora da desobriga, todos os pecadores devem ser penitenciados, todos!
Boa Páscoa.