sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Prova dos nove ou prova real?

"Esta é a prova dos nove: os nossos alunos sabem mais", diz Sócrates sobre o relatório da OCDE, em entrevista ao Público sobre os resultados do PISA, 8-12-2010.

Estudo do Ministério da Educação em 1700 escolas revela a dificuldade dos alunos em resolver exercícios que não sejam básicos (Relatório 2010 do Gabinete de Avaliação Educacional (GAVE), divulgado em 31-12-2010).

Como me ensinou a Dª Rosa, que se vestia permanentemente de preto como um urubu e usava, sempre, óculos escuros, há uns 45 anos atrás, a "prova dos nove", em determinadas condições, não oferece garantias da correcção da conta que acabámos de fazer. Parece-me bem ser este o caso. Por via das dúvidas, nada como uma "prova real"!
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Adenda: recomendável a leitura desta crónica de António Ribeiro Ferreira.

Votos para 2011

Excerto da Declaração de Independência, 4 de Julho de 1776:

«When in the Course of human events, it becomes necessary for one people to dissolve the political bands which have connected them with another, and to assume among the powers of the earth, the separate and equal station to which the Laws of Nature and of Nature's God entitle them, a decent respect to the opinions of mankind requires that they should declare the causes which impel them to the separation.

We hold these truths to be self-evident, that all men are created equal, that they are endowed by their Creator with certain unalienable Rights, that among these are Life, Liberty and the pursuit of Happiness.--That to secure these rights, Governments are instituted among Men, deriving their just powers from the consent of the governed, --That whenever any Form of Government becomes destructive of these ends, it is the Right of the People to alter or to abolish it, and to institute new Government, laying its foundation on such principles and organizing its powers in such form, as to them shall seem most likely to effect their Safety and Happiness.»
Aqui estão formulados os meus votos para 2011. Que compreendamos o porquê de aqui termos chegado para que, finalmente, possa começar o processo da nossa regeneração.

You are trying to confuse me with facts!

Perspectivas para 2011 e seguintes

HYPERINFLATION WILL DRIVE GOLD TO UNTHINKABLE HEIGHTS, por Egon von Greyerz. Alguns excertos:
"We now live in a world where governments print worthless pieces of paper to buy other worthless pieces of paper that combined with worthless derivatives, finance assets whose values are totally dependent on all these worthless debt instruments.  Thus most of these assets are also worthless."
"Let us be very clear, this financial Shangri-La is now coming to an end. The financial system is broke, many western sovereign states are bankrupt and governments will continue to apply the only remedy they know which is issuing debt that will never ever be repaid with normal money".
"So why does the world still believe that the financial system is sound?
  • Firstly, because this is what totally clueless governments are telling everyone and this is what investors want to hear.
  • Secondly, whether governments apply austerity like in parts of Europe or money printing as in the US, investors want to  believe that any action by government is good, however inept.
  • Thirdly, market participants are in a state of false security due to shortsightedness and limited understanding of history.
  • Fourthly, as long as they can benefit from inflated and false asset values, the market participants will continue to manipulate markets.
  • Fifthly, there has been a very skilful campaign by the US to divert the attention from their bankrupt economy and banks `to small European countries like Greece, Ireland or Portugal. These nations, albeit in real trouble, have problems which are miniscule compared to the combined difficulties of the US Federal Government, states, cities and municipalities."

Camille Pissarro - Le Jardin de Pontoise

Clicar para ampliar a  imagem

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Tere Tulemast Titanicule!

Para quem não saiba, anote-se que a Estónia irá aderir ao euro a partir de 1 de Janeiro próximo. Daí a mensagem de boas vindas que encima o cartaz (em estoniano).


(Via Zero Hedge)

Personagens e acontecimento do ano por cá


Leonor Beleza


António Champalimaud

 
Fundação Champalimaud
 

Personagens e acontecimento do ano no mundo


Bradley Manning e Julian Assange

Segredo de Estado

Zapatero e Sócrates: a mesma luta

O senhor da fotografia ao lado anunciou hoje que a subida da electricidade em 9.8% em 2011 é "forte e excepcional", ainda que tenha assinalado que é necessário que o preço da electricidade seja "razoável no futuro" e corresponda aos custos da sua produção. Palavras sábias dirão.

Lá como cá a paranóia das novas renováveis associadas à prática de inacreditáveis níveis subsidiatórios só podia ter dado no que deu. Ademais quando, em paralelo, o paladino da energia verde, subsidia também generosamente as minas de carvão altamente ineficientes a bem da "protecção ao emprego" e, exclusivamente por razões ideológicas, descarta a energia nuclear que pretende mesmo descontinuar.

Esta esquizofrenia energética, apenas decorrente de opções ideológicas, levou a que o défice tarifário em Espanha atinja a astronómica verba de 25 000 000 000 (vinte e cinco mil milhões) de euros, cerca de 17 vezes mais da correspondente à que existia em 2004 quando Zapatero chegou ao poder.

Por cá, em 2011, a grande maioria dos consumidores domésticos verá a sua factura de eletricidade agravar-se em 3.8% enquanto a das empresas chegará a 4% ou 10% no caso das grandes empresas. Mas como esta "novidade" conflituava com a "agenda de crescimento" já foi anunciado que Sócrates arranjará maneira de amenizar a factura da electricidade. Como? Está bem de ver, não está? Com mais um subsidiozito ou aumento do défice tarifário. Ah!  Que amigos que nós somos...

Debates e Presidenciais

Devo começar por confessar que não vi nenhum dos debates televisivos, o que é indicativo do meu entusiasmo relativamente às próximas eleições presidenciais. Quando olhamos para a absoluta vacuidade, sucessivamente repetida ao longo de décadas, do único challenger ao actual inquilino do palácio de Belém, é-me fácil desculpar-me deste alheamento.

Hoje,  no Público, depois de ler Pedro Lomba e preparando-me para ler Helena Matos (costumo ler o jornal da última para a primeira página), reparo no título do editorial colectivo: "O debate em que Alegre regressou". Faço um esforço e leio-o. Fiquei a saber que o "colectivo" do Público acha que "(...) Alegre ganhou o debate de ontem. E, talvez mais importante que isso, Cavaco perdeu-o. O candidato apoiado pelo PS e pelo Bloco conseguiu surpreender pela forma ponderada com que se apresentou. Explorou muito bem as contradições do adversário e conseguiu falar para os eleitores do centro, o que foi decisivo". Já Cavaco "[f]icou prisioneiro do seu guião (...) [f]oi arrogante. E facilitou a tarefa ao seu adversário(...)".

Hoje, depois da visita ao ABC do PPM, reforcei duas ideias: a primeira é que o Público se esforça, com denodo, por merecer o longo caminho do definhamento que está a trilhar; a segunda é que, como seria de esperar, "[s]e os debates contassem para alguma coisa, este contava para dar uma vitória ainda mais esmagadora ao Presidente da República".

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Défices há muitos (2)

Há um par de meses atrás manifestei a minha estranheza pelo facto de tão poucos economistas virem publicamente questionar a absurda política energética que tem vindo a ser seguida assente em subsídios escandalosamente generosos que, naturalmente, consumidores e contribuintes (individuais ou colectivos), mais cedo ou mais tarde, serão chamados a pagar.

De então para cá, a Mira Amaral e Campos e Cunha, vi também Manuela Ferreira Leite juntar-se ao grupo que se atreve a questionar o establishment. Ontem foi a vez de Paulo Pinho vir publicamente expressar a sua opinião em artigo que bem vale a pena ler (cinco submarinos é o montante a que ascendem os "Custos de Interesse Económico Geral"). São ainda muito poucos mas, para quem tenha estado atento aos jornais nas últimas semanas - especialmente o Público e o Expresso após a iniciativa da DECO -, vê que este vírus benigno chegou - finalmente! - aos jornalistas. Não sou tão optimista quanto o Prof. Pinto de Sá denota no seu post Missão cumprida, mas estou bem mais optimista na possibilidade de combater o voluntarismo irracional do Ingº. Se não sustido, que pelo menos venha a ser fortemente restringido. Nesta luta, o blogue Ecotretas ocupa um mais que merecido lugar de destaque. 

Lendo os outros

Julian Simon uma vez mais

Print, print, print

Na sequência deste video e com a devida vénia ao Zero Hedge:

Fotografias de 2010

Não deixem de visitar as fotografias do ano proporcionadas pelo Wall Street Journal. São belíssimas mesmo quando retratam situações de catástrofe como a que sucedeu na Madeira em Fevereiro.

Da abjecta mistificação à hipótese de global cooling

O que se está a passar com o branco e espesso manto de aquecimento global um pouco por toda a Europa Ocidental e que constitui o terceiro ano seguido de rigorosa invernia na Grã-Bretanha, é motivo para chalaça relativamente às previsões do Met Office produzidas pelos seus fantásticos computadores de dezenas de milhões de dólares. Chistopher Booker, no seu estilo habitual, ridiculariza um dos mais importantes epicentros do evangelho do "aquecimento global" e fustiga os políticos que "consultam" o Met Office para "tomar medidas" em face das previsões desta instituição. Como, segundo eles, a probabilidade de o inverno ser rigoroso era muito baixa, o Governo britânico não tomou as necessárias medidas em antecipação ao colapso do sistema de transportes que se veio a verificar provocado pela copiosa queda de neve.

Associando-me ao tom de Booker, acho bem oportuno o clip que se segue (via Portugal Contemporâneo) onde Piers Corbyn, respaldado em anteriores previsões levadas a efeito por si e pela sua equipa que se revelaram, essas sim, verdadeiras, antecipa um próximo Global Cooling. O último a rir...

A verdade a que os cidadãos têm direito

Como nós portugueses bem sabemos, o deixar por resolver - em definitivo e de uma penada - uma situação estranha, um aspecto a merecer clarificação, até mesmo uma insinuação, só contribui para o agravar da suspeita. Sucede que há dois anos que permanece na internet a dúvida sobre a efectiva naturalidade americana de Barack Obama. Dir-me-ão: isso é apenas uma calúnia por parte de alguns que continuam sem aceitar que os americanos tenham elegido um negro como Presidente (pesquisar no Google por "birthers"). Talvez. Mas quando três jornalistas de tendência democrata (Chris Matthews (MSNBC), Clarence Page (Chicago Tribune), and David Corn (Mother Jones)) reclamam que seja exibida a certidão de nascimento completa de Barack Obama, o que havemos de pensar?


(Via Lew Rockwell)

Correlação, causalidade e Estado Social

Ao ler esta "notícia", que não me merece nenhum crédito, pelo menos quanto aos termos das hipóteses adiantadas para explicar uma (eventualmente aparente) constatação, recordei-me duma história, verdadeira, formulada por Thomas Sowell (a quem já aludi aqui) no seu livro "The Housing Boom and Bust", de 2009 e que agora vou disponibilizar na vitrina das "Leituras".

Conta Sowell que no início dos anos 90 do século passado, a imprensa americana, baseada na leitura (apressada) de um estudo empírico por parte da Fed, clamou pelo fim das iniquidades que o dito estudo aparentemente evidenciava. À época, o normalmente circunspecto Wall Street Journal chamava à primeira página a notícia: "When it comes to buying a home, not all Americans are created equal. If you're black, it's twice as likely your mortgage application will be rejected as it is if you're white". No mesmo New York Times que agora se interroga Do Lesbians Earn More Than Heterosexual Women? podia ler-se: "The most comprehensive report on mortgage lending nationwide ever issued by the Government shows that even within the same income group whites are nearly twice as likely as blacks to get loans".

Perante tão "evidentes" factos, estava criada a pressão social para que o Governo actuasse e corrigisse a evidente falha do mercado desta vez assente em insuportáveis preconceitos raciais. Instalava-se a lógica conhecida por "Do something!". Assim, em paralelo com iniciativas vindas do New Deal relativas à promoção de "affordable housing", urgia equilibrar racialmente a concessão de empréstimos hipotecários. Em rigor, instalou-se uma pressão (por parte das autoridades federais) junto das instituições bancárias para a concessão de verdadeiras quotas de crédito hipotecário, racialmente determinadas. As orientações para que as "Governement Sponsored Entreprises" Fannie Mae (criada em 1938) e Freddie Mac cobrissem os riscos que a concessão de crédito hipotecário cada vez menos prudente (subprime borrowing) implicava, levaram ao monumental estouro que colocou os Estados Unidos e boa parte do mundo ocidental em sériíssimas dificuldades de que ainda não sabemos quando, e em que condições, iremos sair. Esta política da promoção do "affordable housing" atravessou transversalmente as presidências democratas e republicanas de George H. Bush, Bill Clinton e George W. Bush e não há sinais que algo tenha mudado seriamente com Barack Obama.

E todavia, uns anos depois (2000), novos dados vieram demonstrar que enquanto 44.6% dos negros viram recusados os seus pedidos de empréstimos hipotecários, o mesmo só sucedeu a 22.3% dos brancos. O curioso é que, saindo da dicotomia negro-branco, só 12.4% dos pedidos de Americanos de origem asiática e nativos do Hawai foram recusados! Afinal também os brancos estavam a ser discriminados(!) embora tal notícia nunca tenha chegado a sê-lo.

E quando à suposta discriminação evidenciada para dados intervalos de rendimento, convém não esquecer que um dos factores mais importantes numa concessão prudente de crédito assenta na riqueza dos candidatos, no anterior historial de crédito, na dívida já contraída, etc, etc.

Este livro de Sowell, perfeitamente acessível pela fuga propositada ao economês e escrito de uma forma admiravelmente clara é em primeiro lugar um exemplo de que correlação não significa causalidade e que a "correcção" das supostas falhas do mercado e a promoção voluntarista por parte do Governo de novas investidas do Estado Social, assente em crédito artificialmente barato, pode ter (quase sempre tem) consequências trágicas.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Banco central, moeda e protecção da poupança

Judge Napolitano, no seu programa Freedom Watch, é sempre um agressivo defensor das soluções proporcionadas pelo mercado assestando frequentemente as suas baterias contra a Fed. No clip abaixo, Steven Horowitz e Jim Rogers explicam por que razões defendem que a Fed deveria acabar.

Krugman Should Study Julian Simon

Julian Simon
Paul Krugman
Já aqui falei de Julian Simon a propósito da desmontagem da recorrente falácia do esgotamento de recursos naturais. Por muito que não goste de Paul Krugman - e não gosto mesmo - não imaginava contudo que, também ele, se mostrasse defensor da falácia que Julian Simon tão eloquentemente demonstrou na sua célebre aposta com Paul Ehrlich. Mas é exactamente para isso que Don Boudreaux nos chama a atenção no seu post Krugman Should Study Julian Simon. Quem diria.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Um exemplo de frete ao Governo


Reparem na imagem acima - obtida cerca das 23:25 de hoje no Jornal de Negócios - e na mensagem que a notícia retratada veicula. Os prémios de risco exigidos por quem (ainda) nos empresta dinheiro estão a subir mas menos do que de manhã, o que só pode significar que a "situação está a melhorar" ou, pelo menos, no linguajar socratês, que há "razões para estarmos confiantes".

Sucede que esta "notícia" acontece numa altura em que os credit default swaps, para a dívida soberana a 5 anos, nos atiram para o 4º lugar mundial(!) no risco de bancarrota, como se pode ver na imagem seguinte, obtida cerca das 23:30 de hoje, com uma probabilidade de default de 35.9%! 

Fabricando desemprego

O desemprego é um tema a que regresso com alguma frequência. Em Este país não é para jovens abordava a relação entre a rigidez do mercado laboral (liberdade de contratar e despedir) e a precariedade contratual resultante, pedindo "emprestado" um gráfico ao Prof. Álvaro Santos Pereira; já em Salário mínimo e Samoa Americana ilustrava a relação económica existente salário mínimo e desemprego.

Hoje, na sequência da recente decisão governamental de aumentar em 10 euros o salário mínimo nacional (SMN), a partir de 1 de Janeiro próximo, ouvi da boca de Bernardino Machado, na SIC-N, a repetição da extraordinária afirmação que empresas que não possam pagar os 500 euros que ele e o PCP, reclamam para o SMN, são empresas que não têm condições para sobreviver. Ou seja, deviam fechar. Ou seja, Bernardino Machado defende explicitamente o aumento do desemprego!
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Adenda: vale a pena ler estes posts de Vítor Bento sobre este último tema. Aqui e aqui.

Exercício de memória (2)

Uma das poucas razões "racionais" para continuar a ler o Público reside na qualidade de um punhado de cronistas que muito aprecio. Helena Matos é um deles. Entre muitas das qualidades que lhe reconheço na sua qualidade de blogger é o poder do indexador que possui para lembrar factos. Agora que alguns se dedicam, como Edite Estrela, a procurar motivos para atacar o candidato Cavaco no desgraçadamente actual "buraco" do BPN, Helena Matos faz-nos recordar a história de um certo Menino de Oiro, contada em livro, e a quem coube a sua apresentação pública.

Aliás, e a propósito da busca nos baús que provavelmente se irá intensificar à medida que o inevitável se aproxima, não me parece que a tentativa da candidatura de Alegre de "provar" a inexistência de credenciais anti-fascistas de Cavaco tenha dado bom resultado até porque essa tentativa veio reavivar a memória de outros, como esta notícia o demonstra.

Uma notícia positiva ainda que politicamente incorrecta

Após um longo interregno, saúdo o regresso do Prof. Pinto de Sá num post muito interessante que é obrigatório ler e que mais uma vez demonstra que o mercado, por si só, é capaz de descobrir alternativas na utilização de recursos tornando-os disponíveis porque tecnologicamente utilizáveis a custos exequíveis e - pasme-se! - sem recurso a subsídios.

Um Feliz Natal retroactivo

Não sou religioso, embore me interesse bastante pela religião. Reparando agora que o post mais recente que escrevi foi a 23 de Dezembro e que não tive a delicadeza - de que me penalizo - de anunciar que estaria uns dias sem "blogar", não há dúvida que o Natal continua a representar para mim a festa da família. Que os meus leitores também tenham tido uma bonita festa de Natal!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

E se aplicássemos por cá o que R. Castro anuncia por lá?

O título deste post corresponde sensivelmente ao post de Kel Kelly (*) If only our rulers were more like Cuba’s. Agora que Raul Castro anuncia que, como o socialismo em Cuba não está a funcionar, é preciso recorrer ao capitalismo (ainda que em doses moderadas e naturalmente para salvar o socialismo...) e que para mais, ao contrário do que muitos cubanos pensavam, é mesmo necessário que todos tenham que trabalhar, Kelly questiona-se por que razão este movimento (substituição de socialismo por capitalismo) é exactamente o oposto do que é seguido nos denominados países desenvolvidos.

(*) - Autor já aqui referenciado nomeadamente a propósito da sua obra "The case for legalizing capitalism"

A Alemanha e o futuro do Euro

O livro que se mantém na vitrina, "The Tragedy of the Euro", de Philipp Bagus, contém uma resenha histórica da evolução do projecto de integração europeia desde os tempos da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço - CECA (criada em 1951 pelo Tratado de Paris) passando pelo EURATOM e pela Comunidade Económica Europeia (criadas pelo Tratado de Roma em 1957) passando pela Comunidade Europeia até à actual União Europeia. O autor defende a tese de que desde o início se têm defrontado duas perspectivas distintas para o processo de integração europeia. Uma, de pendor mais liberal, apostando na preservação de uma Europa de nações e das suas diferenças, cujos protagonistas principais têm sido a Alemanha, a Holanda e a Grã-Bretanha; a outra, especialmente acarinhada pelos partidos socialistas, nomeadamente o Francês e os dos países mediterrânicos, que tem promovido uma visão voluntarista de engenharia social europeia que, entre outras características, persegue o combate ao poderio económico e, portanto, político, da Alemanha tendencialmente imperial (para quem continua a manter uma leitura ortodoxa das origens das duas Grandes Guerras).

Perante a crise do euro que vimos assistindo estas duas correntes políticas têm, naturalmente, defendido posições distintas. Os que querem "domar" a Alemanha e reforçar o projecto político europeu (leia-se, colocar a Alemanha a subsidiar os países atavicamente mal-comportados) avançam, por exemplo, com a proposta de lançamento de dívida pública europeia (eurobonds) e com a fuga para a frente que representaria a transferência para Bruxelas dos instrumentos de política orçamental, ou seja, para a criação decidida de uma Europa federal. Por seu lado, os defensores da perspectiva liberal não querem ouvir falar nisto sequer continuando a defender um projecto de integração mas no respeito da diversidade ciosos da preservação da soberania que ainda mantêm face a Bruxelas.

É por tudo isto que aconselho vivamente a leitura desta entrevista promovida pela Der Spiegel onde participam dois renomados economistas alemães que são intérpretes razoavelmente fiéis às duas correntes atrás enunciadas. É uma entrevista particularmente interessante já que não se refugia num economês para iniciados.

Banco Central: uma questão de poder por Tom Woods

Tom Woods, historiador a que fiz referência no post Direitos naturais explica-nos em 3 minutos a falácia do Banco central (entidade monopolista na emissão de moeda) ao mesmo tempo que recorda um par de factos históricos que muitos desconhecem ou fazem por se esqueecer...

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

WikiLeaks, WikiDrama and WikiGossip

Embora já com alguns dias, dei de conta com um post que julgo muito interessante no Washington's blog.

Cheguei lá por entretanto se dar por confirmado que será o Bank of America a ser alvo, no início do próximo ano, de nova investida reveladora do Wikileaks. Note-se que, medido pelo valor dos activos, o Bank of America é o maior banco americano. São também correntes os rumores, muito intensos, sobre a falta de solidez do seu balanço. A seguir com muita atenção.

Fact-checking

Confrontar o que alguém disse que ia suceder com o que sucedeu, o que alguém defendeu no passado, às vezes recente, com o que agora defende, é uma actividade a que, infelizmente, a comunicação social um pouco por todo lado, e muito em particular em Portugal,  muitas vezes ignora. Em inglês, designa-se por  fact-checking essa actividade trabalhosa, é certo, mas indispensável para desmascarar os pantomineiros habituais da aldrabice e revelar a qualidade do serviço público, ou a sua ausência, por parte dos media.

Este post do WattsUpWithThat é um dos melhores exercícios de fact-checking a que tive acesso ultimamente pondo a ridículo uma das principais instituições alarmistas de todo o mundo: o Met Office. A sucessivas profecias de invernos amenos sucedem-se, de forma impiedosa, tempos de frio e neve intensos.

Já sabíamos que qualquer acontecimento de frio intenso ou de verão ameno resulta do "tempo" e não do "clima" (ao contrário da situação inversa, onde todo o acontecimento decorre do "aquecimento global", leia-se, do "clima". É por isso que o quarto ano consecutivo de Outonos gélidos e de neve intensa na Grã-Bretanha não podia deixar de ser consequência do - adivinharam - aquecimento global. Pelo menos na opinião do alarmista residente do Guardian, George Monbiot.


É como dizer: se concordas comigo, estás certo; se discordas estás errado. Independentemente dos argumentos que se terçem. É o que acontece quanto se adopta uma religião fundamentalista. 
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Adenda: ver a diferença abissal para quem trata de problemas de enorme complexidade com humildade (Via O Insurgente).

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Palavras para quê?

Segundo se pode ler no Diário de Notícias,

"A construção das linhas Lisboa-Madrid e Porto-Vigo foi atrasada e a linha Porto-Lisboa foi adiada.", afirmou à TVI o comissário europeu para as políticas regionais, Johannes Hahn, vincando que esta decisão não terá consequências ao nível dos apoios comunitários: "O plano de construção entre 2007-2013 é meramente indicativo. Nada obriga a que as linhas sejam construídas, indica apenas que são consideradas prioritárias".

O executivo já reagiu à notícia, vincando que não se trata de uma novidade, pois este adiamento já estava previsto no Plano de Estabilidade e Crescimento para o triénio 2010-2013(!)

Consequências inesperadas (2)

Como se pode ler no Zero Hedge, os 10 minutos deste vídeo absolutamente imperdível, fariam de Stalin um homem orgulhoso ao ver o resultado prático das lunáticas acções decorrentes da insistência reforçada no planeamento centralizado ainda que, no caso, nos EUA.

O artista

O Ingº, na feliz expressão de Ângelo Correia, é um artista, um grande artista! Profissional da mistificação, cultivador do oportunismo mais rasteiro, mentiroso contumaz e oportunista consabido, é useiro e vezeiro em dizer hoje uma coisa com a mesma aparente firmeza com que ontem afirmou o inverso para o voltar a fazer amanhã. Ilusionista da aldrabice, teima em querer fazer de todos os outros parvos.

Agora teve a "lata" de afirmar que a "[d]escida do défice vai "dar confiança aos mercados" o que é uma mistificação total e absoluta pois foi preciso um PEC II, uma antecipação de medidas do PEC III e um autêntico esbulho fiscal na carga fiscal para o conseguir e, mesmo assim, só à custa de uma brutal redução nas despesas de capital (investimento). A realidade é que a despesa corrente primária continua a crescer à taxa inacreditável de 4,9% única indicador que verdadeiramente permite aferir do esforço de contenção na despesa. Ora, com 4.9% de acréscimo no sector Estado, só por um atroz exercício de humor negro se pode falar de um resultado que dê "confiança aos mercados". Julgará o Ingº que somos todos indigentes mentais? Que os mercados são estúpidos? Que a sua pantominice de meia-tigela vale de alguma coisa?

Liquide-se porra!



Adenda: não esquecer de ler O método.

Empregos "verdes"


(Via A Arte da Fuga)

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Uma proposta revolucionária

Num post anterior sob o título Às mijinhas, afirmei que me dispensava de comentar as 50 redondas medidas da nova "agenda" socratina para um putativo "crescimento". Creio que o tempo justificou essa minha opção. Já não vale a pena falar de, sequer preocuparmo-nos com, cortinas de fumo.

Não posso, porém, deixar de me associar com a proposta de Tavares Moreira de substituir por inteiro as 50 medidas por uma única: «[a]trevo-me pois a sugerir que se substituam as 50 medidas por uma só, esta sim verdadeiramente revolucionária: o Estado (os vários Estados) anuncia que vai emitir dívida para pagar, no prazo máximo de 90 a 120 dias, todas as dívidas às empresas...».

O mercado de arrendamento ou a falta dele

Hoje, o tema de destaque no Público (sim, ainda continuo, numa atitude esquizofrénica, a comprar o jornal...) refere-se à enésima "iniciativa" legislativa para "dinamizar" o mercado de arrendamento. Foram já inúmeras as promessas de "dinamização" desde o 25 de Novembro de 1975 e, até hoje, são no mínimo miseráveis os resultados obtidos. A última (antes da anunciada próxima) é da autoria de Eduardo Cabrita, data de 26 de Fevereiro de 2006 e saldou-se até hoje na actualização de cerca de 1%(!) das rendas antigas que se estimava poder abranger (de contratos anteriores a 1990). Precisamente 2614 rendas até 20 de Outubro último!

Não fico surpreendido com estes resultados pois, por exemplo, apesar das parangonas com que Cabrita anunciou em 2006 que a acção de despejo, por incumprimento contratual do inquilino no pagamento da renda, passava a concretizar-se numa acção executiva ao fim de três meses, a verdade é que o simples recurso a um advogado por parte do inquilino caloteiro leva a que o despejo dificilmente se concretize antes de decorridos dois anos e após intervenção do tribunal.

Recordava-me de ter lido algures que bombardear uma cidade ou instituir um sistema de congelamento de rendas acabava, ao fim de algumas décadas, por provocar efeitos semelhantes: a sua destruição. É o que sucedeu nos centros históricos das nossas cidades como Lisboa, Porto, Coimbra, Setúbal ou Faro. que estão, literalmente, a cair.

Entretanto, pelo facto - compreensível - de o mercado de arrendamento ser mínimo e de especialmente a adesão ao euro nos ter possibilitado o acesso ao crédito a taxas de juro alemãs, tornámo-nos num país de proprietários (sob hipotecas) o que coloca centenas de milhares de famílias à beira do precipício quando as taxas de juro inapelavelmente subirem.

Meus caros amigos: se têm poupanças constituídas, aconselhava-os a liquidar ou, pelo menos, a reduzir os vossos empréstimos junto da banca. É talvez a melhor e mais segura aplicação financeira que possam fazer.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Mediterranean Sundance

Por: Paco de Lucia, John McLaughlin , Al Di Meola

Tenho impressão que já ouvi isto (muitas vezes)


"O rectificamos o ya se acaba el tiempo de seguir bordeando el precipicio, nos hundimos, y hundiremos (...) el esfuerzo de generaciones enteras".

"Nos faltó cohesión, organización y coordinación entre el Partido y el Gobierno. El Partido debe dirigir y controlar y no interferir en las actividades del Gobierno a ningún nivel",

"Es mucha la sangre derramada por nuestro pueblo para aceptar el desmantelamiento de lo logrado al precio de tanto sacrificio".

Pergunta simples, resposta controversa

À especial atenção do leitor Jo que pretendia que lhe fornecesse indicação sobre a evidência da evolução das temperaturas para assim poder concluir se existe ou não "aquecimento global". O boneco abaixo pode ajudar a perceber que a "evidência" afinal não a é para todos os olhos. Steven Goddard explica a coisa.

Por uma vez, um elogio a um membro do Governo

«[C]onseguir libertar o país da tutela das ordens profissionais na entrada das profissões é um elemento fundamental, sobretudo em período de crise económica. O que se está a passar é uma canibalização do mercado de trabalho em torno das profissões qualificadas, em que os que estão instalados criam uma fronteira para ninguém mais entrar. Ou melhor, talvez entre o filho de um deles, pronto» - Mariano Gago, nas Jornadas Parlamentares do PS, citado pelo Público de 18-12-2010

Por que razão não compram as pessoas ouro?

À especial atenção do leitor Sérgio Costa:

Como equilibrar o orçamento sem aumentar os impostos

Sou daqueles que defende que os princípios que regem a economia doméstica devem ser os mesmos aplicados aos estados. Eis aqui uma receita para, em 2020, sem grande dor, se obter um orçamento equilibrado. [O caso apresentado no clip abaixo respeita aos EUA, mas o mesmo vale para qualquer país, Portugal incluído. No fundo, como sabemos, tudo depende da qualidade do "chef".]


(Via Reason.Tv)

Wikileaks e Hipocrisias (2)

Obrigatório ler Javier Moreno, hoje, no El Pais, Lo que de verdad ocultan los Gobiernos. Alguns excertos (realces meus):

«[T]engo para mí que el interés global concitado por los papeles de Wikileaks se explica principalmente por una razón muy simple, pero al mismo tiempo muy poderosa: porque revelan de forma exhaustiva, como seguramente no había sucedido jamás, hasta qué grado las clases políticas en las democracias avanzadas de Occidente han estado engañando a sus ciudadanos

«Me interesa más señalar que la publicación de los cables secretos revela por añadidura que, colectivamente, la clase política en Occidente era consciente de la situación en Afganistán, de las turbias maquinaciones de Pakistán o de las ambigüedades de los países árabes aliados de Washington, por limitarme únicamente a los ejemplos antes citados, en un ejercicio de doble moral sin muchos precedentes conocidos. Sabían, pero ocultaban. Y los destinatarios de semejante impostura eran sus electores, las sociedades con cuyo esfuerzo en soldados y en impuestos se sostiene la guerra en Afganistán. No me parece ya exagerada la comparación de agudos observadores, como John Naugthon, cuando señalan que el régimen de Karzai resulta igual de corrupto y de incompetente que el Vietnam del Sur sostenido por Estados Unidos en los setenta. Y que Washington y la OTAN se están hundiendo en una ciénaga, la afgana, cada vez más similar a la que sufrió Estados Unidos con el régimen de Saigón hace cuarenta años.»

«Ahora sabemos además, gracias a los papeles de Wikileaks, que todos ellos son conscientes de su desgraciada falibilidad, y que sólo la inercia de las maquinarias oficiales y el poder de mantener los secretos les evitan tener que rendir cuentas ante los ciudadanos, razón última en una democracia

«Es tarea de los Gobiernos, no de la prensa, mantener los secretos mientras puedan, y no seré yo quien discuta su derecho, ciertamente legítimo, a hacerlo así siempre que ello no encubra hechos dolosos o engaños a los ciudadanos.»

sábado, 18 de dezembro de 2010

The Welfare State Deconstructed in Three Minutes…


(Via Lew Rockwell)

Ligados à máquina e de mão estendida

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Sócrates está confiante que finalmente os mercados abandonem a sua irracionalidade(!) e reconheçam nas redondas(*) 50 medidas da mais recente "agenda", a evidente(!) determinação do governo em atacar oso problemas de que padecemos (leia-se, dos que Berlim diz que temos) . Sucede que os mercados que já assistiram aos sucessivos PEC (até ver, vamos no 3,5) teimam em não ver a "evidência" e ainda esta semana nos aplicaram mais um correctivo quando colocámos dívida pública a três meses praticamente ao dobro de há ummês atrás. A aparente acalmia nos títulos da dívida a 10 anos deve-se - só e apenas - às intervenções no mercado secundário por parte do BCE. Como António Borges afirmou há umas semanas atrás, continuamos de joelhos perante o BCE. Luís Marques, hoje no Expresso, tem uma crónica particularmente sarcástica mas não menos certeira sobre mais uma iniciativa do Ministro perdido, Teixeira dos Santos, em mais um périplo de mão estendida.

Despautério dos aumentos na factura de electricidade

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Furioso com os aumentos de electricidade doméstica (3,8%) anunciados para 2011, caro leitor? Surpreendido com os aumentos (entre 4 e 10%) que as empresas irão sofrer na sua factura energética - em especial as exportadoras - quando o governo, bombasticamente, e por fim ouvindo as vozes de bom senso que falam há anos sobre a necessidade de apostar no chamado sector transaccinável, arranjou agora uma (pífia) "agenda" exportadora? Convido-o a ler Mira Amiral que ontem, no Público, explica mais uma vez o que se passa chamando os bois pelos nomes.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Do buraco ao buracão

Pessoalmente não me considero satisfeito com as explicações que o Governo tem adiantado (a conta-gotas) relativamente às razões do descontrolo orçamental. Se bem tenho presente, para além da desculpa coxa dos submarinos e da evolução menos favorável da receita não-fiscal (multas, taxas, etc.), a evolução da despesa na saúde explicava 500 milhões do acréscimo projectado no défice (antes da receita extraordinária do fundo de pensões da PT). Agora, se isto for verdade, ainda vamos falar muito sobre o défice do orçamento em 2010 e a situação para 2011 tornar-se-á ainda mais dramática.

Keith Jarrett - All The Things You Are

Claude Monet - Rue de la Bovelle

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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O manto branco e espesso do "aquecimento global"

Já há muito sabemos que os alarmistas descartam quaisquer manifestações de frio intenso como aquelas que estão a ocorrer agora na Europa Ocidental, ou como as baixas temperaturas que aconteceram ao longo da conferência de Cancún, como explicáveis pela afirmação de que o tempo e o clima são coisas muito diferentes. Claro está que, para quaisquer manifestações de calor, essa asserção nunca é invocada pelos alarmistas sendo antes prova do famigerado "aquecimento global". Os ingleses que nos últimos quinze dias têm estado cobertos por um manto espesso de um "aquecimento global" muito especial começam, crescentemente, a interrogar-se se tudo não passa de afinal mais um scam, de uma intrujice. O clip abaixo é disso exemplo.


Claude Monet - La Promenade

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Há algo de novo na América

A entrevistadora também se intriga com isto. A capa do livro de Ron Paul é inclusivamente mostrada! E estamos a falar da CNBC!

Direitos naturais

Thomas Woods é um historiador de créditos firmados, assumidamente católico e autor de vários títulos de que destacaria "The Politically Incorrect Guide to American History" e "Meltdown" que foram best-sellers pelo New York Times em 2004 e 2009, respectivamente. É também autor de um livro bem interessante, traduzido em português europeu, com o título "O Que a Civilização Ocidental Deve À Igreja Católica".

Nesta palestra aborda a evolução da doutrina dos direitos naturais desde os escolásticos do século XII, à Escola de Salamanca do séc XVI, John Locke, etc, para chegar ao debate sobre o "direito aos direitos".

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Sucesso ou embuste?

Tinha a impressão de ter lido ou ouvido algo como isto: o Ministério da Educação não divulgava a lista das escolas onde se realizaram os testes PISA por "razões de confidencialidade" para com a OCDE. Cheirou-me a esturro. Leio aqui que a minha impressão tinha razão de ser. Porém, a própria Ministra, hoje no parlamento, diz que o "Ministério da Educação não sabe quais as escolas que fizeram os testes PISA". Mais uma trapalhada.

Após uma visita ao Reitor e à Educação do meu Umbigo, as suspeitas parecem-me esmagadoras.

Vergonha (2)

Foto do El Pais

Tal como sucedeu com Liu Xiabo, Prémio Nobel da Paz 2010, também Guillermo Farinas foi impedido de ir receber pessoalmente o Prémio Shakarov de Liberdade de Consciência 2010. Uma cadeira vazia simboliza o desprezo da liberdade por parte dos comunistas cubanos, como dos comunistas chineses.

Previsão do tempo: mudança de quadrante do vento

"Relatório da ERC mostra falta de pluralismo partidário na RTP", noticia o Público, acrescentando ainda que "[e]mbora cumpra genericamente as quotas de representação político-partidária que deve consagrar ao Governo e PS e oposição, a RTP não assegura a presença suficiente do PSD em antena. O caso torna-se mais polémico pelo facto de ser o terceiro ano consecutivo em que isso acontece e também por ser aquele em que o desvio em relação ao valor de referência é o maior".

Às mijinhas

Foto retirada daqui
Às 20:36 o Jornal de Negócios anuncia mais 50 medidas do Governo de que dispenso de comentar para evitar acusações de mau feitio. Ademais, quando às 21:06, o mesmo Jornal de Negócios anuncia que "Sócrates admite reforçar medidas para estimular a economia portuguesa" será necessário algum comentário?

O gelo da realidade

Mercê da intervenção de emergência do BCE, as taxas de juro das Obrigações do Tesouro a 10 anos baixaram dos 7% e têm rondado nos últimos dias os 6,5%.

Hoje, para assinalar a última emissão de dívida este ano, com maturidade de três meses (Bilhetes do Tesouro), tivemos que suportar yields (taxas médias) de 3.4%, quase o dobro do que tínhamos pago na última emissão, com a mesma maturidade, no início do mês de passado (1,818%). 

O bailout é, parece-me, inevitável. Para boa parte dos analistas internacionais há umas semanas que é um dado adquirido.

Desculpem a insistência

Insisto: isto


quer dizer isto:

Ellsberg, Woodward e Assange. Porquê a diferença?

Acho isto cada vez mais deplorável e custa-me a entender que haja quem se apresente como defensor de um Estado de Direito e nada tenha a apontar ao que está a suceder a Assange face às acusações(?) que é alvo por parte da justiça sueca e tão diligentemente "amparadas" pelas autoridades britânicas judiciárias(?). Ocorre-me, por exemplo, o caso de Vale e Azevedo.

Bob Woodward and Carl Bernstein, usando como fonte "Garganta Funda", expuseram o caso Watergate. Quantos segredos de Estado violaram? Aliás, ainda há uns meses, Woodward publicou Obama's Wars. Ao fazê-lo, como refere o Professor de Direito de Harvard, Jack Goldsmith, «with the obvious assistance of many top Obama administration officials, disclosed many details about top secret programs, code names, documents, meetings, and the like. I have a hard time squaring the anger the government is directing toward wikileaks with its top officials openly violating classification rules and opportunistically revealing without authorization top secret information

E que dizer de Daniel Ellsberg e dos Pentagon Papers divulgados ao mundo em 1971 no New York Times que, nomeadamente, contavam outra história do Vietnam que não a muito diferente mas oficial?

Qual é a diferença para Assange? Porquê o apelo à caça e ao assassínio? Porque não se ouve que esteja em marcha um conjunto de processos judiciais contra o New York Times, Guardian, Spiegel, Le Monde e El Pais? Daí que seja lógico que acompanhe a questão que David Friedman formula: «The question at this point is whether when the government fails to keep something secret, when it gives access to its secrets to someone who proceeds to pass them on, it is entitled to put the genie back in the bottle by making everyone whom they have been passed on to, at least everyone with the ability to publicize them, shut up.»

E para aqueles cuja "linha de defesa" passa por considerar indispensável e inviolável o segredo na arte da diplomacia, convidava-os a reflectirem com o João Miranda: Porque é que aqueles que tanto defendem o segredo diplomático são também aqueles que defendem o direito dos estados em se espiarem uns aos outros?

(Via EconLog)

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Édouard Manet - Varanda

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O dia em que o dólar morreu

JoNova escreve:
You might think inflation and climate science are only linked metaphorically. But the corruption in science is fed by the corruption in our currencies.
The monetary system that allows a privileged few to print money from nothing is the same system that allows massively misdirected spending. When there are so few controls on the growth of money, there is less negative feedback, fewer brakes and virtually no limits. If the system is swimming with easy money, people can “afford” to build wildly extravagant and unproductive things, like wind-farms, carpets of solar panels, or symbolic rivers of blue plastic.
Concordo em absoluto tanto mais que a actividade de "imprimir" moeda se faz no silêncio de uns gabinetes por parte de instituições supostamente independentes dos governos (os bancos centrais) num regime de uma opacidade quase total porque não sujeita a escrutínio público e às eventuais sanções que adviriam desse escrutínio. Pretendem convencer-nos que tudo é feito em nosso próprio benefício mas não merecemos uma explicação porque, supostamente, se tratam de assuntos muito "técnicos" só ao alcance dos entendidos. O mesmo sucede quanto ao "aquecimento global", os níveis "alarmantes de CO2 e os inenarráveis subsídios concedidos às novas renováveis. Como, supostamente, "a ciência está estabelecida",  tudo se empacota em "Custos Económicos de Interesse Geral" em que está tudo bem, não sendo possível reduzi-los (pois não, eles irão é aumentar...) como o inefável Zorrinho, há dias referiu. E quem vier à frente que se lixe que a coisa vai andando enquanto nos emprestarem dinheiro (o nosso Banco de Portugal não tem poder para "imprimir" euros...) seja na China, em Timor-Leste ou no Brasil, num périplo de pedinte de mão-estendida que não se via há mais de um século. O desemprego num máximo de 100 anos e a dívida pública em % do PIB mais elevada dos últimos 160 é, numa penada, onde nos encontramos (dados do Desmitos).

Por tudo isto aconselho o visionamento do clip seguinte que antecipa um cenário considerado possível por cad vez mais especialistas. É o resultado da destruição da moeda (no caso, o dólar), na senda do que já Lenin afirmava que "não há melhor maneira de destruir o sistema capitalista que destruir (desvalorizar) a moeda sob a qual este assenta.

Espanha não é Portugal

mas nada como uma imagem (Zero Hedge) para contextualizar a negação. E todos sabemos o que significa negar uma negação.

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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

1 000 Referências de Arrefecimento Global


De 2004 a 2010. Há muito por onde escolher. Em latitude e em longitude. No Popular Technology.

O grande nó a desatar

Ramiro Marques escreve no ProfBlog:
As únicas medidas que resultam, eles [José Sócrates e Teixeira dos Santos] não as querem tomar: a redução das funções do Estado, pondo termo ao monopólio estatal na prestação de serviços, E não querem reduzir o peso do estado na economia e na sociedade por uma única razão: é lá que estão os empregos milionários para eles, os filhos deles e os filhos dos filhos deles. Tão simples como isso. Empurram o patriotismo com a barriga. Colocam os interesses do partido acima dos interesses do País.
Há cada vez mais evidências de que os actuais governantes, se forem confrontados entre a manutenção do Estado Social (ista) e a saída do euro, optarão pela segunda. Conduzirão a maioria dos portugueses à miséria mas guardarão para eles os altos cargos no Estado e nas empresas públicas.
Ramiro Marques tem toda a razão quando defende a redução do perímetro de actuação do Estado e o desmantelamento de monopólios estatais. A meu ver, porém, não se apercebe que esse problema - o verdadeiro problema - vai bem para além do PS. A nossa direita está, de há muito, capturada por ideias socialistas e, ocasionalmente, é até mais socialista que os socialistas. Percebo a sua insistência na motivação do PS na protecção dos seus apparachiks. Mas a questão dos boys e das girls não é monocromática. Basta um pouco de memória para o reconhecer. Do meu ponto de vista o que há é uma questão ideológica a resolver - reconhecer quais são as áreas de recuo do Estado. Era isso que a oposição, hoje, devia estar a propor aos portugueses.

Este país não é para jovens

Já por aqui me referi à "dissonância cognitiva" dos nossos governantes(?) na matéria da legislação laboral que "não, nem pensar, só potenciar e dinamizar, sim mas só se, etc", cujo último episódio - que se conheça - é o subsidiar os despedimentos

O Prof. Álvaro Santos Pereira, por aqui referido frequentemente, proporciona-nos no seu Desmitos um gráfico onde se relaciona a "protecção" ao empregado, isto é, a dificuldade em proceder a despedimentos individuais, com o grau de precariedade dos contratos de trabalho. O resultado, totalmente compaginável com o que teoria económica adiantaria, é o seguinte:

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Quanto mais tempo levarmos a corrigir esta situação, maior será o desemprego entre os jovens e maior será a precariedade dos que ainda vão conseguindo arranjar emprego. A alternativa, que muitos dos mais qualificados já estão a adoptar é a emigração. Hoje, não haja dúvidas: este país não é para jovens.

A ler

Luís Meneses Leitão, Novamente o caso Wikileaks. Um excerto:
Há quem ache, porém, que o que a Wikileaks anda a fazer não é jornalismo. Resta saber então o que é jornalismo e se não se espera que numa sociedade democrática a verdade seja revelada aos cidadãos para eles poderem decidir conscientemente sobre quem deve merecer o seu voto. Cavaco Silva parece que tranquilizou os americanos sobre Guantanamo, dizendo que Portugal tem "uma imprensa muito suave". Ele lá saberá do que está a falar. Eu acrescentaria que não é só a imprensa que é muito suave. Os reguladores também são muito suaves. O Parlamento é igualmente muito suave e o próprio Presidente da República foi muito suave neste primeiro mandato. Como os portugueses são um povo de brandos costumes, temos suavidade a mais e capacidade de indignação a menos. Não admira por isso que o nosso País tenha chegado ao estado a que chegou.

Pouco convincentes

as explicações de Carlos Santos Ferreira na TVI.

Édouard Manet - Monet Painting in his Floating Studio

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sábado, 11 de dezembro de 2010

Too many or too few?

«Those [Vietnam war, Irak war] weren't caused by too many leaks. Those were caused by the absence of leaks.»
Daniel Ellsberg, responsável pela divulgação dos "Pentagon Papers"

Que os olhos vigilantes nunca se fechem

Thomas Jefferson: "Let the eyes of vigilance never be closed."
Nove perguntas endereçadas à Câmara dos Representantes por Ron Paul:
  1. Não merece o povo americano conhecer a verdade relativamente às guerras que estão a decorrer no Iraque, no Afeganistão, Paquistão e Iémen?
  2. Como é que um soldado raso [que parece ter sido a fonte original dos documentos fornecidos à Wikileaks] pode ter acesso a um conjunto tão vasto de informação considerada secreta?
  3. Por que razão a hostilidade se dirige contra Assange por ter divulgado informação secreta e não contra o fracasso do Governo que se revelou incompetente em mantê-la secreta?
  4. Estamos a retirar o correspondente valor dos 80 billion dólares que despendemos com as agências de recolha de intelligence?
  5. Qual das situações resultou no maior número de mortes? A que nos levou à guerra através da mentira ou as revelações da Wikileaks ou dos Pentagon Papers?
  6. Se Assange puder vir a ser condenado por um crime de publicação de informação que ele não roubou o que significará isso quanto ao futuro da Primeira Emenda e da independência [do funcionamento] da internet?
  7. Será que a verdadeira razão por detrás dos quase universais ataques à Wikileaks reside mais na tentativa de manter uma secreta e profundamente errada política de império do que na procura da manutenção da segurança nacional?
  8. Não haverá uma enorme diferença entre a divulgação de informação secreta que, em tempo de guerra declarada, ajude o inimigo - o que é traição - e a divulgação de informação que exponha as mentiras do nosso Governo na promoção de guerras secretas, morte e corrupção?
  9. Não foi em tempos considerado patriótico enfrentarmos o nosso Governo quando está está errado?
Ron Paul, 2010-12-10 (tradução minha)

Video e transcrição da intervenção de Ron Paul, aqui.