quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A austeridade é a perestroika do estado social

Jacques Raiman, assina hoje um artigo bem interessante e oportuno. Destaco o seguinte extracto (tradução da minha responsabilidade):
"Para a economia como um todo, aumentar os impostos na esperança de aumentar as receitas fiscais e assim reduzir o déficit, é um erro trágico. Estando a maioria dos países já  sobretaxados, as receitas fiscais cairão ao mesmo tempo que o rendimento nacional bruto. Os únicos crescimentos serão os da economia subterrânea e do défice. A economia subterrânea é ela própria o sintoma de um sistema fiscal inadaptado e, frequentemente, o resultado de uma fuga aos impostos percepcionados como demasiado elevados e injustos. A sensação de que o sofrimento infligido pela austeridade é inútil, que esta política irá falhar, cria uma sensação de amargura e desespero. Como a austeridade pode infligir uma dor insuportável para a população, como na Grécia, ela inflama tumultos. Lá, um reformado suicidou-se em público, apanhado entre o declínio brutal da sua pensão reforma e o valor fixo da sua dívida hipotecária; declarou que preferia morrer a "terminar os seus dias alimentando-se nas lixeiras." O contraste é gritante entre o suicídio e as imagens de reuniões em Bruxelas entre impávidos líderes europeus. Na Rússia soviética, Gorbachev tentou reformar o regime comunista mantendo a sua essência. Esta tentativa, a perestroika, falhou. A austeridade é, para o estado-providência, o equivalente à perestroika: uma tentativa para garantir a sua sobrevivência. Ela está condenada ao fracasso pelas mesmas razões."
Voltarei a este artigo cujo título é  "La fin de la crise passe par l'établissement d'un étalon-or" ("O fim da crise passa pelo [re]estabelecimento de um padrão-ouro") para ilustrar, com a ajuda do seu autor, que nem o keynesianismo (pela via do "estímulo" à "procura agregada") nem o monetarismo (pela injecção contínua de "estímulos" monetários) são alternativas para a saída da crise em que estamos mergulhados.

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