Ao cuidado de todos, especialmente dos helvéticos mais cépticos
Fonte: GoldBroker.com
"Em defesa do padrão-ouro livre” – Ken Griffith, "The Gold Standard Institute Journal #43", Julho de 2014
A principal fragilidade que conduziu ao desaparecimento da primeira geração monetária do ouro digital foi a ausência de um modelo regulatório.
As primeiras empresas de ouro digital iniciaram a actividade como empresas regulares sem obterem as licenças necessárias para a prestação de serviços financeiros. Depois de terem crescido o suficiente para chamar a atenção das autoridades, foram impedidas de obter as respectivas licenças a maior parte delas enfrentou disputas legais e fechou.
Nos anos 90, os estados não tinham categorias regulatórias para sistemas digitais de pagamentos com reservas totais, por isso as empresas que fizeram os pedidos de licenciamento viram os seus pedidos negados.
O problema regulatório
De acordo com a visão apresentada na Parte I para o padrão-ouro livre, precisamos de um sistema de transacções de ouro digital, bem como plataformas eficientes de transacção do nosso ouro face às diferentes moedas envolvidas. A definição destas exigências, e os respectivos papéis, constitui-se como o trabalho de definição das instituições financeiras reguladas.
Em vez de pedir aos governos que criem novas regulamentações e enquadramentos legais para os sistemas de ouro digital, consideremos primeiro o contexto existente das instituições reguladas. A maioria dos países tem uma pirâmide de intituições financeiras com um banco central no topo, que se pode apresentar do seguinte modo:
No final deste mês ocorrerá um referendo na Suíça acerca das suas reservas de ouro (repatriamento, reservas mínimas de 20% e proibição de vendas de ouro por parte do banco central suíço).
A Holanda procedeu, recentemente e em segredo, ao repatriamento das suas reservas de ouro que estavam em Nova Iorque.
A Holanda e a Alemanha tinham planos preparados para regressar a um padrão-ouro caso o euro caísse em 2012 (aqui e aqui). A preparação ocorria enquanto altos dirigentes diziam que a crise tinha passado... pois! Caso para dizer: cada um vai-se preparando e mantém essa preparação em segredo.
A novela continua. Acredita quem quiser.
LV – Quais foram os objectivos da conferência organizada pelo Instituto Ludwig von Mises Portugal no passado dia 1 de Novembro?
André Campos (AC): No fundo, o Instituto Ludwig von Mises Portugal (ILvM) já existe, de forma oficiosa, há cerca de três anos. Contudo, nesse molde, estávamos limitados a pequenas iniciativas esporádicas. Recentemente surgiu um interesse por parte de algumas pessoas, nomeadamente o Guilherme Marques da Fonseca e o Alexandre Mota, além de mim próprio e outros que se juntaram a nós, em oficializar o ILvM e traçar metas mais ambiciosas. Queríamos dar expressão aos ideais do Liberalismo Clássico e da Escola Austríaca da melhor maneira e esta II Conferência do Liberalismo Clássico – Call for Liberty foi o pontapé de partida de um conjunto de iniciativas que o ILvM está a pleanear para 2014/2015.
LV – Do conjunto das intervenções e das ideias apresentadas quer destacar alguma?
AC: Achei que, de uma maneira geral, os temas eram muito interessantes e pertinentes considerando o momento actual. Apreciei todas as intervenções e creio que o importante foi a mensagem subjacente de liberdade, propriedade e paz. Hoje em dia existe uma tendência generalizada para a desresponsabilização pessoal, substituindo-se o papel do indivíduo pelo estado, ou seja, pelo colectivo. Olhamos para o estado como solução para quase tudo e nesse processo perde-se aquele que é, por definição, um dos direitos fundamentais, natural e inalienável, do ser humano: a liberdade. É essa a tendência que iremos tentar contrariar através do nosso trabalho no ILvM.
Posto isto, e para referir alguém em particular, confesso que fiquei muito agradado com a excelente intervenção do José Bento da Silva no painel acerca do Impacto das Finanças Públicas nas empresas. Não o conhecia bem antes desta conferência, ao contrário de todos os outros palestrantes, e achei que, juntamente com o André Azevedo Alves, tiveram intervenções muito interessantes.
Quanto às ideias apresentadas, creio que o desmascarar das falácias Keynesianas é sempre fulcral. Há tanta gente que ainda adere às vetustas ideias – precisamente os ensinamentos de Keynes - que contribuíram para o estado de sítio que se vive nas economias desenvolvidas e no sector financeiro actualmente. Por outro lado, foi também muito bom que se pudesse introduzir o tema da “Guerra contra as drogas” por parte do meu companheiro Guilherme Marques da Fonseca. É uma daquelas questões que remetem muito para a liberdade individual e uma discussão séria nesse sentido é sempre algo a que não podemos virar a cara.
LV – Daniel Lacalle traçou um cenário muito pormenorizado da realidade económica e financeira mundial, dada a sua experiência como gestor de fundos de risco. Acompanha a descrição feita quanto à subida nos mercados bolsistas e consequentes volatilidades nas paridades monetárias?
AC: Antes de mais devo adiantar que não sou analista financeiro ou gestor de fundos, sou apenas uma pessoa interessada na matéria e com ligações ao ramo através de outras funções. Dito isto, creio que os mercados bolsistas ainda têm espaço para subir no curto/médio prazo, mas estou bastante preocupado com o longo prazo.
"Em defesa do padrão-ouro livre” – Ken Griffith, "The Gold Standard Institute Journal #42", Junho de 2014
Nasci em 1971, três meses depois de Richard Nixon ter emitido uma lei que obrigava ao abandono da ligação entre o dólar e o ouro. Durante toda a minha vida, ouvi defensores do ouro e economistas austríacos lamentarem-se do desaparecimento do padrão-ouro, bem como o clamor de um regresso a ele. O propósito deste artigo é indagar se um novo padrão-ouro pode ser constituído através da iniciativa e acção privadas. A esta meta darei o nome de “padrão-ouro livre”.
Após anos de estudo e reflexão acerca destas matérias, cheguei à conclusão de que o padrão-ouro imposto por um estado e gerido por um banco central não resolveria o problema que enfrentamos relativamente à moeda que usamos. Políticos e dinheiro honesto são como azeite e água – não se misturam. Os políticos e os governadores dos bancos centrais são exímios na desvalorização da moeda, caso os deixemos controlá-la. Não há nenhuma nação que, tendo monopolizado a produção de moeda, esteja a salvo dessa tentação.
Julgo que o único modo de o mundo voltar a ter um verdadeiro padrão-ouro será se ele for alcançado através do livre mercado, sem intervenção estatal.
A primeira tentativa – a era do ouro digital
O leitor talvez não saiba, mas existiu um breve período (1996 até 2008) em que existiu um sistema monetário fundado no ouro. Liderado pela empresa e-gold.com, a “economia do ouro” através da internet cresceu ao ponto de representar 80 toneladas de ouro/ano de transacções entre utilizadores. No seu ponto alto, existiam sete entidades digitais emissoras e uma rede internacional de agentes e dois milhões de titulares de contas. O ouro digital era a forma mais rápida e barata de mover dinheiro à volta do mundo. O ouro mudava de mãos – como meio de pagamento – numa razão de 78 transacções por utilizador/ano.
"Acumulam-se os relatos de investigações feitas aos maiores bancos do mundo. Das taxas interbancárias à negociação de futuros monetários, não deixando de parte as intervenções ilegais no mercado dos metais preciosos (aqui e aqui). Os verdadeiros negócios que estas "empresas" fazem devem ser de tal magnitude que permitem fazer face às multas como se de um simples custo de operação se tratasse.
Seguramente, desconhecemos muito do que se passa.
Fazer perguntas incómodas? Manter espírito crítico face à "realidade depurada"? "Isso é para amantes de teorias da conspiração".
Claro.
«No processo político há um "triângulo de ferro" formado pela interacção de três grupos de pessoas. Há os que perseguem interesses especiais, que procuram obter favores e privilégios por parte do estado à custa dos consumidores, concorrentes e contribuintes; há os políticos fornecedores de favores e privilégios atribuíveis pelo estado em troca de financiamentos às campanhas eleitorais e votos; e há os gestores burocráticos do sistema regulatório, intervencionista e redistributivo, que estão constantemente à procura de formas e meios de expandir a sua autoridade e aumentar os seus orçamentos como vias para a obtenção de mais poder e oportunidades de promoção e de salários mais elevados.»
Richard M. Ebeling
Por Sheldon Richman
6 de Novembro de 2014
Eleições 2014 nos EUA: Boas e Más Notícias
Das eleições intercalares de 2014 resultaram duas notícias: uma boa e uma má. A boa notícia é que os vencidos perderam. A má é que os vencedores ganharam.
O jornalista Mike Barnicle diz que nunca assistiu a umas eleições em que as pessoas se sentissem tão distantes da governação. Eu gostava que o diagnóstico dele estivesse correcto, mas suspeito que não esteja. É verdade que a afluência às urnas não terá provavelmente estabelecido recordes para umas eleições intercalares. Mas isso, mais do que um sinal de alienação do processo eleitoral, é um indicador de repulsa para com o elenco particular de incumbentes. Quem não sentiria repulsa?
Sheldon Richman
Apesar do que os eleitores possam pensar, isto não tem nada a ver com a personalidade e o carácter. Respeita antes aos limites da natureza humana. Ninguém está qualificado para nos governar, considerando o que se entende hoje por "governar". Os governos - federal, estadual e local - tentam administrar todos os aspectos das nossas vidas. De várias maneiras, propõem-se "pôr a economia em movimento" e a mantê-la a "trabalhar". Além disso, o governo federal mantém um império global ao serviço do qual o aparelho de segurança nacional tem a pretensão de gerir sociedades estrangeiras.
Pode um produto esgotar-se por excesso de procura e o seu preço descer?
Pode. Basta que seja um metal precioso, que possua uma história e propriedades únicas. E que seja objecto de interferências por parte das várias partes interessadas neste jogo de papel.
Aproveitar a oportunidade para comprar prata (ou ouro, tanto faz) pode revelar-se mais difícil. A U.S. Mint esgota inventário dada a procura desenfreada - ver aqui e aqui.
"Não há nada para ver aqui. Continue."
Pois...
«Em 2004, [o Met Office] previu que o mundo em 2014 aqueceria 0.8ºC e que em 4 dos 5 anos após 2009 seria batido o recorde alcançado em 1998, "o ano mais quente de sempre". Em 2007, o computador do Met Office previu que aquele seria "o ano mais quente de sempre", justamente antes de as temperaturas globais terem baixado 0.7ºC, o equivalente a todo o aumento verificado no século XX. O Verão iria ser "mais seco que a média", precisamente antes das piores cheias de sempre.
Imagem daqui
De 2008 a 2010, os modelos previram consistentemente "Invernos mais quentes que a média" e "Verões mais quentes e secos que a média": três anos em que a maior parte do hemisfério norte registou recordes de frio e neve; no Reino Unido, salientando-se o prometido Verão de "churrasco" de 2009, verificaram-se Verões mais chuvosos e frescos do que o habitual. Um triunfo particular foi alcançado, em Outubro de 2010, quando foi anunciado que o Inverno iria ser "2ºC mais quente que a média", justamente antes do mais frio mês de Dezembro verificado desde que se iniciaram os registos em 1659.
A campanha a favor do sim no refendo suíço para a repatriação e reconstituição das reservas de ouro do banco central suíço (Swiss Gold Initiative), ainda nem começou, mas os seus promotores já começaram a sentir as consequências da sua ousadia. Levadas a cabo do mesmo modo que as intervenções no mercado do ouro, as pressões e acções inusitadas já se podem identificar e fazer sentir. Neste caso, sobre uma empresa que está a recolher donativos e vai liderar a campanha nos meios de comunicação social a favor do sim. Leia-se - "Um caloroso agradecimento": A Paypal retirou a possibilidade de indivíduos poderem fazer donativos para a campanha, usando o seu sistema de transacções.
Atente-se nas razões apresentadas. A tensão cresce. Desespero?
Por Eric Margolis1 de Novembro de 2014
Ninguém ousa classificá-la como uma derrota
Os últimos soldados britânicos saíram do Afeganistão na semana passada por via aérea, assim marcando o triste fim da quarta invasão falhada do Afeganistão pela Grã-Bretanha. Foram acompanhados pelo último destacamento de fuzileiros navais dos EUA que estava sediado em Helmand.
Eric Margolis
Muito tem feito o Afeganistão por merecer o epíteto de "cemitério de impérios"!
Para ser mais rigoroso, esta honra pertence às tribos pashtuns das montanhas do Afeganistão, que não dobram os seus joelhos perante ninguém e se orgulham do seu espírito guerreiro.
No meu livro, "War at the Top of the World" ["Guerra no Topo do Mundo" - NT], escrevi que os pashtuns eram "os homens mais valentes ao cimo da Terra". Mais tarde, acrescentaria os ferozes tchetchenos àquela fraternidade ilustre.
Os velhos imperialistas desapareceram, mas a ocupação do Afeganistão continua. O novo regime de Cabul, recém-instalado por Washington para substituir o anterior aliado e pouco cooperante Hamid Karzai, apressou-se a assinar um "acordo" que permite aos Estados Unidos manter cerca de 10 mil militares no Afeganistão por mais uns anos. Os seus membros não terão de observar as leis afegãs.
Todavia, há muito mais coisas neste arranjo. As tropas de combate dos EUA, diplomaticamente rotuladas de "instrutores" ou de "forças anti-terroristas", não são suficientemente numerosas para controlar todo o Afeganistão. A sua missão é a de defender o governo fantoche de Cabul do seu próprio povo e a crucialmente importante base aérea americana de Bagram.
Por Simon Black
31 de Outubro de 2014
Como as remunerações e passes dos atletas revelam a verdadeira taxa de inflação
(No inflation Friday: How sport salaries reveal the true rate of inflation)
A nova temporada da NBA [principal liga americana de basquetebol profissional - NT] começou esta semana. E com ela uma nova massa salarial para 2014-15. Corresponde a um aumento de 7,5% e atinge agora um nível recorde de 63 milhões de dólares.
Mais um "recorde de todos os tempos" num mundo onde tudo parece estar a chegar à Lua.
A massa salarial na NBA aumentou apenas marginalmente nos sete anos anteriores. Passou de 55,6 milhões de dólares por equipa na temporada 2007-08, para 58,7 milhões em 2013-14, um aumento de 5,6%.
O aumento agora verificado superou em muito este último. Acréscimos semelhantes têm vindo a verificar-se nos diferentes desportos. Tomemos o desporto mais popular em todo o mundo - o futebol - como um exemplo credível.
Foto daqui