quinta-feira, 22 de março de 2012

Terrorismo verbal e a renovável propaganda

é o que ocorre para classificar as afirmações de Carlos Pimenta a propósito das energias "limpas". Reparem: "Temos assistido a uma ‘jihad’ em Portugal contra as renováveis, o que é uma loucura". Os culpados, claro, são os promotores do 'Manifesto' que, segundo Pimenta, pretendem, às escâncaras, introduzir o nuclear em Portugal (o que só é verdade para uma pequena minoria dos seus subscritores). Ora isto seria, na sua opinião, um atentado "económico" e à "segurança" do país. Ao invés, a promoção das renováveis teria produzido resultados brilhantes. Transcrevo:
"Hoje importamos 75% [da energia que consumimos]. Ganhámos 11% em 10 anos, o que foi conseguido sobretudo pelas renováveis. Se não tivéssemos ganho esses 11%, tínhamos agora uma conta de mais mil milhões de euros. Não há dinheiro para pagar isto"
Carlos Pimenta é de uma desonestidade intelectual inqualificável. Ao mesmo tempo que nada diz sobre o brutal défice tarifário (mais de 3 mil  milhões de euros em 2012) e o porquê do seu surgimento (em grande medida devido exactamente às renováveis) pretende fazer-nos crer que o país poupou mais de mil milhões de euros por ter seguido a via que seguiu. MENTIRA! Neste contexto, o país é uma mera abstracção. O que realmente importa são os consumidores e as empresas e, assim sendo, é ABSOLUTAMENTE FALSO que os consumidores e empresas tenham poupado o que quer que seja com a política energética seguida na última década. Pelo contrário: foram e continuam a ser fustigados com incessantes aumentos de preços motivados pela RUINOSA política energética seguida apenas possível pelo recurso a monumentais subsídios e rendas garantidas num exemplo gritante do mais puro crony capitalism. E tem esta criatura a lata de falar em "crime económico" referindo-se à actuação do governo actual nestes termos: "Há um desinvestimento total, o que foi feito não tem ponta por onde se lhe pegue. Está entre o zero e o negativo".

Pimenta, tal como Obama, também invoca a geo-estratégia para justificar a promoção da independência face a "zonas instáveis" no Médio Oriente e ao estreito de Ormuz. O que Pimenta, tal como Obama, se esquece (ou se faz esquecido) é que a dependência das terras raras (essenciais para a construção das turbinas eólicas e dos carros eléctricos) do maior produtor do mundo - a China - é de 97% do total das necessidades mundiais!!! Pimenta, presidente da  filial portuguesa da eléctrica francesa EDF-Energias Renováveis, continua igual a si próprio.

Sem comentários: