quinta-feira, 22 de março de 2012

E foi assim que chegámos onde chegámos

Está tudo razoavelmente resumido no Jornal de Negócios, pela boca de Ana Paula Vitorino, ex-secretária de Estado dos Transportes, na sequência do chumbo do projecto do TGV Poceirão-Caia pelo Tribunal de Contas:
Interrogada se o projecto do TGV era sustentável do ponto de vista financeiro, Ana Paula Vitorino contrapôs que "há dinheiro" para o concretizar.

"A questão coloca-se ao contrário. Se nós não fizermos o projecto vamos perder 1200 milhões de euros num projecto que se sustenta a si próprio. Temos dinheiro porque temos fundos comunitários e porque temos garantido um empréstimo do Banco Europeu de Investimentos (BEI)", sustentou, antes de questionar "qual o custo para o país" na sequência da decisão de abandonar o TGV.

Na perspectiva de Ana Paula Vitorino, se o projecto do TGV não for feito, Portugal "perderá 1200 milhões euros de fundos comunitários, adia o seu desenvolvimento, não assegurando em particular o desenvolvimento do Porto de Sines por ausência de concretização da componente de mercadorias associada ao projecto".

"Se o projecto não for concretizado, não se cria emprego num momento em que o desemprego atinge gravemente os sectores da construção e dos serviços e, finalmente, o país transmite a ideia de que não tem modelo de desenvolvimento económico. Por este caminho, este Governo leva ao fecho da economia deste país", acrescentou.
Chegará alguma vez o dia em que o cidadão votante se preocupará com "o dia seguinte", com o que acontecerá no pós-investimento estatal, quando as despesas correntes superarem em muito as receitas, já não falando na incapacidade de reposição do capital entretanto depreciado? Tenho cada vez mais dúvidas que tal venha a suceder.

1 comentário:

Lura do Grilo disse...

Esta malta é como as vacas que eu tocava à volta do poço. Punha-se-lhe uma venda para não serem distraídas pela erva em redor: andavam em frente sem rumo.