O anúncio pré-anunciado veio reacender a discussão sobre a dicotomia "baixar despesa" / "subir impostos". Inclusive, numa iniciativa pouco habitual no nosso país, o próprio Diário Económico (DE) pronunciou-se contra um novo aumento de impostos, promovendo mesmo uma petição para o efeito.
Sucede que, no que tenho ouvido e lido, não retirei nem proveito nem iluminação quanto à questão, que subsiste, de como eliminar reduzir, de forma sustentada, ou seja, sem medidas "extraordinárias", o défice orçamental e, mesmo, alcançar os indispensáveis superavits necessários à amortização da gigantesca dívida pública contraída (a oficial mais a oficiosa). Muito poucos parecem estranhar que classificar de "austeridade" a manutenção de enormes défices orçamentais (há 38 anos consecutivos a esta parte), é uma contradição nos seus próprios termos, um oxímoro!
Mas não. Supostamente, e o manifesto do DE não é excepção, o que precisaríamos é de mais tempo e mais défice e, consequentemente, agravamento do já asfixiante endividamento assim adiando o essencial, o vital: a necessidade de reduzir, estrutural e significativamente, a despesa pública. O que, dada a estrutura da despesa pública, significa inexoravelmente pôr em causa o Estado social como o conhecemos.
Ora tal só será possível acabando com a retórica populista do corte das "gorduras" e abandonando de vez a falácia de que a dimensão do problema que temos em mão se resolverá através de uma melhor administração (ou apenas menos perdulária) que a que tivemos no passado recente.
Nada ouvi, no discurso de Pedro Passos Coelho de há pouco, que nos permita perceber uma inversão do que precede. O passo dado, no sentido da redução dos custos unitários de trabalho (23,75% para 18% na contribuição para a segurança social (TSU) por parte das empresas), parece-me demasiado curto para que venha a produzir efeitos no domínio do emprego.
2 comentários:
Boas Gosto muito do Blog
O problema é que ninguém quer pagar impostos, mas também ninguém quer ver a despesa cortada.
O estado ao atingir esta tal dimensão viciou toda a gente nele, maior ou menor, todos dependem dele.
O que nunca se explica e se diz é que o Estado nada produz, apenas tira de um lado para dar a outro.
Este financia se de 2 formas, impostos ou divida (venda de patrimonio actualmente é irrelevante), mas a divida não é mais que impostos futuros(os que deviamos ter pago acrescido dos juros). Este aspecto é fundamental na analise.
Uma economia alavancada em divida so tem um caminho encolher.
A incapacidade de se cortar onde doi aos grupos de interesse é brutal.
Mas será assim até a situação explodir. O crescimento não virá como muito pensam do Estado. 10 anos a deitar dinheiro no problema só criou mais problemas.
Caro Filipe Silva,
Obrigado pelo seu comentário e por gostar de vir até aqui.
Subscrevo as considerações que faz e, crescentemente, também creio que só através de um Acontecimento Singular - o Great Default de fala Gary North - será possível reganharmos a sanidade.
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