O título da "caixa" que reproduzo é-me intolerável.
Vivemos bombardeados de estudos estatísticos relativamente aos mais variados domínios da vida social, da fisiologia humana, etc. Os jornais e as televisões adoram-nos. Os activistas sociais, esses, são dos principais clientes destes "estudos" (e dos que mais deles beneficiam). Brandindo-os, apressam-se a pressionar os organismos estatais a "agir". Seja clamando por proibições ou punições (por exemplo, impostos) seja apelando à criação de "estímulos" positivos (por exemplo proporcionando tarifas acima das do mercado aos promotores das novas renováveis, pagando os ordenados a actores e a músicos, etc).
Ora o recurso à estatística, no domínio do social, seja para "fotografar" um momento ou para "filmar" uma sucessão de momentos, apenas permite (admitindo a não manipulação de dados...) medir o que já sucedeu. Trata-se de história, apenas isso e não mais do que isso. Aconteceu, é certo, mas nada garante que a identificação de algum padrão no passado signifique que o mesmo se repita no futuro. (Em ciências sociais, não existem coisas como, sei lá, a constante gravitacional universal.)
Acresce que é ilegítimo deduzir relações de causalidade a partir da mera detecção de correlações. Por exemplo: o facto de se ter observado uma estreita correlação entre o número de anos de ensino formal e o nível de desenvolvimento económico não permite dizer que é o número de anos de ensino que o determina. Não será igualmente fácil defender o inverso? Ou seja, que foi o desenvolvimento económico que veio a possibilitar o desvio de recursos para, então, poder assegurar a educação formal generalizada?
Não é verdade que as baixas qualificações dos filhos DETERMINEM o percurso dos filhos. Só os robots estão pré-determinados. Os meus avôs eram camponeses de sequeiro; os meus pais têm o antigo Curso Geral do Comércio e dois dos meus tios mais jovens, irmãos da minha mãe, já foram capazes de chegar à universidade.
2 comentários:
Costumo contar que aprendi tudo o que tinha a aprender sobre estatística nos primeiros minutos da primeira aula na faculdade, depois de se apresentar a professora afirmou, "A Estatística é a arte de manipular os números"
Não são as baixas qualificações dos pais: são apenas a falta de formação moral e ética de quem os criou. Essa passa aos filhos também. Uma tripla falência:
-Decadência dos pilares da sociedade
- Inutilidade dos RSI
- Incapacidade da Escola em promover a mobilidade social
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