quarta-feira, 28 de março de 2012

Saúde, medicina e estatísticas

Ainda jovem, quero querer que essencialmente de espírito, mas com alguma experiência de vida e mantendo uma boa memória, recordo-me bem dos temíveis malefícios que durante anos foram imputados à aspirina, em rigor, ao ácido acetilsalicílico. Por razões familiares recordo-me - ainda melhor - de como a dita aspirina passou, aos poucos, a ser considerada um importante fármaco na prevenção das doenças cardiovasculares!

Há já muitos anos que a ortodoxia em vigor etiquetou o sal como uma espécie de inimigo nº1 da saúde pública (talvez só a par do tabaco) o que tem motivado sucessivas campanhas públicas de escoriação de tal maléfico agente. Este anátema lançado pelas autoridades públicas manteve-se inatacável mesmo quando, como sucedeu em finais de Novembro último, foi publicado um estudo levado a cabo pelo respeitável "The Journal of Medical Association" segundo o qual (ler as conclusões do estudo aqui) a ocorrência de uma dieta muito pobre em sal estará associada a uma maior incidência das doenças cardiovasculares, exactamente o mesmo que ocorrerá naqueles cuja dieta inclui altos teores de sal! O estudo atrás referido aponta para que doses de sal entre os 4 e 6 gramas por dia estejam associadas a menores incidências de doenças cardiovasculares, bem acima das doses recomendadas pela ortodoxia dos tempos que correm - menos de 2,3 gramas por dia para uma pessoa saudável e menos de 1,5 gramas para os hipertensos.

Entretanto, foi notícia ainda ontem que a ingestão regular de chocolate estará associada a menores índices de massa corporal (= obesidade) assim o afirma um estudo publicado nos respeitáveis Archives of Internal Medicine.

Passando por cima de outras ortodoxias oscilantes como, por exemplo, as relativas à posição correcta que os bebés deverão assumir para dormir sem correrem o risco de se asfixiarem, não vejo razão para duvidar, ab initio, do advogado no vídeo (via LRC) que se segue. Pelo contrário. São bem conhecidas as propriedades da marijuana no tratamento da dor crónica sendo a sua prescrição médica inclusivamente legal em vários estados americanos. Enquanto todos os casos precedentes se baseiam não em ciência estabelecida, mas em meras correlações estatísticas, este testemunho advém da prática continuada de um ex-cirurgião do coração que advoga existirem vantagens da ingestão diária de um botão de marijuana face à alternativa da aspirina (pelo menos em ratinhos de laboratório). Ora vejam:

1 comentário:

João Neto disse...

Sobre as questões estatísticas existe hoje em dia um problema sério com falsos positivos, o que mina a reputação de várias áreas científicas.

Veja este blog que talvez lhe interesse:

http://wmbriggs.com/blog/?p=5412

O post que aponto fala precisamente sobre estas questões e refere um paper muito esclarecedor de certas metodologias destinadas a publicar a qualquer custo.

Cumprimentos,