sábado, 29 de setembro de 2012

Da Primavera Árabe ao Inverno Ocidental

O Juíz Andrew Napolitano assina um artigo na Reason sob o título The Arab Spring Becomes a Western Winter (tradução minha):
Está o Médio Oriente árabe pronto para a democracia? Sabemos como os dois últimos presidentes americanos responderam a esta pergunta.

O objectivo declarado e revisto por trás das invasões do Afeganistão e do Iraque pelo presidente George W. Bush foi o da construção de uma nova ordem mundial, impondo a democracia a populações que lhe eram inteiramente estranhas. O propósito original anunciado para invadir o Afeganistão era destruir as pessoas que forneceram abrigo aos agressores do 11/9, e o propósito original anunciado para invadir o Iraque foi o de nos livrarmos de um governo que possuía e poderia usar armas de destruição maciça.

Mas quando soubemos que o apoio efectivo para os ataques do 11/9 veio de pessoas protegidas pelos nossos supostos amigos na Arábia Saudita, e quando soubemos que as únicas armas de destruição maciça na posse do Iraque eram as que os EUA venderam a Saddam Hussein, em meados dos anos 1980, que ele já não possuía, a administração Bush mudou a retórica, mas não a violência ou o seu custo.

Uma vez que o termo dessas guerras surgiu após a instalação de regimes fantoches em ambos os países, e atendendo a que esses regimes reivindicam agora legitimidade porque foram eleitos pelo povo que foi autorizado a votar, temo-nos recordado que a democracia é mais do que o resultado de uma maioria de votos. É o respeito pelo primado do direito e do reconhecimento dos direitos inalienáveis ​​do indivíduo. Não é a tortura, as execuções extra-judiciais, ou a violação sancionada pelo governo e a supressão legal de mulheres e meninas; não é o ódio e a perseguição racial, religiosa e étnica; e não é a lei da força das turbas nas ruas.

Quando o Egipto estava num turbilhão há um ano atrás, o presidente Obama empurrou Hosni Mubarak para fora da cadeira. Ele era a marionete americana de longa data e o homem-forte egípcio que se chamava a si mesmo de presidente, mas que nunca foi realmente eleito. A sua queda foi seguida por uma ditadura militar de curta duração, a que se seguiu a eleição popular de radicais islâmicos para o governo. Eles odeiam o Ocidente, os EUA e Israel.



Será de admirar que a nossa embaixada no Cairo tenha sido atacada e a nossa gente que lá vive e trabalha seja ameaçada todos os dias? Deve o presidente, sozinho, poder ajudar a depor um líder estrangeiro sem o consenso do povo americano ou dos seus representantes eleitos no Congresso? Será que os erros de cálculo do presidente levaram em conta que poderia ser melhor deixar no lugar o diabo que se conhece em vez de convidar o diabo que se não conhece para o substituir? Terá ele considerado que a escolha do líder do Egipto cabe aos egípcios - e não ao governo norte-americano - decidir?

O caso da Líbia é ainda pior. Lá, Obama, ilegal, enganosa e inconstitucionalmente bombardeou a Líbia na tentativa ou de matar o coronel Khadafi, seu antigo homem-forte e aliado americano, ou para enfraquecer as suas defesas até que ele se rendesse. Foi ilegal porque usou a CIA para travar uma guerra. Foi enganoso porque mentiu quanto a não haver botas no terreno ("botas", referindo-se às tropas, em vez de agentes dos serviços secretos com equipamentos militares). Foi inconstitucional porque, segundo a Constituição, só o Congresso pode declarar guerra a outro país. Este foi um acto de guerra contra um governo legítimo, um que o então presidente George W. Bush e o então primeiro-ministro britânico Tony Blair elogiou alguns anos antes como um parceiro na guerra contra o terror, e um que não representava ameaça alguma para a liberdade americana.

Agora sabemos que algumas das mesmas pessoas contra quem os EUA lutaram - e, supostamente, derrotaram no Afeganistão e no Iraque - eram parte da coligação de milícias violentas que derrubaram Khadafi com a ajuda de bombas americanas. E o governo que forjaram é muito fraco para que delas possam proteger os nossos diplomatas e os nossos edifícios. E foi assim que atacaram o nosso desprotegido consulado em Benghazi e mataram o nosso embaixador, até agora de forma impune.

Será que alguém realmente acredita no disparate da administração Obama segundo a qual as recentes mortes de americanos e de outros e a destruição no mundo árabe se devem a um trailer de um filme de 15 minutos de 3ª categoria, dobrado, com uma interpretação horrível, sem enredo ou mensagem? Ou a violência é acerca da oportunidade, daqueles que Bush e Obama confiaram para liderar novos governos, para ventilar o seu ódio?

Não será mais provável que quando o Ocidente apoiou o derrube de ditadores árabes, os agitadores nas ruas viram isso como um sinal para expressar o seu ódio contra a interferência do Ocidente ? Poderão os drones de Obama, que caíram em todo o Médio Oriente matando inocentes em escolas e hospitais, em casamentos e funerais, e demolindo mesquitas e casas, estarem voltando para o assombrar?

A Primavera Árabe tornou-se no Inverno Ocidental provocado por dois presidentes norte-americanos que pensaram que poderiam matar sem justificação moral ou consequência dolorosa. Devemos voltar para casa, sair destes locais bárbaros e deixá-los sozinhos. Devemos comerciar com eles, já que querem comprar os nossos iPads e máquinas de lavar roupa e calças de ganga, mas devemos deixá-los tomar conta dos seus próprios governos.

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