«Após impor a redução drástica na quantidade de freguesias e de municípios, o Governo recusou patrocinar o desleixo das autarquias que sobraram. Confrontado com as súplicas para que o Estado central patrocinasse dois mil milhões de euros das dívidas do poder local à banca, cerca de um sexto da dívida total, Pedro Passos Coelho parafraseou o que, com liberdade poética, um jornal disse que Gerald Ford disse à falida câmara de Nova Iorque em 1975: vão morrer longe.
Apesar da reacção furiosa da ANMP e de Miguel Relvas, que depois de demitido por razões familiares passou a assinar um comentário regular na TVI muito crítico para com os seus ex-colegas, a decisão não surpreendeu ninguém, vinda de um Executivo que privilegia a opção pelos cortes na despesa em lugar do saque aos contribuintes. Aqui e ali, sucedem-se as medidas de contenção, traduzidas na abolição de centenas de institutos públicos e similares, nas privatizações da RTP, da CP e da TAP, na partilha da Vespa de Pedro Mota Soares por parte de sete ministros e nos "cortes" no funcionalismo e nas nomeações.
Talvez o "corte" mais polémico, a extinção do Ministério da Economia vem permitindo a redução do défice sem perturbar a recuperação da actividade económica e da confiança dos consumidores. Desde que se viram entregues a si próprias, as pequenas, médias e grandes empresas sobreviventes depressa adquiriram uma inédita capacidade de se desenrascar no mercado interno e, frequentemente, no externo. Graças a estes progressos e a uma revisão a sério do código laboral, o desemprego continua a cair a pique. Álvaro Santos Pereira, que entretanto regressou ao Canadá, foi dos raros portugueses a emigrar no primeiro trimestre do ano.»
domingo, 1 de abril de 2012
Uma anti-distopia
No DN, Alberto Gonçalves assina hoje (1 de) Abril em Portugal. Um excerto (meu realce):
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