Sempre que os preços de algum bem de consumo corrente sobem significativamente e assim se mantêm durante um período alargado de tempo, a tese maioritária para explicar a alta do preço é, invariavelmente, atribuída aos vis especuladores (de ambos os sexos, bem entendido). Esta "narrativa" é alimentada, com um enlevo muito especial, pelos governantes em funções (nada como culpar um inimigo escondido na penumbra).
Se por um momento dermos um salto até à Venezuela, podemos constatar como Chávez abundantemente recorre à retórica exorcizante contra os especuladores. Primeiro, pela alta de preços tornada inevitável pelas rotativas do banco central; depois, após o governo ter decretado preços máximos para certos bens e serviços, pela escassez de bens daí decorrente. Bebendo nessas fontes inspiradoras que foram a escola soviética e nazi (e derivados diversos), os preços oficiais são muito baixos quando comparados com os do mercado (negro) com a consequente e inevitável escassez. Filas longuíssimas em lojas com para prateleiras escassamente povoadas e incongruências próprias do planeamento central nas "lojas do povo": muitas galinhas e manteiga mas uma escassez tremenda de café (sim, na Venezuela!) e uma impossibilidade de obter papel higiénico. A cáfila responsável está bem identificada: os especuladores! E os ditos que se cuidem: Chávez ameaça nacionalizar todos os que se oponham aos seus planos de vender os bens e serviços aos preços que o estado achar convenientes.
Sucede, porém, que os especuladores não apostam apenas nas subidas de preços. Por estranho que a alguns possa parecer, também há quem aposte em futuras baixas de preços. É o exemplo dos contratos de futuros do crude que o gráfico seguinte evidencia (via Carpe Diem):
Vejam só que há especuladores que apostam que, lá para Dezembro de 2016, os preços do crude disponível irão baixar para menos de 90 dólares o barril (o preço spot hoje rondou os 104 dólares). Que acontecerá a estes especuladores se tal não vier a suceder? Irão perder dinheiro, claro. Mas desses especuladores os governos não falam.
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Leitura complementar: I Love Oil Speculators, por Charles Goyette.
Se por um momento dermos um salto até à Venezuela, podemos constatar como Chávez abundantemente recorre à retórica exorcizante contra os especuladores. Primeiro, pela alta de preços tornada inevitável pelas rotativas do banco central; depois, após o governo ter decretado preços máximos para certos bens e serviços, pela escassez de bens daí decorrente. Bebendo nessas fontes inspiradoras que foram a escola soviética e nazi (e derivados diversos), os preços oficiais são muito baixos quando comparados com os do mercado (negro) com a consequente e inevitável escassez. Filas longuíssimas em lojas com para prateleiras escassamente povoadas e incongruências próprias do planeamento central nas "lojas do povo": muitas galinhas e manteiga mas uma escassez tremenda de café (sim, na Venezuela!) e uma impossibilidade de obter papel higiénico. A cáfila responsável está bem identificada: os especuladores! E os ditos que se cuidem: Chávez ameaça nacionalizar todos os que se oponham aos seus planos de vender os bens e serviços aos preços que o estado achar convenientes.
Sucede, porém, que os especuladores não apostam apenas nas subidas de preços. Por estranho que a alguns possa parecer, também há quem aposte em futuras baixas de preços. É o exemplo dos contratos de futuros do crude que o gráfico seguinte evidencia (via Carpe Diem):
Vejam só que há especuladores que apostam que, lá para Dezembro de 2016, os preços do crude disponível irão baixar para menos de 90 dólares o barril (o preço spot hoje rondou os 104 dólares). Que acontecerá a estes especuladores se tal não vier a suceder? Irão perder dinheiro, claro. Mas desses especuladores os governos não falam.
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Leitura complementar: I Love Oil Speculators, por Charles Goyette.
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