sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Uma derrota para os melancias europeus

É o que resulta desta notícia hoje avançada pela Reuters segundo a qual, num estudo encomendado pela própria União Europeia se conclui pela não necessidade de regulação adicional tendo em vista a exploração não convencional de gás (gás shale) nos países da UE. Os melancias, por ora, foram derrotados, o que se deve, em boa medida, à Polónia que detém extensas formações de gás shale que se estima poderem suportar as suas necessidades por séculos(!) vindouros. Talvez agora os britânicos possam celebrar as (suas) boas notícias, também neste domínio. Que o mesmo se possa vir a dizer de nós.

Ron Paul no debate precedendo as primárias na Florida

Nota: ao contrário do que sucedeu até aqui, na Florida, quem ganhar as primárias (muito provavelmente, Romney), que decorrerão na próxima 3ª feira, fica com todos os delegados.

E para começar bem o fim-de-semana...

Fitch corta ‘rating' de cinco países da zona euro, no Diário Económico. Bélgica, Chipre, Espanha, Eslovénia, Itália foram os "felizes" contemplados (os três últimos em dois níveis). O outlook permanece negativo.

E lá foi mais uma

Quatro meses e meio após o grande escândalo da bancarrota da Solyndra, e a consequente perda do empréstimo de 535 milhões de dólares que a administração Obama (Departamento de Energia) lhe tinha concedido, sucedem-se os processos de falências das incensadas (e subsidiadas) empresas "verdes". Esta semana, especial destaque para a Ener1, fabricante de baterias para automóveis eléctricos, alvo da atribuição de um subsídio de 118 milhões de dólares em Janeiro de 2010. Com esta mais recente bancarrota foram atingidos os mil milhões de euros de subsídios e ou empréstimos espatifados à custa dos contribuintes americanos.

Como é dito aqui de forma lapidar: "Government trying to pick energy winners instead has picked energy losers—and picked the taxpayer’s pocket".

Índice do novo situacionismo (3)

ou as SOBREVIVÊNCIAS DO MÉTODO SOCRÁTICO DE LER ESTATÍSTICAS, por Pacheco Pereira (na passada 3ª feira, dia 24) :
RTP, Telejornal da hora do almoço: o barómetro da Cotec mostra que Portugal desceu em termos de inovação. Esta notícia é sublinhada como negativa por todos os entrevistados. Mas a RTP coloca em oráculo a seguinte frase: porém "Portugal é o melhor do Sul da Europa"...Sócrates fez escola.

Zapatero e Sócrates: desastres herdados gémeos

Espanha trava novos subsídios às energias renováveis.

Provedor em bicos de pés (2)

Provedor de Justiça teme subida de preços nos serviços a privatizar.

Quem nos deu o direito de refazer o mundo?

É o título de um notável artigo de Patrick J. Buchanan na The American Conservative. Por o achar tão importante para desmistificar o que a imprensa e a televisão, também em Portugal, classificam de postura isolacionista, traduziu-o na íntegra:
O embaixador dos EUA, Michael McFaul, o homem de Obama em Moscovo, que acaba de assumir o cargo, teve uma recepção rude. Compreensivelmente, de resto.

Em 1992, McFaul era o representante na Rússia do National Democratic Institute [NDI],  uma agência financiada pelo governo dos EUA, cuja missão é promover a democracia no exterior.

O NDI tem estado ligado às revoluções codificadas por cores como as Laranja nos regimes destronados na Sérvia, na Ucrânia, no Quirguistão, na Geórgia e no Líbano. O projecto fracassou na Bielorrússia.

O NDI é uma das várias agências, que datam da década de 1980, que foram criadas para subverter os regimes comunistas. Com o fim da Guerra Fria, no entanto, estas agências não foram desactivadas, mas antes recondicionadas para servir como uma espécie de Comintern americano.

Enquanto o velho Comintern de Lenine procurou instigar revoluções comunistas em todo o Ocidente e seus impérios, no pós-Guerra Fria a América decidiu promover revoluções democráticas para refazer o mundo à sua imagem do final do século 20.

Em 2002, McFaul escreveu um livro: "Revolução Inacabada da Rússia".

Os homens de Vladimir Putin não são irrazoáveis quando se perguntam se ele foi enviado para Moscovo para concluir essa revolução. Putin já acusou Hillary Clinton de emitir o sinal para começar manifestações de rua - para protestar contra as eleições de Dezembro da Rússia .

Nem é surpreendente que as gentes de Putin suspeitem de McFaul, o qual acrescentou aos seus problemas um encontro com dissidentes anti-Putin no dia seguinte ao da apresentação das suas credenciais.

Lamento, mas as notícias não são boas

Investors fear mounting losses in Portugal as second rescue looms, titula Ambrose Evans-Pritchard no Telegraph a propósito da divulgação de um estudo das economias grega, portuguesa e espanhola (em língua alemã, resumo em inglês, aqui) do Kiel Institut for The World Economy. "A dívida portuguesa é insustentável. É a única conclusão possível" pois seria necessário, num cenário benigno de crescimento económico anual de 2%, que o saldo primário orçamental fosse da ordem de uns astronómicos 11%, superavitários, para ultrapassar a espiral descontrolada de endividamento em que nos encontramos.

Faz-me lembrar algo que nos foi muito próximo

Criar 150 mil empregos entre 60 compromissos de Hollande, são promessas do candidato socialista francês às presidenciais de 2012. E, claro, impostos sobre os "ricos" e sobre as "transacções financeiras". Como se vê, a França e o PS francês iguais a si mesmos.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

De Bruxelas, insanidade burocrática e perigos reais

Ao lermos uma notícia como esta, Comissão Europeia processa Portugal por não proteger as galinhas poedeiras por, entre outras não conformidades, os nossos produtores não respeitarem "para cada galinha, pelo menos 750 cm² de superfície da gaiola, um ninho, uma cama, poleiros e dispositivos adequados para desgastar as garras, que permitam às galinhas satisfazer as suas necessidades biológicas e comportamentais", um sorriso é inevitável (só para os não produtores, claro!). Mas, se reflectirmos um pouco mais, a coisa é, muito provavelmente, bem séria. Dois exemplos bem recentes:

Primeiro exemplo: o navio representado na foto abaixo é o acidentado Costa Concordia por ter visto seu casco rasgado ainda que, supostamente, estivesse dotado de equipamento de navegação que deveria ter alertado para o fundo rochoso onde embateu. Como dá para perceber (clicar na foto para ver melhor), o navio ostentava o símbolo da União Europeia no casco tendo a sua construção obedecido à regulação comunitária ditada a partir de Bruxelas que, como aqui se explica, tem muito que se lhe diga como se faz notar num estudo encomendado pela própria União Europeia.


Segundo exemplo: também os implantes mamários PIP (Poly Implant Prothese), de origem francesa, foram colocados no mercado sob a chancela CE (Communauté Européenne) atribuída por agência de certificação francesa, chancela essa que, uma vez obtida para um dado produto, torna ilegal, no espaço da União Europeia, quaisquer entraves à sua comercialização e utilização.



E todavia, antes de rebentar o escândalo havia registo de muitos avisos de que o "carimbo" CE não passava de uma mera "certificação de papel", muito à (negativa) semelhança de boa parte dos sistemas de qualidade construídos na lógica que o que importa é se um dado instrumento, por exemplo de medida, está bem aferido, não se com ele se mede alguma coisa...

Não ao monopólio da ANA (2)

Leio, no DE, que a Privatização da ANA avança no primeiro semestre. Nada contra esta intenção, muito pelo contrário. Contudo, como já antes por aqui anotei, será um erro clamoroso privatizar a empresa em bloco, apenas pensando na maximização da receita a obter, substituindo um monopólio público por outro privado. Reitero que, pelo menos relativamente ao aeroporto de Sá Carneiro (e talvez também ao de Faro), deveria existir uma operação autónoma de privatização. Deste modo seria possível introduzir concorrência efectiva relativamente ao aeroporto da Portela. O estado a que o país chegou derivou, em muito, do resultado nefasto de anteriores transformações de posições monopolistas públicas noutras tantas privadas. Seria melhor atender a este tipo de questões quando se anuncia uma nova Lei da Concorrência para criar uma "economia mais aberta ao mundo".  Que não se cometa novamente o mesmo erro.

O estouro aproxima-se, inexorável (8)

Novo record para os credit default swaps (CDS) a 5 anos para os títulos de dívida pública portuguesa. Parece-me altamente improvável que venhamos a evitar o default. Há uma semana, a probabilidade de bancarrota que os mercados atribuíam no horizonte a cinco anos correspondia a 66,3%; três dias antes, era de 63,78%.

Por que será que menos subsídios = menos eólicas?

Segundo o JNegócios, a Iberdrola suspende novos parques eólicos nos EUA caso não seja assegurada a continuação dos benefícios fiscais para além de 2012.

Quase 40 anos após o reavivar das eólicas, ainda há quem tenha lata para justificar a continuação da atribuição de subsídios públicos, isto é, de dinheiro dos contribuintes (mais impostos) e dos consumidores (tarifas eléctricas mais altas), através da justificação - de resto, falaciosa - de que é importante proteger as indústrias "nascentes", da autoria de - não se surpreendam! - Alexander Hamilton.

É um pouco como se as tias, já entradotas, achassem que o "menino" - o sobrinho já na casa dos "quarentas" - ainda precisa de uma ajudazinha pois, coitado, com tantos azares que teve ao longo da sua vida, ainda não teve tempo de rentabilizar os seus activos pelo que merece (ainda) mais uma oportunidade ...

Como e para quê fabricam os estados dinheiro a partir do nada

Ontem, no Jornal das Nove, João Cantiga Esteves, tentou - e em boa medida julgo que o conseguiu - chamar a atenção para duas questões económicas essenciais: 1) Não é possível gastar o que não se tem, décadas a fio, sem que tal tenha consequências; 2) Como os governos, chegados a um ponto em que o serviço da dívida (juros e amortizações) se torna asfixiante e esgotado que seja o recurso ao aumento dos impostos - por receio da erupção de motins e/ou de fuga generalizada aos mesmos -, há a terrível tentação, que diria ser inevitável em regime de papel-moeda, de os governos se virarem para os bancos centrais e pedir-lhes que, pura e simplesmente, emitam moeda nas quantidades tidas por "necessárias"; ora, é historicamente consabido como esta última "solução" é equivalente à do toxicodependente: os estados tornam-se cada vez mais dela dependentes necessitando de "doses" sempre crescentes. O desmame é horrível.

Antes de passar ao vídeo, que aconselho a que seja visionado na íntegra, atenhamo-nos à simplicidade com que, na era digital, esta operação de fazer dinheiro "do nada" se resume. Suponhamos que o BCE necessita, para comprar títulos da dívida pública dos PIIGS, de mil milhões de euros. Como se trata de um banco emissor basta que alguém se sente a um computador e transforme um registo sob a forma inicial,

000000000000000000000000000000.0000

num outro, agora com este "aspecto":

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E já está! Simples, não é? Chama-se a isto "imprimir" dinheiro. E não há limites!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A insanidade hipócrita de Obama para com a economia e o emprego (2)

Ontem, perante todo o Congresso, Obama leu o discurso sobre o Estado da União em 2012. Aproveitando a disponibilização da sua transcrição assim evitando leituras de terceiros, podemos constatar que Obama usou, por 23 vezes(!), a palavra 'energy' para tentar chamar a si os frutos do "sucesso" da sua política energética: mais empregos, maior grau de independência face ao fornecimento de energia do exterior e, claro, mais energia "limpa". É preciso ter lata mesmo ajudado pelo habitual par de telepontos!!

Por Lisa Benson
Este é um tema sobre o qual tenho dedicado múltiplos posts. E se é verdade que os EUA viram melhorar substancialmente a sua posição estratégica em matéria de energia, a única coisa que se pode afirmar com propriedade é que tal foi possível apesar da política da administração Obama. Três bonecos são suficientes para justificar a validade desta asserção. Num primeiro gráfico é fácil perceber a redução do número de novas concessões de exploração:


Nos dois gráficos seguintes, pode-se observar, sem qualquer ambiguidade, como a tentativa de Obama reclamar os louros pelo aumento da área de exploração de petróleo e gás, é um exercício de total mistificação. Pelo contrário, Obama tudo fez para a reduzir e foi bem sucedido... nas áreas de jurisdição federal. Os aumentos vieram, exclusivamente, das áreas de jurisdição ora privada ora dos estados:



Quanto à energia "limpa", talvez baste recordar isto.

Da (in)utilidade dos PDM

ou seja, dos Planos Directores Municipais, é do que trata este oportuno post. Subscrevo tudo o que Gabriel Silva escreve anotando apenas o papel de autêntica cortina de fumo que a construção dos sistemas de informação geográfica representaram na generalidade dos municípios, tema a que hei-de voltar.

Indignados, procuram-se

contra a, diria, inaceitável decisão espelhada nesta notícia: CGD: Transferência de depósitos da Madeira para ilhas Caimão evita perda de clientes. Ou será que, pelo facto de a Caixa ser um banco público, a indignação manifestada há três semanas atrás com a decisão da Jerónimo Martins é agora inaplicável? E olhem que bem me esforcei procurando nos lugares habituais...

Porquê o ouro? (11)

Por isto,


mas também por isto, numa variante contemporânea de "dar novos mundos ao mundo". Entretanto, convém ter presentes os vários cenários possíveis da "tempestade do euro" e as consequências de cada um deles. Nesse sentido, aconselho a leitura de mais uma capítulo da série Fim do euro (5), por Pedro Braz Teixeira.

Actualização: uma razão adicional é a nova ultrapassagem da barreira dos 1700 dólares da onça de ouro.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

What Soviet Agriculture Teach Us

Não é preciso ser uma águia

para antecipar o triplo desastre que resultará da extensão da escolaridade obrigatória até aos 18 anos de idade. Primeiro: "enjaular" criaturas em salas contra a sua vontade para nada aprenderem e tentarem que os outros nada aprendam é, no mínimo, idiota e talvez mesmo criminoso. Segundo: protelar ainda mais as já de si parcas possibilidades de quem queira entrar no mercado de trabalho, mesmo que mal remunerado, ganhando autonomia para daí desenvolver a sua cidadania, é criminoso. Terceiro: transformar em delinquentes todos aqueles que venham a escolher, livremente, não ir à escola é uma enormidade própria de pietistas e puritanos, uma grave  violação da liberdade.

Ainda e sempre a voz do dono (2)

Na sequência de Ainda e sempre a voz do dono, é sem surpresa que leio as Novidades [!] do serviço público de comunicação social, por José Manuel Fernandes.

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Nota: há anos que deixei de ver o "Prós & Prós" pois as náuseas eram insuportáveis perante a gritante subserviência perante o poder. Sempre me fez lembrar o "25 milhões de portugueses" (apresentado por Henrique Mendes) do tempo da outra senhora. Ao que me dizem amigos e escreve José Manuel Fernandes, tenho de manter o período de nojo. A ver se não me esqueço.

Provedor em bicos de pés

Fim de Formação Cívica põe em causa compromissos internacionais, afirma Provedor de Justiça

E ficará por aí? (2)

Ministro da Economia não comenta segundo resgate mas admite que há "imponderáveis".

Conselheira do FMI não exclui possibilidade de novo resgate.

Crony capitalism

Em entrevista conduzida por Bill Moyers, David Stockman, ex-director do Orçamento no primeiro mandato de Ronald Reagan (*), discorre sobre a estreita ligação existente entre Wall Street e a Casa Branca. O tema é o crony capitalism, expressão directamente intraduzível mas que veicula a existência de um estreito conúbio entre Big Government e Big Business (a banca em particular) e os (in)evitáveis bailouts através dos quais são socializados, com o beneplácito dos governos, os prejuízos dos desmandos cometidos. Curioso Mussolini ter afirmado: "Fascism should more appropriately be called Corporatism because it is a merger of state and corporate power".


(*) - Stockman viria a distanciar-se de Reagan, tendo publicado The Triumph of Politics: Why the Reagan Revolution Failed onde explica o porquê desse distanciamento. Quase trinta anos depois, Stockman prepara o lançamento de um novo livro cujo pré-anunciado título é precisamente "OTriunfo do Crony Capitalism".

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

E ficará por aí?

Proposta final para perdão da dívida da Grécia avança dentro de três semanas.

Retirada daqui

Leitura complementar: Fears Grow for Portuguese Economy, no Wall Street Journal.
                                  Fim do euro (4) Recomendações práticas, adenda

Defender a internet dos Estados (3)

é, do meu ponto de vista, um dever moral. Quando na quarta-feira passada se protestava contra os projectos de lei SOPA e PIPA, em apreciação no Congresso americano, projectos entretanto arquivados (temporariamente?), no dia seguinte, 5ª feira, era fechado o site MegaUpload. Não é que tenha ficado surpreendido com o sucedido, mas uma coisa é certa: se já é possível fazer o que fizeram com o MegaUpload, para quê então (ainda) mais legislação?


Frase do dia (21)

«[O]ur goal should never be to “create jobs”. Our goal should be to enable people to contribute something valued by other people. The value is the point, not the work.»

Adam Gurri, Create Value Not Jobs (via Cafe Hayek)

Encerramento de contas de 2011

174 891 502 151,32 €
é o montante da dívida directa do Estado português, de acordo com o Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público, em 31 de Dezembro do ano transacto. Algo como, grosso modo, 100% do PIB e - pior -,  tendo crescido 15,2% face a 31 de Dezembro de 2010.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Frase do dia (20)

«Treat all economic questions from the viewpoint of the consumer for the interests of the consumer are the interests of the human race.»

Ron Paul vs Goldman Sachs

O eco-lunatismo na União Europeia

Bilhetes de avião mais caros devido a taxa de carbono. Esta originalidade é auto-imposta, unilateralmente, pela União Europeia. 

Carolina do Sul: resultados das primárias republicanas

Se há algo que ficou claro após a "evangélica" Carolina do Sul é que está longe de estar resolvida a nomeação republicana às presidenciais do final do ano com um terceiro vencedor diferente nos três estados onde já ocorreram primárias. O resultado de Ron Paul, aparentemente pouco expressivo, deve ser contextualizado contra os 3.6% que conseguiu na "corrida" de 2008.
Imagem retirada daqui

sábado, 21 de janeiro de 2012

Obliquidade

é o título de um livro muito interessante de John Kay que, descobri há dias, está traduzido em português europeu. Lembrei-me dele ao ler este post do meu caro amigo João Gonçalves.

Publicado novo manifesto por uma nova política energética em Portugal III

Via A ciência não é neutra, o manifesto pode ser lido integralmente aqui. Por ora, salientava algumas das suas conclusões (realces meus) fazendo votos que afirmações como esta ou esta, na linha das conclusões deste manifesto, sejam mesmo para levar a sério:
32. Num período crucial para a reforma da economia nacional, as opções de política seguidas até agora em nada reduziram a persistente dependência energética do país. O aumento do preço das matérias-primas cria uma ameaça maior à reestruturação em curso, anulando o bom comportamento das exportações. Urge consolidar e materializar o desenvolvimento das acções que permitam reduzir as importações de petróleo no sector dos transportes, tal como o actual Governo inscreveu no seu programa, mas isso exige intervenções bem mais complexas e abrangentes que a simples mudança de tecnologias ou os habituais apelos à utilização dos modos energeticamente mais eficientes mas que (ainda) servem menos bem os seus clientes.

33. São necessários estudos públicos que escrutinem o impacto do PNAER [O Plano Nacional de Acção para Energias Renováveis]. É necessário contabilizar os sobrecustos escondidos da estratégia seguida: enorme esforço de investimento em rede de transporte, com baixa utilização; problemas e custos acrescidos de centrais de reserva; problemas na gestão dinâmica do sistema para compensar variações bruscas de produção renovável; maior risco de falha do sistema.

34. É de estranhar que Portugal seja na Europa um campeão das novas renováveis. Se a opção fosse assim tão boa, porque razão é que os outros países, bem mais ricos e desenvolvidos e dotados de um bastante melhor recurso eólico, não adoptaram a mesma política, estando mesmo a abandoná-la, como é o caso da Holanda?

35. As energias renováveis têm o seu papel, que não deixa de ser importante e deverão ser utilizadas e fomentadas desde que exista racionalidade técnica e económica. Não podem é ser encaradas como uma mera bandeira política, contribuindo para o agravamento da nossa situação económico-financeira. Não devem assim ser celebrados pelo Governo português mais contratos de fornecimento de energia, com preço garantido, a partir de energias renováveis. Os novos investimentos em energias renováveis devem contar apenas com os preços de mercado. Igualmente, e à medida que forem caducando, não devem ser renovados os contratos de energias renováveis com preços garantidos, caso contrário serão os portugueses mais pobres os que mais sofrerão, por insistirmos em produzir energia cara.

Tão simples quanto isto

John Allison, de quem já falei aqui, é um antigo CEO of BB&T (a 10ª maior holding financeira dos EUA), hoje professor na Wake Forest University. Em entrevista à Pittsburgh Tribune, defende o fim do banco central americano: Kill The Fed. Creio ser suficientemente eloquente este pequeno trecho:
«Se fosse eu que estivesse no comando, livrar-me-ia da Fed. Acredito que enquanto a Fed existir, o Congresso poderá eficazmente imprimir dinheiro. E não importa se são democratas ou republicanos, preferirão imprimir dinheiro a lançar impostos sobre as pessoas. Querem poder gastar [sem limitações] porque tal é eficaz na compra de votos, e não querem lançar impostos sobre as pessoas porque tal lhes faria perder votos.

Eu acho que a Fed proporciona a tentação para défices governamental maciços. Se o governo federal não pudesse imprimir dinheiro, teria que ter uma melhor disciplina financeira da que tem hoje.»

Não dêem importância à S&P ou à Moody's

é o (bom) conselho de Jim Rogers. Explica-o assim:
«(...) you should not bother to pay any attention to the rating agencies. Everything they have done in the past 15 or 20 years has been wrong. I stopped bothering about them long ago. Everybody knows that France is no longer Triple-A, everybody knows that Italy is no longer as highly-rated as it used to be. The market knows all about this. This is not news.»

«The best way to get out of it is to go ahead and to let people go bankrupt, let the people who made mistakes take their losses, the banks who made the bad loans, the people who invested in the bad banks – they should take their losses and start over (...) It looks as though the EU is about to make some of them take some losses and that will be good. That way we can start over and go forward. The problem is they are not doing enough. They are not taking enough losses. They are hoping that they can get through the next election or two and then everything will be OK. This is not going to solve the problem, it will delay the problem a bit longer, it does not solve the problem.»

«Whether it [a new rating agency] is European or not is irrelevant, the fact is that you do need somebody competent and somebody who can examine and decide who is solvent and who is not solvent (...) Until a few months ago that they had the US as a Triple-A credit. The US is the largest debt nation in the history of the world. It is absurd that it was Triple A. Europe needs somebody competent who can go in there. It does not matter whether it is Russian, or Australian or American, or European, just so you have somebody competent. And these guys in S&P and Moody’s have had a semi-monopoly for decades. They have gotten corroded and lazy and sloppy and they are no longer competent.»

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Bem mais que uma mera metáfora

Via EUReferendum, cartoon por Clou

- O capitão ainda está a bordo?
- Qual capitão?

Etta James - I just wanna make love to you

Em memória de uma grande cantora.


Letra:

Vergonhoso

Cavaco diz que as reformas dele não chegarão para pagar despesas.

A protecção do desemprego

Via Insurgente, Luis de Guindos, Ministro da Economia espanhol, hoje no Wall Street Journal:
“(…) we currently have around 40 different types of employment contract. This has to be simplified: one unique full-time contract with common clauses for all new workers, and another to encourage part-time hiring”
40 tipos diferentes de contratos de trabalho! De estranhar como a taxa de desemprego, ao contrário do expectável, ser tão (i)modesta: apenas 21,52%  e 4,4 milhões de desempregados oficiais em Dezembro último.

Defender a internet dos Estados (2)

Foi oficialmente anunciado o arquivamento dos projectos de lei SOPA e PIPA, da Câmara dos Representantes e do Senado, respectivamente. Por  ora, o ataque foi repelido. Mas não haja ilusões: irão tentar uma e outra vez.

A insanidade hipócrita de Obama para com a economia e o emprego (1)

O actual presidente americano, e candidato à reeleição este ano, costuma(va) apontar Espanha como exemplo modelo a aplicar nos EUA para dois dos principais fetiches na sua "agenda" ambiental: a "aposta" nas novas renováveis (especialmente a eólica e solar) e o comboio de alta velocidade (que tratarei em post autónomo).

Para facilitar a concretização desta "agenda", Obama combinou um conjunto de medidas "positivas" (subsídios, regulação, imposição de quotas, etc.) aos projectos "verdes" com um outro de medidas "negativas" (ou desencorajadoras) aos projectos tidos por ambientalmente indesejáveis (não licenciamento de novas explorações de combustíveis fósseis em zonas federais, redução/eliminação de benefícios fiscais, canga regulatória, etc.). É certo que o próprio Obama anunciou ao que vinha em matéria energética: fazer disparar os custos de energia. Mas também clamou (e continua) pela diminuição da dependência dos fornecimentos externos de fontes energéticas (petróleo e gás), nomeadamente de regiões politicamente instáveis (Médio Oriente) ou não amigas (Rússia, Venezuela, etc). Mas entre as suas acções e os resultados das mesmas e as intenções anunciadas há um autêntico mar de diferença.


Quanto às energias limpas e aos (tristemente) célebres empregos "verdes", o que se vê é o que ainda há dias aqui e aqui abordava: dispêndio gigantesco de dinheiro dos contribuintes em actividades e empregos subsidiados a peso de ouro, corrupção generalizada. Mas quando surge a hipótese, por exclusiva iniciativa privada (não subsidiada) de contribuir para minorar a dependência de petróleo de zonas politicamente complicadas e, em simultâneo, geradoras de emprego efectivo (não subsidiado), Obama tergiversa, adia. É o que se passa com o projecto de pipeline conhecido por Keystone XL que permitiria transportar petróleo da província de Alberta no Canadá (rica em areias betuminosas ) às refinarias no Golfo do México, no Texas, criar 30 mil empregos e poupar cerca de 70 milhões de dólares diariamente. Porém, quando as plataformas petrolíferas que Obama "expulsa" do Golfo do México, são usadas para extrair petróleo ao largo da costa do Brasil, eis que o mesmo Obama exulta e se declara como pressuroso cliente do petróleo brasileiro!


Como Warren Meyer escreve em Keystone XL: Voting for the Stone Age, este é um comportamento apenas explicável pela submissão à cartilha eco-teócrata (meus realces):
«Some would argue that these opponents aren’t anti-energy, they just want to shift energy use from fossil fuels to “green” energy like wind and solar. This is either disingenuous or unbelievably naive. The Keystone XL pipeline would have single-handedly carried more energy to the United States than the sum of all the green energy projects funded by the Obama Administration. And it would have done so entirely with private funds rather than the Administrations increasingly ill-fated and ham-handed attempts at venture capitalism with taxpayer funds. The fact of the matter is that, for the foreseeable future, opposing fossil fuels is equivalent to opposing energy use.»

Marc Faber: Government Bonds are Doomed

Robert Wenzel concorda. (Nota: os títulos da dívida pública portuguesa, a 10 anos, têm evoluído assim)

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Um bom conselho

é o de Gabriel Silva a propósito da necessidade de preencher as três vagas existentes no Tribunal Constitucional. Pena que, muito provavelmente, não venha a ser seguido.

Inovação e empreendorismo

não são sinónimos. Tal como a Xerox foi incapaz de desenvolver um "modelo de negócio" para a interface gráfica computacional que inventou, também a Kodak, ao fim de 130 anos de vida, sucumbiu no mundo digital apesar de ter sido a primeira empresa no mundo a fabricar uma alternativa à tradicional máquina fotográfica de película.

Obamanomics em cruzeiro


Por Henry Payne

Exploring Liberty: The History of Liberty - Parte 1


Por Tom G. Palmer

Uma resposta perturbadora

é a que Bryan Caplan propõe para explicar por que razão o massacre de My Lai (no Vietname) é hoje unanimemente reconhecido como um crime de guerra não acontecendo o mesmo com o lançamento da bomba atómica em Hiroshima (e Nagasaki).

Vale bem a pena ler todo o seu post, mas a explicação proposta por Caplan é a seguinte:
«The soldiers in My Lai murdered people they could see face-to-face. The crew of the Enola Gay dropped a bomb from a high distance and flew away.»

Também a Espanha chegou o "longo prazo"

Aznar: "El futuro por el que muchos no se preocuparon ya llegó"

Não é que nos sirva de grande conforto perceber que não é apenas em Portugal que existem aeroportos sem passageiros, auto-estradas, de três faixas, sem veículos, centros de saúde que só abrem entre as 9 e o meio-dia (excepto às 5ª feiras e aos fins-de-semana), centros culturais a piscinas adjacentes em cada sede de concelho, formação profissional(?) às carradas, estações de comboios que mais parecem catedrais sem visitantes, escolas  remodeladas com orçamentos sem fundo e (muitas) "novas oportunidades", etc, etc. E rotundas, milhares delas. Como Pedro Arroja hoje nota, havia que "aproveitar" o dinheiro da Alemanha!

Que este monumental desperdício (e igual ilusão), que iremos pagar com língua de palmo, possa servir para aprender algo tão simples quanto o ensinamento relembrado por Don Boudreaux:
«As for the mercantilist approval of public works, that was frequently based on nothing more than the typical belief in the magical efficacy of state action, simply because it is action undertaken in the public interest.»

Barrigas de aluguer

De um ponto de vista moral, acho este tema repugnante por anti-natural. Porém, defendo acerrimamente o direito a que cada um faça com o seu corpo o que entende, na presunção de que esteja na posse das suas faculdades mentais. Inclusive o de se prostituir ou de se drogar. As barrigas de aluguer, e seus múltiplos eufemismos, são apenas uma novidade recente tornada possível pelos avanços tecnológicos. Tal como as pastilhas de ecstasy.

O estouro aproxima-se, inexorável (7)

Kenneth Rogoff, co-autor com Carmen Reinhart, do excelente "This Time Is Different: Eight Centuries of Financial Folly", citado pela Bloomberg:
«Grécia, Portugal, Irlanda e possivelmente também a Espanha estão insolventes e precisam de reestruturar a sua dívida”»
Esta opinião funda-se na tese expendida no livro citado segundo o qual a História nos ensina que países com tão altas  taxas de endividamento como as destes países não conseguem por si só ultrapassar essa situação sem entrar em default.

Entretanto, a probabilidade de bancarrota para Portugal atinge hoje (novo record) os 66,3% de probabilidade no horizonte a cinco anos. Era de 63,78% na segunda-feira passada.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Defender a internet dos Estados

é impedir a intrusão dos estados na sua gestão. Já ouviu falar nos acrónimos SOPA ou PIPA que representam projectos de lei em discussão no Congresso americano? Há quem esteja a lutar com todas as armas possíveis para que não se venham a concretizar. A Google e a Wikipedia juntaram-se ao protesto como o atestam as imagens que captei há pouco:



Felizmente há alguns sinais positivos que esta batalha pela liberdade possa ser ganha.

Não é para admirar

Suiza se frota las manos con la tasa Tobin de Sarkozy

Suponho que Cameron, justamente, também não veja mal a coisa assim como a generalidade dos paraísos fiscais!

Medidinhas à Sarkozy

Quando li o título "Sarkozy promete 430 milhões de euros em medidas para promover criação de emprego" não me custou adivinhar o conteúdo do corpo da notícia. Admitindo que a paráfrase portuguesa do JNegócios não fosse perfeita ainda dei uma olhadela na Bloomberg e mesmo no Le Figaro. Mas não, não havia engano: o pacote para estimular o emprego que Sarkozy propõe consta do seguinte:
  • redução dos impostos para as pequenas empresas que contratem trabalhadores jovens;
  • um reforço na formação profissional;
  • uma nova parceria entre o Estado e os bancos para financiar a indústria
  • e a criação de 1000 novos empregos... nos centros de emprego!
Caramba! O que me veio imediatamente à cabeça foi o estilo das "medidas" Sócrates (o actual estudioso em Sciences Po)! Mostrando a sua reconhecida imaginação, Sarkozy irá financiar estas "medidas" com um acréscimo do IVA "social", pois então. Consistente sem dúvida nesta aproximação ao problema do grande defensor da "taxa Tobin" que até o "conservador" Rajoy apoia entusiasticamente embora ressalvando que  há que ter cuidado na sua aplicação para que os seus efeitos não recaiam nos consumidores!!!

Esta gente não aprende mesmo.

Sinais (5)


Leitura recomendada no Financial Times.

Mas quererá fazer-nos passar por parvos?

Segundo o Expresso, Gabriela Canavilhas, autora da projecto de lei da Cópia Privada, terá afirmado que "[n]ão são os cidadãos portugueses que devem pagar esta taxa [de discos rígidos, telemóveis, pens, CD, impressoras, etc.]. Esta não se devia notar no preço final do produto". A deputada Canavilhas acha que como os comerciantes têm uma margem "excessiva" nesses produtos devem ser eles a suportar a "taxa", diminuindo as suas margens. E qual é a autoridade da ex-ministra para achar que a margem é excessiva? Não será antes a remuneração que aufere enquanto deputada que é, ela sim, manifestamente excessiva? Com quantos mais empregos e empresas quer a deputada acabar?

Se não é anedota parece

Distribuição. Governo quer acordo com fornecedores nem que seja à força, no i.
«Para Carlos Oliveira, secretário de Estado da Competitividade e Inovação, é “fundamental” que as duas partes assinem em breve um Código de Boas Práticas, documento que deve representar uma forma de auto-regulação que facilite o entendimento entre hipers e supermercados e os seus fornecedores. Caso tal não aconteça, disse então, “o governo terá de ponderar mecanismos de regulação”.

Os Ministérios da Agricultura e da Economia constituíram recentemente a Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Agro-alimentar, que visa precisamente elaborar o tal Código de Boas Práticas.»
Portanto temos um secretário de estado para a Competitividade(!!) que defende não a competitividade, isto é, a concorrência, mas sim a regulação administrativa. Isto porque, supostamente, como Assunção Cristas, citada pelo JNegócios refere, existirá "[um] poder não é equilibrado" nas relações entre produção e distribuição, chegando a essa conclusão pelo facto de os hipermercados cometerem o pecado de colocarem à disposição dos consumidores produtos a preços mais atraentes em campanhas promocionais! Secretário de estado para a Competitividade, calculem!

A propósito do acordo na concertação social (2)

As reacções dos diferentes representantes patronais que aqui se descrevem, ilustram bem a razão de ser de uma das críticas de fundo dirigidas ao acordo hoje formalmente subscrito: um fato, de tamanho único, útil em alguns casos, pouco mais que inútil noutros.

Ora, a economia de um país não é um todo homogéneo onde, por hipótese, se possa substituir trabalhadores da construção civil por outros agrícolas, da construção civil, do ensino, etc. Cada sector da economia tem as suas características e necessidades específicas e, em cada sector, o mesmo se passa nos seus diferentes sub-sectores e ainda, dentro destes, cada empresa tem as suas. Portanto, sentar à volta de uma mesa um conjunto de dinossauros, exactamente como se fazia há trinta anos atrás quando o mundo mudou radicalmente várias vezes, esperando que daí resultem soluções de fundo para os nossos problemas estruturais parece-me não passar de uma quimera. Não digo que o acordo obtido seja completamente inútil, mas creio que a sua importância, aparte o show-off mediático, é diminuta (para além de restarem ainda muitas dúvidas quando à sua efectiva consagração na lei).

Eugénio dos Santos, presidente da Colunex, resume assim o seu juízo quanto ao acordo (meu realce):
"As mudanças têm de ser de fundo e coordenadas. É poder contratar e despedir quando for necessário, ou aumentar e diminuir vencimentos quando posso. Se não puder retroceder, nunca vou aumentar."
Lapidar, diria.

Porquê o ouro? (10)

Também por isto.

A propósito do acordo na concertação social

Confesso que me sinto incapaz de aplaudir este resultado. E não se trata apenas de manifestar cepticismo por este tipo de acordos, sucedâneos de algo que nos idos de 80 era conhecido no quadro do que o keynesiano Cavaco Silva costumava então designar por "política de rendimentos e preços", expressão que entretanto caiu em desuso. Por mais que me esforce não consigo vislumbrar razões para, como Pedro Guerreiro faz, anunciar que "Este acordo laboral põe a flexisegurança num chinelo"! Inclino-me antes para o classificar, como João Miranda o faz, de apenas mais um conjunto de "medidinhas" e, mesmo assim, cá estaremos para ver de que forma serão transpostas para a lei. (Se estiver enganado - o que muito desejaria-, em devido tempo farei o respectivo acto de contrição).

Projecto-Lei nº118: a extorsão

é o título de mais um post de Gabriel Silva sobre a inominável tentativa de roubo que alguns tentam impor a todos os consumidores e empresas. Já aqui tinha deixado uma nota sobre este assunto mas a iniquidade dos seus intentos justifica voltar a referir o tema.

Está o leitor disposto a aceitar, impunemente, que lhe imponham um absurdo sobre custo em cada CD, em cada pen, em cada impressora, em cada disco rígido que vá comprar? Acaso é aceitável sobrecarregar as empresas em todo e qualquer equipamento de armazenagem de dados, necessidade sempre crescente? Em cada multi-funcional que utilize? E a título de quê? De garantir a uns senhores uma renda perpétua e crescente a título de protecção de direitos de autor? Mas estará tudo louco?

Notícias das primárias republicanas

Poderia fazer notar que Ron Paul está a lutar seriamente na disputa pela conquista de delegados na Carolina do Sul, cuja votação decorrerá já no próximo sábado. Mas parece-me mais relevante assinalar que Ron Paul hoje, quarta-feira, irá interromper a sua campanha para estar presente na Câmara dos Representantes para votar contra a proposta de (novo) aumento do tecto da dívida proposto por Obama, numa altura em que a dívida pública já ultrapassou os 100% do PIB americano.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Espatifando o dinheiro dos contribuintes

é o que os governos inevitavelmente fazem quando decidem subsidiar o sector A ou escolher penalizar o sector B, aquilo que os americanos designam por "picking winners and loosers". E talvez nunca como agora seja tão visível que essa escolha de "quem deve ganhar e quem deve perder" não possa senão conduzir ao desperdício monumental de recursos, quando se olha para os resultados da massiva intervenção estatal nos mercados de energia. Subsídios gigantescos às energias ditas "limpas" e penalizações fiscais e administrativas às energias fósseis. O resultado, por todo o lado, é o mesmo: aumento exponencial do custo da energia produzida (como o candidato Obama, aliás, não escondia) e consequente perda de competitividade onde essas "apostas" foram mais vincadas. Portugal e Espanha são dois "bons" exemplos (subida dos preços da electricidade, défice tarifário, etc.).

Entre muitas das loucuras levadas a cabo sob o "chapéu-de-chuva" da eco-teocracia, surgem inclusivamente o que à partida seria tido por anedota como seja a de, nos Estados Unidos, multar refinarias por não colocarem no mercado combustível com mistura de etanol celulósico. A razão é simples: é que não existe oferta comercial de etanol celulósico. Até o New York Times se apercebe do absurdo na sua peça  A Fine for Not Using a Biofuel That Doesn’t Exist (no WSJ, aqui)! Porém, este absurdo não obstou a que este ano a EPA (o regulador ambiental dos EUA) não venha exigir que se dobre essa mistura em 2012!!!

Ademais, como sempre acontece quando o Estado estabelece uma nova "plataforma" de distribuição de subsídios, um outro subproduto inevitável é o aumento dos níveis de corrupção. O vídeo seguinte, da CBS, bem ilustra este problema:

Salário mínimo e desemprego: a história de Simon e de Edgar

contada no vídeo abaixo é ilustrativa da terrível experiência dos mais jovens e dos menos qualificados, precisamente aqueles grupos que os governos anunciam pretender proteger com a manutenção do salário mínimo (e o seu sucessivo aumento) com os resultados conhecidos. O vídeo explica com clareza como se processa esse perverso mecanismo (legendas em português) porque violador das elementares leis económicas:

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Procurar ver no meio da poeira (2)

Tiradas como esta, que fazem lembrar os tempos em que se queria "partir os dentes à reacção", ou, num registo mais "moderado", como esta, em qualquer caso lamentando a inoperabilidade da "Europa" e dos seus dirigentes, a falta de respostas "políticas", mais não fazem que lançar poeira para o ar impedindo perceber o real problema: a incapacidade de manutenção de um crescimento económico saudável, esgotado que foi o recurso ao endividamento. Não admira pois que a escapatória da emigração seja um fenómeno comum aos denominados países periféricos afundados numa crise de dívida soberana.

O estouro aproxima-se, inexorável (6)

No rescaldo da baixa da notação da S&P, as taxas de juro implícitas dos títulos de dívida pública subiram significativamente na generalidade dos prazos atingindo novos máximos históricos. O resultado, no ranking da probabilidade de bancarrota, é o seguinte (a 15 de Novembro último, o panorama era este):


Este comportamento explica a hipótese hoje aventada no Zero Hedge: Has The ECB Given Up On Portugal?

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Se uma correlação implicasse causalidade

concluiríamos que o aquecimento global (também conhecido por 'anomalias climáticas') é significativamente mais influenciado pelo peso da dívida no PIB do que pela concentração de CO2!

Via ZH

New Hampshire: Romney ganha com Ron Paul em 2º

Actualizado às 11:05 de hoje:


Excelente resultado de Ron Paul com Mitt Romney com um score próximo do anunciado pelas sondagens. O próximo passo será a Carolina do Sul a 21 de Janeiro.

Of Monsters & Men - King & Lionheart

Da Islândia, uma banda muito especial:

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

What if (3)

Não havia pressa

Depois destas afirmações, de dia 20 do mês passado, não foram precisas três semanas para o primeiro "ajustamento previsional" do ano orçamental de 2012: Governo admite medidas adicionais este ano para compensar desvio. Não me parece difícil antecipar o que aí virá.

Actualização: ver nota interna do Ministério das Finanças.

São rendas Senhor, são rendas

Da coluna assinada por João Carlos Espada, no Público de hoje, um excerto:
São rendas de situação as inúmeras empresas públicas e semipúblicas, ou com contratos especiais com o Estado, o que as protege da concorrência efectiva e impede ou dificulta grandemente a entrada de novos concorrentes. O resultado volta a ser baixa produtividade, desperdício de recursos e fraca ou inexistente criação de novos empregos nesses sectores.

São rendas de situação os impostos elevados que dão aos políticos e gestores públicos o privilégio de esbanjar o dinheiro dos contribuintes, sem enfrentarem uma forte pressão pública para baixar os impostos. O resultado volta a ser desperdício e fraca criação de novos empregos.

Mas queremos realmente acabar com isto? Não parece ser o caso, quando boa parte da nossa elite se apressa a condenar a Jerónimo Martins por deslocar parte da sede social para a Holanda. Faz sem dúvida sentido uma comoção nacional por um dos maiores empregadores procurar a Holanda. Mas, em vez de ser dirigida contra quem cria e mantém cá os empregos, essa comoção deveria ser dirigida contra aquilo que empurra a Jerónimo Martins para a Holanda (...)

Sinais (4)

Segundo noticia o Wall Street Journal em "Money for Nothing" (via Insurgente), o leilão de dívida pública levada a cabo hoje pela Alemanha produziu um resultado inusitado: a taxa de juro implícita foi negativa! Ou seja, os adquirentes pagaram para ter o «privilégio de emprestar dinheiro» ao estado alemão!
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Nota: Miguel Madeira, no comentário ao post referenciado, resume bem a situação: «[O]s investidores acham o tesouro alemão mais seguro que ter o dinheiro no banco ou mesmo debaixo do colchão.»

Salpicos e aventais

Socialistas e CDS aliados para 'proteger' maçonaria, no DN.

Portugal no seu melhor

A propósito do julgamento que está a decorrer relativo à extinta universidade Independente, ouvi duas coisas extraordinárias há pouco na rádio: a) que José Sócrates não comparecerá na sessão tendo justificado a sua ausência pelo facto de residir em Paris; b) que João Cravinho, arrolado como testemunha para ser ouvido hoje pelo tribunal, irá comparecer na sessão apesar de não ter sido notificado para tal (soube pelos jornais).

Ex-chefe da CIA apoia Ron Paul

Uma das críticas mais insistentemente dirigidas a Ron Paul por parte do establishment americano, republicano ou democrata, e insistentemente replicada nos meios de comunicação social europeus, respeita ao suposto "isolacionismo" que representaria a adopção da política externa defendida por Paul, ou seja: recusa em prosseguir o papel de polícia mundial e correspondente defesa do regresso das tropas americanas hoje espalhadas pelo mundo fora em 900 bases em 150 países e promoção do comércio entre as nações. Michael Scheuer, ex-chefe da equipa que na CIA esteve no encalce de Osama bin Laden (entre 1996 e 1999), autor da biografia em exposição na vitrina, explica como a adopção de uma política externa assente naqueles dois pilares levaria não a prejudicar mas antes a melhorar a defesa dos Estados Unidos, nomeadamente das suas próprias fronteiras. Palavras particularmente importantes num momento em que o rufar dos tambores de guerra se volta a sentir ouvir e se assiste ao regresso em força, nos democratas e republicanos, dos advogados da doutrina da guerra preventiva.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Christina Perri - Jar of Hearts


Letra:

Rendas e repugnâncias

Pena Antecipada sobre Crime Potencial, por Jcd, no Blasfémias. Ou como os grupos de interesse, na defesa dos seus exclusivos interesses - estabelecimento de rendas-, assaltam os bolsos dos consumidores e contribuintes.

O embuste da dívida (2)

Infografia: Spiegel

Medina Carreira: um homem incómodo

Há muita coisa com que eu não concordo com Medina Carreira, mas admiro a liberdade e a independência das suas opiniões decorrentes da sua não subserviência perante o poder:

Conúbios

Seguro: Nomeações demonstram apropriação pelas clientelas dos partidos do Governo.

O facto de Seguro e o PS não terem uma réstia sequer de autoridade para falar de "clientelas", não deverá impedir uma reflexão quanto às razões pelas quais, como reparava Marcelo Rebelo de Sousa há pouco, uma empresa privada - a EDP - nomeia para os seus órgãos sociais um conjunto de pessoas totalmente alinhadas com a actual Situação, como se a empresa permanecesse pública. A meu ver, a resposta é só uma e é velha de décadas: trata-se da antecipar uma troca de favores: o artigo de um decreto ou um parágrafo de uma portaria. 

Ron Paul: um homem livre e presciente

Is Ron Paul 2012's Black Swan? É pelo menos "a mais rara das criaturas":
«Dr Paul’s great and merited attractiveness to a growing number of admirers has a very simple source. He is that rarest of creatures - a FREE man. He is beholden to nobody. He has developed his ideas and his convictions over a long and fruitful life of independent thinking. He does not compromise(...) He says what he means and he means what he says(...) He is the only prominent person who is doing everything he can to turn the non-debate which masquerades as the “mainstream” in the US and global political economy into something of substance. That, far more than the presidency, is his goal.»
E quanto à capacidade de antecipar as consequências das políticas seguidas pelos EUA, políticas estatistas atentadoras da liberdade e promotoras da expansão do império, este vídeo, que ilustra um célebre discurso de Ron Paul no Congresso, em 24 de Abril de 2002, com as notícias de hoje, fala por si.