sexta-feira, 23 de março de 2012

O eufemismo da bizarria

José Pacheco Pereira, pessoa que cito com regularidade mas que estou (muito) longe de ser um incondicional, tem uma falha importante na sua formação intelectual, de resto assumida por si próprio, que é bem relevante dada a sua larga e longa presença mediática: desconhece os fundamentos básicos do funcionamento de uma economia. Já o ouvi, por várias vezes, de alguma forma desculpando-se dessa sua laguna, realçar - bem - a cupidez oracular de muitos economistas (aqueles que têm três opiniões distintas por cada duas criaturas do género) para, no fundo, subscrever a tese de Thomas Carlyle que classificava a Economia como a dismal science .

Ontem, n'OInsurgente, Rodrigo Adão da Fonseca critica - bem - Pacheco Pereira pelo seu mais recente registo proto-marxista e (pelo menos aparente) afastamento de crítica ao socialismo que, anos a fio, levou a cabo, aqui e ali inclusive com afloramentos liberais. Também eu não gostei nada deste artigo apesar de pré-anunciado em escritos recentes.

Dito isto, creio que Pacheco Pereira (e Lobo Xavier ao concordar com ele) se enredam num eufemismo pouco saudável limitando-se a classificar de "bizarra" a escolha de um ex-regulador para secretário de Estado da mesma área reveladora quando essa escolha não é menos que um sinal de promiscuidade insuportável.

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