sábado, 4 de dezembro de 2010

Camarate: foi há 30 anos


Rui Ramos escreve um artigo imperdível sobre Sá-Carneiro, o político.

Há trinta anos atrás, estava a preparar-me para sair de casa e ir assistir ao comício de encerramento da campanha de Ramalho Eanes na baixa lisboeta. Estava pois em oposição a Sá-Carneiro sabendo que a derrota do seu candidato, Soares Carneiro, significaria o seu abandono do lugar de primeiro-ministro para o qual eu próprio tinha contribuído votando nas listas da AD dois meses antes (5 de Outubro de 1980). Fui assim um dos que não foi capaz de resistir à chantagem emocional que o suposto perigo do "fascismo" que a pessoa do desconhecido Soares Carneiro supostamente representava. Tinha acabado de jantar e preparava-me para sair quando, pouco passaria das 20:30, se anuncia na televisão que o avião que transportava Sá-Carneiro, Snu Abecassis, Adelino Amaro da Costa e outros quatro ocupantes tinha caído e não havia sobreviventes.

Tinha morrido um homem ímpar. Capaz de conduzir às rupturas e arcar com as consequências. Capaz de afrontar o establishment quando assume publicamente  a sua relação com Snu Abecassis, mesmo em cerimónias oficiais para grande afronto de muita família socialista. Um homem sobre quem recaiu uma  abominável campanha que pretendeu pôr em causa a sua honorabilidade. É uma vergonha que não saibamos ainda o que aconteceu em Camarate.

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro EF,

Embora o texto não o refira, deixo um comentário sobre Comissões.

As comissões de inquérito custam dinheiro obtido do esfolanço aos contribuintes. Antes de ser criada a enésima comissão de inquérito, não seria de criar uma comissão de inquérito que apure quais os erros das outras comissões de inquérito? Até porque fica no ar a ideia de que enquanto não houver uma comissão, que conclua aquilo que «deve concluir», o processo continuará com mais, e mais, e mais, comissões de inquérito…

Isto é mais um triste exemplo de como os rapazes da política tratam o dinheiro que não lhes pertence… e ainda por cima em tempos de crise, onde é facílimo encontrar formas mais inteligentes de o aplicar.

José

Eduardo Freitas disse...

Caro José,

O que sugere também me parece fazer sentido.