sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Clarinho como a água

Segundo se pode ler no Público de hoje (link não disponível), o presidente do consórcio Eneop - Eólicas de Portugal (produtor, instalador e explorador de parques eólicos), Aníbal Fernandes, está muito "apreensivo" pois (realce a cheio, meu)
"aguarda que o Governo envie até ao final do ano ao BEI [Banco Europeu de Investimentos] uma garantia de risco tarifário, exigida após as medidas do memorando da troika. Sem ela o banco não desbloqueia a segunda e última tranche de financiamento do consórcio, de 300 milhões de euros. E, sem essa verba para o último lote de parques eólicos, as fábricas deixarão de ter trabalho suficiente."

O prazo para este financiamento? "É até ao final do ano. Ou se faz este ano, ou se perde, com todas as consequências para o país [e para o cluster industrial que o consórcio construiu]." "Não se concluindo todos os megawatts do estudo de base, ter-se-á de repensar a capacidade da fábrica, incluindo a mão-de-obra [2100 postos de trabalho permanentes]", acrescenta.
(...)
"Os accionistas não vão meter mais dinheiro, porque não podem. Estamos apreensivos(...)"
Clarinho como a água: o investimento privado, de início, só ocorreu porque existiram gigantescos subsídios estatais, melhor, dos contribuintes; estando em causa  a eventual não continuação desses subsídios (espero bem que em definitivo não se concretizem), pelo menos na magnitude dos iniciais, os investidores privados desaparecem. Pudera! A artificialidade é total e tudo fica a nu quando se percebe que já não há dinheiro, ou seja, que já ninguém nos empresta mais dinheiro. Sobra a chantagem emocional (os empregos artificialmente criados) e o argumento, falacioso, de que "não faz sentido" não completar o investimento já realizado. Pelo contrário, se um investimento se revela ruinoso, só um louco poderá defender gastar um cêntimo adicional nele que seja.

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