terça-feira, 23 de agosto de 2011

Boas intenções ou promoção do infantilismo?


Através do Progblog, dei-me conta da publicação do boletim Regresso às Aulas em Segurança da responsabilidade da Direcção Geral do Consumidor e de uma tal Comissão de Segurança de Serviços e Bens de Consumo cuja logística de funcionamento depende da primeira (o mesmo acontecendo a um tal de Conselho Nacional do Consumo de que consegui, com dificuldade, "descobrir" uma acta).

Da capa da dita brochura, consta ainda a o logo da APED (Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição) talvez que a título de patrocínio, não sei até por que a mesma associação aloja no seu site o dito boletim (como se deduz da leitura do respectivo endereço - http://www.aped.pt/Media/files/regresso%20as%20aulas.pdf).

Aqui chegados, é já fácil surgirem algumas ideias racionalizadoras, ou seja, relativas a possíveis fusões/extinções de organismos inúteis.

Mas olhemos agora para o conteúdo do boletim, transcrevendo algumas passagens:
Quando planear a sua lista de regresso às aulas a protecção da saúde e segurança dos seus filhos deverá estar no topo das suas prioridades.

O primeiro passo, antes de efectuar as compras, é fazer um levantamento do material necessário e do orçamento que tem disponível.

A mochila e respectivo conteúdo não deverão pesar mais de 10%, do peso corporal da criança.

Alguns artigos escolares podem oferecer risco às crianças, designadamente, por serem tóxicos. Prefira as borrachas, canetas e lápis mais tradicionais, sem aromas ou perfumes. Procure, preferencialmente, as tintas de base aquosa, sem solventes.

Nas réguas, esquadros e afins, deve verificar se a escala e os números são legíveis e se não têm arestas cortantes.

[A propósito de "consumo sustentável"] [e]xistem já algumas alternativas no mercado nacional, como cadernos e agendas com folhas recicladas, pastas e embalagens com materiais reciclados, lápis produzidos com madeiras certificadas de reflorestamentos e até canetas produzidas com materiais biodegradáveis.

Na escolha destes produtos [eléctricos] tenha particular atenção à sua rotulagem, às instruções de funcionamento e de manutenção, e procure equipamento que lhe garanta os melhores níveis de eficiência energética.

[E] para protecção dos seus filhos, evite a aquisição deste tipo de roupa [com cordões fixos ou deslizantes], dando preferência a roupa mais prática e cómoda que permita às crianças deslocarem-se e brincarem em segurança.
O prof. Ramiro Marques que me desculpe mas, à excepção da regra simples do peso da mochila relativamente ao peso da criança, tudo o resto apenas reflecte o prosseguimento das agendas politicamente correctas que justificam em primeiro lugar a existência das próprias Agências governamentais e respectivas burocracias: a sacrossanta segurança, a gestão do orçamento familiar, o consumo "sustentável", a "eficiência energética", a "certificação", etc. Tretas1.
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1Todo este parágrafo constitui um comentário que deixei na caixa de comentários do ProfBlog.

1 comentário:

john disse...

Caro Edurdo F.
Não deixo de lhe dar razão. Era escusado gastar tempo e dinheiro a produzir a brochura.