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Consumada a "reforma da fiscalidade verde", já se conhecem quais serão os seus impactos: mais 350 milhões de euros de impostos e regulamentações várias que irão onerar o custo da gasolina e do gasóleo em
+6,5 e +5,1 cêntimos por litro, respectivamente. Enquanto ajuda à competitividade das empresas, não está nada mal, não senhor! De resto, Jorge de Vasconcelos, o mesmo que se demitiu de presidente da ERSE quando não obteve do governo de então o acréscimo nas tarifas eléctricas que defendia ser
devido pelos consumidores, agora na pele de presidente da Comissão que reviu a "fiscalidade verde" acha que a coisa, na parcela "Fundo de Carbono", "
é quase imperceptível" face às oscilações dos preços do petróleo nos mercados internacionais. Moreira da Silva - o "ministro do CO2" na feliz expressão de Mira Amaral - o verdadeiro mentor de tudo isto, nunca escondeu aliás ao que vinha e qual era o objectivo que tinha em mente: "
alterar comportamentos" de modo a "conferir padrões de consumo e produção "
mais sustentáveis". No fundo, no fundo - como à superfície... - apenas uma variante na busca de um "homem novo" que erige como valor absoluto o "respeito" pela Mãe Natureza e o combate
ao aquecimento global às "alterações climáticas".
O estimável Público rejubila, como de resto a generalidade dos nossos media convencionais, tanto mais que o estadista "artesão" acaba de arrancar uma "vitória" em Bruxelas (cf. imagem de notícia do jornal de ontem) que resultou da sua indomável persistência: uma intenção declarada, não vinculativa, de aumentar as interligações da rede eléctrica pan-europeia (com a qual o estadista sonha para "escoar" o excesso de produção eólica de que padecemos e cujos efeitos - défice tarifário combinado com contínuos aumentos nas tarifas de electricidade-, ao contrário do propagandeado, continuam a aumentar).
Portanto, caros leitores, é fácil prever o que ocorrerá no próximo mês de Janeiro: 1) caso os preços do petróleo se mantenham nos níveis actuais por mais uns meses, os preços dos combustíveis irão, grosso modo, regressar aos valores que se observavam antes da recente e acentuada descida da cotação do crude ou, 2) logo que o preço do crude recupere para os nos patamares anteriores, podemos antever as manchetes da nossa imprensa: "os preços da gasolina e do gasóleo atingem valore recorde entre nós!". A culpa, está bem de ver, será do mercado e dos tenebrosos especuladores.
Adenda 1:
o descaramento não tem mesmo limites.
Adenda 2: é verdade que cerca de 1/3 do aumento projectado nos combustíveis decorre de novo acréscimo na designada "Contribuição Rodoviária" cuja receita é consignada à Estradas de Portugal. Mas não o é menos, na "filosofia" do ministro do CO2, que seja um imposto "verde" já que naturalmente desencoraja a utilização de veículos nas estradas ao torná-la mais dispendiosa.