quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O dinheiro: você ganha-o, eles imprimem-no. Bem-vindo ao mundo da Corrupção

Um importante texto de JoNova que torna inútil um post em que eu próprio vinha pensando. Aqui o traduzo, com adaptações:
Senhoras e senhores: é óbvio (para quem sabe que não há almoços grátis) que de uma forma ou de outra este Festival de Funny Money iria terminar em lágrimas (…)

O governo pode imprimir dinheiro do nada [base monetária] podendo fixar taxas de juro artificialmente baixas de modo a incentivar os bancos privados a criar dinheiro do nada [crédito em regime de reservas fraccionárias]. E os governos continuam a fazê-lo, porque é muito mais fácil ser-se eleito distribuindo pão e peixe ao mesmo tempo que se atribui subsídios para painéis solares nos telhados das casas, numa espuma de dinheiro fácil e preços crescentes dos activos. Qualquer tolo pode gastar o dinheiro de outra pessoa, especialmente quando o otário nem sequer sabia que era o seu dinheiro.

Assim, a inflação rouba a todos e a cada um. Silenciosamente.


No mundo real, temos que pagar as nossas dívidas. Mas nunca o mundo da classe dirigente tem de fazer face às consequências das suas decisões. Alan Greenspan reconheceu-o ...- efectivamente anunciando que os EUA são, afinal, os Estados Unidos do País das Maravilhas, onde não importa quão alta é a dívida pois o país nunca irá entrar em incumprimento - porque podem imprimir dinheiro. O "Helicopter Ben" [Ben Bernanke, presidente da Fed] virá em socorro!

Há um pote no fim deste arco-íris. E funciona tão bem como qualquer super-herói ou máquina de movimento perpétuo.

Assim que o novo dinheiro “desponta” para a existência, ele começa a reorientar a actividade económica para longe das coisas que as pessoas-que-de-facto-ganham-dinheiro-trabalhando pensavam ser úteis. Ao invés, a parte de gigante da actividade induzida [pelo novo dinheiro] dirige-se para a produção de coisas que aqueles-que-o-fizeram-despontar pretendem... E elas surgem através de ilimitadas formas de desperdício, tais como: moinhos de vento gigantes para parar inundações, ciclovias para prevenir ciclones ou dez diferentes técnicas de ponta para armazenar um gás fertilizante [CO2] em minas, onde nunca nada irá crescer.

Mas o dinheiro que é criado, no sistema actual, a partir de dívida, tal como uma corrente de infinitas promissórias e, no geral, todas as coisas boas, têm de chegar ao fim. Desde 1982 que a bolha tem crescido e, após 25 anos de um borbulhar incessante, o bizarro acabou por ser tido como normal (podíamos ter uma casa, viver nela, e usá-la para comprar um iate de 42 pés na Florida). Finalmente, em 2007, o sector privado entrou em saturação de dívida. E em 2011, é agora óbvio que a maioria dos governos não consegue pedir dinheiro emprestado ou subir impostos muito mais. Não há mais paragens nesta linha, restando apenas comprar bilhetes para o Comboio Expresso do Estímulo Fiscal e assistir a vê-los encontrar maneiras de imprimir.

As pessoas estão começando a perceber.

Assim, chegamos ao mais estranho dos momentos quando o mundo está a descobrir que as previsões de incêndios, inundações e peste foram falsificadas, como se dão conta que as garantias sobre a qualidade do dinheiro eram igualmente falsas. O desastre está a chegar, mas não por causa do carbono. Temos estado preocupados com o ponto de inflexão errado.

Tratar-se-á de uma coincidência? Uma convergência aleatória de alucinações? Não é assim. É necessária uma mentira para alimentar outra mentira. É necessário um tipo especial de "riqueza" para que nos preocupemos com o mau tempo daqui a 100 anos. Ninguém esteve a observar os dólares com a atenção necessária e as recompensas por práticas fraudulentas tornaram-se descontroladamente elevadas, por comparação com as que são pagas pela denúncia de irregularidades ou pela investigação jornalística real. A corrupção reinou em toda a parte alta da cidade. Políticos mentiram, cientistas perderam dados, banqueiros avaliaram erradamente os riscos e venderam-nos aos totós, mas foram resgatados, e os funcionários públicos serviram os governos em vez dos cidadãos. Revistas científicas esqueceram o que era a ciência, professores quebraram as leis da razão e praticamente todos os old media deixaram-nos escapar impunes. Na verdade, estavam ocupados a promover escutas ilegais para fins de entretenimento...

2 comentários:

john disse...

Este texto devia ser debatido em horário nobre televisivo para esclarecimento dos cidadãos. Isso seria verdadeiro serviço público. Os jornalistas e editores da situação nunca irão dar visibilidade a textos deste tipo. Fazem parte do sistema que nos conduziu até aqui. São parte do problema. Colaboram na produção da mentira.

Madalena disse...

O cerne da questão. Por isso nem quero ouvir falar em sair do euro. A capacidade de criar moeda torna-nos preguiçosos, estimula o desperdício e larga ao eterno descanso a pressão disciplinadora de conseguir ser melhor por fazer melhor e não por vender mais barato...
Não, não podemos regressar a isso ou deixar alastrar isso aonde já são outras as forças dominantes!