segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Portugal e a Zona Euro: permanecer ou abandonar? (1)

A azul os países actualmente membros da Zona Euro
 (imagem retirada daqui)
Quando falamos no euro estamos a falar de duas coisas diferentes ainda que interligadas: de um projecto instrumental para a concretização do fim último perseguido pelos seus promotores - a criação dos Estados Unidos da Europa (EUE) -, mas também, numa acepção estritamente monetária e económica, da criação de um regime de "câmbios fixos" entre os países pertencentes à zona onde o euro é a moeda adoptada.

Não faço parte daqueles que anseiam pelo aparecimento dos EUE obtidos através da persistente acção de um planeamento central burocrático e agressivamente metastático, também conhecido pelo "método comunitário". Nada de bom advirá daqui senão a continuação do declínio económico relativo da "Europa" e não será a propaganda das "Estratégias" e das "Agendas" que o poderá evitar, muito menos por uma qualquer espécie de "Grande Salto em Frente". Só há um "método" seguro, win-win, no relacionamento entre as nações: o que resulta do comércio livre que garante, sempre, o benefício mútuo dos que nele participam.

Mas o que me interessa agora abordar, ainda que brevemente, são os méritos e eventuais deméritos (económicos) da adesão (e permanência) a uma zona monetária única como é a do euro.

Miguel Beleza, antigo ministro das Finanças de Cavaco Silva, em recente entrevista ao i, confessava que o argumento a que o então primeiro-ministro foi "particularmente sensível" para concordar com à adesão de Portugal à "União Monetária Europeia", antecâmara ao euro, foi o de, por essa via, "ficarmos com taxas [de juro] iguais às da Holanda – a dívida portuguesa com as taxas holandesas". Eis, sem grandes enfeites ou rodeios, a  grande vantagem do euro segundo o ponto de vista dos políticos: poder passar a financiar a dívida pública a baixas taxas de juro, o que viria a significar a capacidade de aumentar em muito o endividamento sem que os juros a suportar se tornassem um obstáculo. Uma espécie de um novo "ouro do Brasil", porventura o derradeiro. E foi assim que o Estado inchou até ter (quase, por enquanto) rebentado.

Do lado da economia privada, famílias e empresas, ao passarem a aceder a condições de crédito com que "nem no  tempo da outra senhora" sonhavam, aplaudiram a decisão. Era, afinal, ou parecia ser, um grande e continuado "almoço grátis".

Até ao dia em que o crédito secou, por receio dos credores de que o país não fosse capaz de pagar o que pediu emprestado.

(Continua)

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