quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Ron Paul fustiga Bernanke

Nova etapa das primárias republicanas - Michigan e Arizona

Os resultados em Michigan e Arizona não trouxeram surpresas com as duas vitórias de Mitt Romney. Quanto ao meu favorito, Ron Paul, viu dobrar, em % e em número de votos, os seus eleitores face a 2008, pelo que me parece ter tido um desempenho razoável.

Michigan:

Arizona:

iBolha

Apple ultrapassa 500 mil milhões de valor de mercado.

Não sei se estão a ver mas isto significaria que a Apple vale tanto quanto o PIB da Bélgica ou de Taiwan. Difícil de acreditar, não é? Também me parece.

E agora Tozé?

Ou, noutra variante: "quem tramou Saldanha Galamba?"

Krugman: "Detesto dizê-lo, mas não faria muito diferente do Governo português".

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Estará a Coreia do Norte a "estimular" a economia mundial?

É a interrogação pertinente de William L. Anderson, dirigida a Paul Krugman, desafiando-o a elogiar os efeitos "estimuladores" da contrafacção de notas de 100 dólares que a Coreia do Norte, alegadamente, estará a levar a cabo. Anderson não encontra diferenças substantivas entre estas notas e aquelas outras emitidas pela Fed. Confesso que eu também não já que, em ambos os casos, tratam-se apenas de rectângulos de papel verde.

Lou Reed - Walk and the wild side

Inovação terminológica ou algo menos?

Lusa anula notícia sobre demissão de Domingos Paciência.

A Lusa "anula-se". Nula, a Lusa?

Vistas curtas em horizontes largos

Seguro anuncia programa político com horizonte até 2024

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Frase do dia (27)

Via Capitalism Institute, no facebook:
Socialism: It's alright to steal as long as you're poor.

Corporatism: It's alright to steal as long as you're rich.

Capitalism: Thou shalt not steal.

Diferentes mas iguais


Inteligência vácua

Seguro defende austeridade inteligente

Notícias do ultraliberalismo reinante (3)

Illegal Everything, por John Stossel. Imperdível.

Simon & Garfunkel - Sound of Silence (2011)

Em plena forma, aos 70 (setenta) anos!


Letra:

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Ver o Afeganistão pelo retrovisor

Philip Giraldi escreve, em Afghanistan in the Rear View Mirror:
I supported the initial US intervention in Afghanistan because it was a terrorist haven from which we were attacked and I was, in fact, one of the first CIA officers to arrive in the country after the Taliban fell. We should have then stabilized the situation insofar as possible, installed a puppet, and left. No one will be able to straighten out Afghanistan but the Afghans, if it can be done at all. And that is their problem because, after all, it is their country. The recent killings demonstrate that it is not a question of leaving Afghanistan in 2013, or 2014, or even 2020 as some generals would prefer. We should have left a long time ago and spared the thousands of killed in action US and Allied troops as well as the tens of thousands of Afghans who have died in a war that is not only the longest in US history but also completely pointless and unwinnable.

Notícias do ultraliberalismo reinante (2)

Johnny Cash - Ain't No Grave


Letra:

A nova "solução" energética de Obama: as algas!

Obama é justamente acusado por muitos de tudo ter feito para dificultar, quando não impedir, o desenvolvimento das indústrias extractivas ligadas aos combustíveis fósseis no próprio território americano (não atribuição de novas licenças para perfurações em áreas federais, regulações tão absurdas quanto de implementação caríssima, não aprovação do pipeline Keystone XL, etc.). Como por várias vezes tenho recordado, não há lugar a nenhuma surpresa nessa actuação quando o póprio Obama admitia (vídeo), que "Under my plan of a cap-and-trade system, electricity rates would necessarily skyrocket. Coal-powered plants, you know, natural gas, you name it, whatever the plants were, whatever the industry was, they would have to retrofit their operations. That will cost money. They will pass that money on to consumers".

O plano de Obama assenta(va) na progressiva diminuição do recurso à energia de origem fóssil taxando-a activamente e em simultâneo promovendo, sem olhar a custos, as novas energias renováveis (eólica e solar)  que seria óptimo pela criação de "empregos verdes" e de energia "limpa" como os excelentes exemplos espanhóis e dinamarqueses "demonstravam"...

Veio porém a suceder que o spin mediático do "aquecimento global" / "alterações climáticas" esmoreceu significativamente com os Climategate 1.0 e 2.0, continuados no recentíssimo Fakegate; que o esquema do "cap-and-trade" faliu; que os escândalos das empresas "verdes" se multiplicaram e que os tais empregos verdes pouco mais eram que miragens; que o carro eléctrico é, ainda, pouco mais que uma anedota. Ao invés, a revolução do shale - promovida por empreendedores privados em terras privadas - evidenciou um vastíssimo potencial energético e de criação de riqueza e empregos reais, não subsidiados.

Ultimamente, com as cotações do petróleo a levar gasolina a um limiar de preço ($US 4 por galão (um pouco mais que 3,5 litros), o dobro de quanto Obama ascendeu à presidência) considerado perigoso para um presidente à procura da reeleição, Obama reagiu. Na 5ª feira passada, afirmou, respondendo à insistência dos republicanos para que o governo federal promova activamente não dificulte a prospecção e extracção de petróleo e gás - o famoso "drill, drill, drill" - que "The American people aren't stupid," e que essa reivindicação " [is] not a strategy to solve our energy challenge" (vídeo) até porque os EUA já o estariam a fazer (o que em parte até é verdade apesar das políticas federais). Para Obama, a "estratégia" passa por "soluções de futuro". Exemplo, pelo próprio: explorando o potencial energético das algas!!!

Aposto que será uma surpresa para muitos

Produzir gráficos legíveis é uma arte. Mark Perry domina-a. No caso, é extraordinariamente interessante constatar que desde 1920, a preços de 2011, o preço de um galão de gasolina (cerca de 3.785 litros) nos EUA tenha variado num intervalo de preços tão reduzido (essencialmente entre 2 e 4 dólares). Sabendo isto, talvez se possa perceber melhor porque Perry não considere o preço actual uma catástrofe. Já Obama, considera-o um perigo para a sua reeleição. Regressarei a este tema amanhã.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Exemplo prático do reincidente equívoco

É o que nos dá o até há bem pouco tempo indefectível defensor das fontes de energia intermitentes Der Spiegel. Bastará ler o artigo datado de ontem - o que proponho aos leitores - Rising Energy Prices Endanger German Industry. Porque me parece amplamente ilustrar o equívoco de que escrevia há pouco (exacerbado na Alemanha pela decisão do governo de descontinuar a geração de electricidade a partir da energia nuclear), escolhi sublinhar estes dois trechos (tradução e realces meus):
Os operadores das redes de energia mais importantes estão em estado de alerta há semanas. O operador TenneT teve mesmo de recorrer a capacidade de reserva. Não obstante, já houve alguns problemas graves provocados por interrupções de fracções de segundo no fornecimento de energia, que os consumidores comuns nem sequer notam, mas que criam dificuldades para a indústria, devido à exigência de processos de produção altamente complexos(...)

A indústria está preocupada que não esteja claro como pretende o governo garantir o fornecimento de energia no futuro. Barragens hidroeléctricas dotadas de bombagem reversível teriam de ser construídas para armazenar energia para os períodos em que há pouco vento e sol. Mas não há praticamente nenhumas novas instalações actualmente em construção. Milhares de milhões também teriam de ser investidos em redes de energia fiáveis ​​para que a electricidade gerada pelo vento possa ser transportada do litoral para a região industrial do Ruhr e para os estados do sul da Baviera e Baden-Württemberg. Mas os políticos federais e dos diferentes estados ainda estão brigando quanto a definir os traçados das novas linhas de transmissão necessárias e se será necessário enterrá-las. Finalmente, adicionais centrais térmicas a gás natural são urgentemente necessárias. Não é de estranhar, no entanto, que muito poucas empresas estejam preparadas para investir em instalações que podem ou não ser rentáveis, dependendo de como virão a soprar os ventos políticos amanhã.

Sinais (9)

Depois disto, agora isto: Ministro alemão do Interior defende saída da Grécia da zona euro, numa variante da cinematográfica e celebérrima frase de Don Vito Corleone: "I'm gonna make him an offer he can't refuse". Creio que entrámos na fase DEFCON2. É a penúltima.

O reincidente equívoco

que assenta na incompreensão daquela que é a característica essencial da produção de energia eléctrica de origem eólica e solar - a sua intermitência - leva a que as indignações dirigidas contra as barragens (armazenamento e bombagem) e as centrais termoeléctricas e de co-geração (construídas a título de "garantia de potência") falhem completamente o alvo, como o Ecotretas aqui demonstra. Joanaz de Melo é um dos mais persistentes difusores desse equívoco como volta a demonstrar no artigo que assina hoje no Expresso.

Ora, enquanto pretendermos que o resultado de premirmos um interruptor seja, em 100% das vezes, obtermos  electricidade, é vital haver backups - fiáveis - para acorrer aos "buracos" criados pelas fontes de produção intermitente, especialmente em situações de picos de procura. Caso contrário, os apagões serão inevitáveis. O dedo acusador deve ser pois apontado às eólicas e aos que as promove(ra)m. Eles continuam por aí.
________________
Nota: dei conta, agora mesmo (22:29) de que o Ecotretas já tinha tratado do tema no seu blogue. Vão até lá que ele explica o equívoco (?) muito melhor do que eu sou capaz.

O declínio de um jornal

Segundo o Expresso de hoje (realce meu), "[a] falta de encomendas está a levar algumas empresas têxteis portuguesas a parar a produção e a antecipar dias de férias. A retração económica e as alterações climáticas estão entre as causas da desaceleração da procura".

Quer-me parecer que existe sim, e de há muito, ali para os lados de Paço de Arcos, um fenómeno local, persistente, de patetice, quiçá irreversível.

E se se preocupassem antes com a competência da gestão?

The Gift - Primavera


Letra:

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Sinais (8)

Schaüble diz que "não há garantias" de que o resgate da Grécia resulte. Observação especialmente curiosa pelo timing escolhido (vésperas da discussão do resgate no parlamento europeu) e que creio reforçar a hipótese que alvitrei aqui.

Pequeno quê dos carros eléctricos

Por Michael Ramirez.

O eventual confisco do ouro

de que hoje abundantemente se escreveu a propósito de uma das cláusulas do acordo referente ao mais recente bailout à Grécia, deveria fazer-nos reflectir. Pelo que sobra daquela que fez parte de uma designada "pesada herança" mas também pelo abuso a que o Poder, quando entende, recorre como sucedeu com o confisco do ouro dos americanos ditado pelo seu próprio Presidente, Franklin Delano Roosevelt.

Nota: não sei se se deram conta mas a cotação do ouro rondou hoje novamente os 1800 dólares a onça.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Frase do dia (26)

«Those who would give up Essential Liberty to purchase a little Temporary Safety, deserve neither Liberty nor Safety.»
Benjamin Franklin

O rufar dos tambores de guerra

Há uma semana atrás, numa audição perante um comité do Senado, Leon Panetta, secretário da Defesa dos EUA, afirmou "não haver indicações que o Irão esteja a construir uma arma nuclear" e, até, que "queira construir uma arma nuclear" enquanto o General Ronald Lee Burgess, director da Defense Intelligence Agency, por sua vez, testemunhou que "o Irão não pretende intencionalmente iniciar um conflito" (video). James Clapper, Director da National Intelligence, perante o mesmo comité, não disse coisa diferente (video) ainda que o seu interlocutor não seja da mesma opinião... O General Martin Dempsey, Chefe do Estado Maior conjunto das forças armadas dos EUA, declarou que "o regime iraniano não decidiu enveredar [...] pelo esforço de militarizar as suas capacidades nucleares" (video). Ou seja: há uma sintonia entre as autoridades americanas relevantes quanto à inexistência de armas nucleares iranianas e quanto à não decisão, pelo menos por agora, de que tenha sido tomada a decisão de as construir (e de as conseguir lançar).

E todavia, como nota Anthony Gregory, uma maioria significativa [71% segundo a CNN] dos americanos acredita que os iranianos já as detêm, o que constitui uma tremenda semelhança com o que sucedia, em Setembro de 2003, quanto à crença segundo a qual Saddam Hussein estaria ligado ao 11 de Setembro (70% dos americanos, segundo sondagens de então), o que como sabemos não era verdade nem, de resto, alguma vez tal tenha sido afirmado pelas autoridades americanas. Como explicar esta contradição entre as posições oficiais das autoridades (políticas, de espionagem e militares) e a opinião pública?

Talvez que uma explicação possa residir em títulos de que este, do WSJ, Iranian Leader Promotes Nuclear Plans, seja paradigmático (assim como este do Telegraph). Esta notícia está construída em torno de dois "pilares": um que reflecte a suspeita decorrente de a missão da AIEA (Agência Internacional de Energia Atómica) não ter sido autorizada pelas autoridades iranianas a visitar um site militar que pretendia na passada 3ª feira; outro, de um discurso do próprio Ayatollah Khamenei, no dia seguinte (ontem), onde afirmou que o Irão não iria mudar a sua estratégia relativamente ao desenvolvimento do seu programa nuclear. Todavia, a par destas declarações, Khamenei afirmou igualmente (segundo a PressTV ligada ao regime) que "The Iranian nation has never pursued and will never pursue nuclear weapons" e que "considers the possession of nuclear weapons a grave sin and believes the proliferation of such weapons is senseless, destructive and dangerous".

Por que razão será que os media mainstream não fizeram eco destas declarações (pelo menos na forma) tão categóricas?

Armas de destruição interminável

23-02-2012 - Série de ataques no Iraque fez (pelo menos) 50 mortos.

Pró-memória:
15-12-2011 - U.S. formally declares end of Iraq War
Estatística de horrores (de 20-03-2003 até hoje) : http://www.iraqbodycount.org/

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Frase do dia (25)

«Government is not reason, it is not eloquence – it is force. Like fire, it is a dangerous servant and fearful master.»
George Washington

Uma epifania anunciada

Ambrose Evans-Pritchard, no Telegraph de hoje: Greek debt accord hostage to political passions. Um excerto (realce meu).
«For now, Europe's leaders are holding to their line that Greece is a special case, refusing to acknowledge that the EMU drama is at root a North-South trade crisis, compounded by contractionary polices that have tipped Club Med back into recession and made the task that much harder. It may take more than Greece to force epiphany.»
Leitura complementar: Wolf e Rogers chumbam acordo grego

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Exemplos de diarreia regulatória

De minúcia e de "rigor" que, um dia destes, levará muito provavelmente ao desastre como aqui se antecipa,


ou, num outro registo, este de sucessiva e infinita "afinação", consequência típica da lei das consequências não-intencionais:


Um rosto para a ignomínia

de um cientista (?), confessadamente ladrão (e falsificador?), Peter Gleick, que, calculem só, se "distinguiu" pela defesa da integridade científica!!! Judith Curry aplica-lhe o devido correctivo.


Leitura complementar:

O criminoso Peter Gleick
My Fellow Forbes Contributor Peter Gleick Admits to Stealing Heartland Documents

Quanto tempo mais até que a realidade se instale?


Pressupostos da (in)sustentabilidade do pacote: estes. Acredite quem quiser. A minha boa vontade não chega a tanto.

A infindável tragédia da Grécia (3)

Greek debt nightmare laid bare, no Financial Times. "Afinal", parece que os 136 biliões de euros são insuficientes e que serão necessários, na melhor das hipóteses, mais 50 biliões de ajuda adicional. Será desta que a Alemanha...?

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Johnny Cash - Hurt


Letra:

A demência solar

Via NoTricksZone, uma pérola (realces meus):
«[D]espite the massive investment, solar power accounts for only about 0.3% of Germany’s total energy. This is one of the key reasons why Germans now pay the second-highest price for electricity in the developed world (exceeded only by Denmark, which aims to be the “world wind-energy champion”). Germans pay three times more than their American counterparts.

Moreover, this sizeable investment does remarkably little to counter global warming. Even with unrealistically generous assumptions, the unimpressive net effect is that solar power reduces Germany’s CO2 emissions by roughly eight million metric tons – or about 1% – for the next 20 years. When the effects are calculated in a standard climate model, the result is a reduction in average temperature of 0.00005oC (one twenty-thousandth of a degree Celsius, or one ten-thousandth of a degree Fahrenheit). To put it another way: by the end of the century, Germany’s $130 billion solar panel subsidies will have postponed temperature increases by 23 hours.»

Leitura complementar: No Good Deed Goes Unpunished: The High Cost of Solar

Execução orçamental de Janeiro de 2012

Já disponível. Aqui.

Kicking the can down the road

Por Steve Kelley

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Frase do dia (24)

«I believe that banking institutions are more dangerous to our liberties than standing armies.»
Thomas Jefferson

Para além do economês

Escreve Pacheco Pereira, no 5º episódio da série TALVEZ NA GRÉCIA FOSSE POSSÍVEL FAZER DE OUTRA MANEIRA:
A grande vantagem hoje de serem os gregos a gerirem a sua própria crise [saindo do euro], é a de travar um nacionalismo anti-europeu e anti-alemão, agravado pelos elefantes europeus que bailam no meio da loja de porcelana. É que este é um factor que dá aos extremistas, de direita e de esquerda, um terreno favorável, muito mais do que a austeridade por si só. Mas, como isto está para lá do economês, os praticantes desta arte ainda pensam que é só a austeridade que mobiliza os gregos. Infelizmente é outra coisa muito diferente e cada vez mais perigosa.
Leitura complementar: Can a return to the drachma save Greece as unemployment soars?

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

A progressiva destruição do capitalismo

e consequente ascensão do socialismo está bem evidenciada nos títulos destes dois editoriais do New York Times, separados entre si de 25 anos, a propósito dessa clássica política de promoção do desemprego que resulta da fixação de salários mínimos, via Carpe Diem:
1987-14-01 - "The Right Minimum Wage: $0.00"
2012-02-13 - "Raise New York's Minimum Wage"

Farage e o caos grego: "You ain't seen nothing yet"


Via Zero Hedge

O Inglês e a ortografia

Lendo as reacções ao livro The Enlightened Economy: An Economic History of Britain, 1700-1850 do historiador americano Joel Mokyr, deparei-me com a seguinte observação de um leitor britânico:
«One tiny point to those, like me, who seek to improve their English as well as their knowledge of history - this book has American spelling throughout and at its end I had to check with a dictionary that I still knew how to spell woollen, fuelled - and many more words tucked away in those otherwise lovely sentences.»
E que tal um acordozinho ortográfico?

Leviatã (3)

A Moda dos Sistemas Fiscais Paralelos – (Matem o Monstro / Parte III), por Jcd, no Blasfémias, examinando a Proposta de Lei do Cinema, da responsabilidade da Secretaria de Estado da Cultura. Ou onde se demonstra que não é apenas do PS que surgem tentativas, socialistas, de atribuição de rendas a grupos específicos. O mesmo faz o  actual governo.

Caso não tenham lido os dois anteriores posts da série, também da autoria de Jcd, aqui deixo os respectivos links:

Tirem-me deste filme (Matem o Monstro II)

Matem o Monstro

Uma coisa que já foi do passado (2)

Na sequência de Uma coisa que já foi do passado, que tal apreciar o presente com camadas de neve que chegaram ontem aos 4 metros e meio na Roménia, Moldávia, Albânia e Kosovo?

Foto do DailyMail

Bizarrias totalitárias ou o refazer da história

A ideia de tentar que um tribunal belga viesse a determinar a proibição de venda do álbum "Tintin no Congo", publicado em 1931, alegando que o mesmo veicula conteúdo racista, é absolutamente bizarra e mesmo totalitária. É-me incompreensível como foi possível que o tribunal admitisse sequer apreciar uma acção desta natureza.

Outro péssimo exemplo foi a decisão francesa, instigada por Sarkozy com nítidas intenções eleitoralistas, de criminalizar todos aqueles que se atreverem a negar o genocídio arménio (pelos turcos).

E que dizer do lamentável episódio que representou a tentativa, entretanto abortada, de voltar a publicar "Mein Kampf"?

 Já pouco falta para regressarmos aos autos-de-fé.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

As últimas palavras de Napolitano no 'Freedom Watch'



A FOX decidiu cancelar o programa do Juíz Andrew Napolitano, 'Freedom Watch', de onde retirei muitos clips para outros tantos posts. No Facebook, Napolitano assevera os seus fãs que continuará a ser uma voz activa na defesa da liberdade. Assim espero que aconteça. Na televisão e na escrita onde aprendi a apreciá-lo.

Dia dos namorados visto pelos economistas

Os que estão ou continuam enamorados, vêem o seu par como estando para além da "fronteira de possibilidades de produção" (o círculo assinalado por "YOU"). Os ex-enamorados que ainda "funcionam" em vida conjunta, estarão na linha de fronteira. Por fim, está bem de ver qual o caso representado no círculo aquém da linha de fronteira...

Via Carpe Diem

Uma pergunta pertinente

Há uns meses, depois disto, escrevi: "[h]oje, o "combate" ao "enriquecimento ilícito" dos políticos. Amanhã, de todos nós. Obsceno." Não imaginava, que apenas poucas semanas volvidas, a (fácil) "profecia" já se teria concretizado. É pois caso para perguntar, como faz Carlos Guimarães Pinto, Onde estão os liberais?

Esperemos que Cavaco Silva faça o mínimo que se impõe: suscitar a apreciação da lei pelo Tribunal Constitucional.

Fraco consolo de uma notícia errada


Não temos - ainda(?) - a "honra" de pertencer a este pódio. À nossa frente, para além da Espanha e da Irlanda, está ainda a Grécia. A leitura, com um mínimo de atenção, deste quadro é evidente (o facto de não estarem espelhados os valores da Grécia para Novembro e Dezembro apenas ilustra o mau funcionamento do INE lá do sítio).

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Coldplay - Fix You


Letra:

Um ponto de viragem?

É verdade que Felipe Caldéron, o presidente do México em exercício, já havia aberto a porta à possibilidade de legalização das drogas caso houvesse consenso com outros países nessa matéria. É verdade que são múltiplos os ex-políticos (o americano Jimmy Carter, o espanhol Felipe Gonzalez e o brasileiro Fernando Henrique Cardoso são alguns dos exemplos), que defendem hoje abertamente o fim da "guerra às drogas" declarada por Nixon. Porém, a declaração, divulgada no Washington Post, pelo actual presidente da Guatemala, segundo a qual irá propor a legalização do comércio de drogas aquando da próxima cimeira de líderes é, creio, uma autêntica première. Creio que a maré está mesmo a mudar. Oxalá!

Oh, Durão! Não seja piegas!

Durão Barroso acusa mercados de minimizarem medidas importantes

A infindável tragédia da Grécia (2)

Ontem à noite, aquando da votação no parlamento grego do novo Memorando de Entendimento com a troika, Antonis Samaras, líder do partido da Nova Democracia, fez o seguinte apelo ao voto. 
«I ask you to vote in favour of the new loan agreement today and to have the ability to negotiate and change the current policy which has been forced on us.
Revelador.

Nota: entretanto, confirmadas: Eleições antecipadas na Grécia marcadas para Abril

domingo, 12 de fevereiro de 2012

The Gift - Fácil de entender

Hoje, pela parte final do programa, valeu a pena ver Marcelo Rebelo de Sousa!


Letra:

Resultados dos caucuses republicanos no Maine


Embora os resultados não sejam ainda finais, facto é que Ron Paul dobrou (em % e em número de votos) o seu score face a 2008 e julga inclusive ter boas hipóteses de eleger o maior número de delegados (entre os 24 em disputa no Maine).

Próxima etapa: primárias do Arizona e Michigan, em 28 de Fevereiro próximo. No Arizona, o vencedor recolhe a totalidade dos 50 delegados enquanto no Michigan a atribuição de delegados (30) é feita de uma forma semi-proporcional pelo que só ali Paul deverá fazer campanha.

Será al-Zahawri, afinal, também um defensor da liberdade?

Suponho que dependa do contexto... pois é certamente embaraçoso, como já foi (e é) na Líbia, estar do mesmo lado da barricada do ocupado pelo líder da al-Qaeda na Síria, como confirmou hoje a BBC. Enfim. Não está (ainda) disponível o vídeo. Mas não deverá ser muito diferente daquele divulgado pelo Guardian, em Julho último e agora reproduzo (legendas em inglês):

Whitney Houston - I Learned From The Best

In memoriam.


Letra:

Redacção da Guidinha (com pontuação)

À pergunta do Público "O que mudaria em Lisboa?", Sonya Gadit, da InoCrowd, responde que "Queria uma cidade sustentável". E explica:
Gostava de viver numa Lisboa verde e sustentável sem emissões de partículas de carbono. Os prédios teriam painéis solares, os carros seriam eléctricos e a energia que alimentaria esta cidade provinha apenas do sol, do vento e das ondas. Lisboa teria grandes lagos artificiais e estes serviriam para refrescar a cidade e para tratamento das águas e ao mesmo tempo para os turistas conhecerem a cidade de barco movidos apenas por energia eólica. Teria um grande parque verde no centro [como o Central Park] onde as pessoas poderiam fazer exercício e onde poderíamos utilizar a energia dos movimentos desses exercícios para alimentar a cidade.

Os prédios todos estariam equipados com tecnologias de informação de forma a percebermos quanto estamos a gastar de energia e todas as pessoas seriam responsáveis por não exceder esses limites. Entre estes prédios haveria sempre uma área verde. Saberíamos quantos idosos e deficientes vivem sozinhos e estas casas teriam sensores de forma a que se alguém caísse ou se não se sentisse movimento durante um certo período de tempo, fosse accionado um sistema de alarme. Um sonho? Talvez mas quando o homem sonha a obra nasce.
Não, a tal Sonya Gadit, não tem 10 anos. A avaliar pela fotografia que o Público disponibiliza, já terá passado dos 20. Não se apercebe, porém, que o que descreve não é um sonho mas um pesadelo.

Nem de propósito

na sequência do post imediatamente anterior. Hoje, Sofia Lorena, assina no Público um artigo cujo primeiro parágrafo transcrevo para bem ilustrar o que eufemisticamente designei por assimetria informativa. Ora leiam:
"Homs é nome de cidade em guerra, não há dúvidas. Só na última semana, centenas de pessoas foram mortas por raides do Governo. De um lado, opositores que começaram por ser civis em manifestações pacíficas até que foram obrigados a defender-se de tanques com Kalashnikovs. Do outro, um Presidente disposto a tudo, um regime que acredita poder sobreviver, por mais que tenha que matar."
Pensando bem, para não ser acusado de vitriólico, não me parecem necessários comentários adicionais. Trata-se, tão só e apenas, de propaganda barata. De jornalismo, nada.

A verdade não pode resumir-se àquilo que se vê ou lê

Via LRC, estive a ler o relatório do responsável pelo Chefe da Missão de Observação que a Liga Árabe enviou à Síria no período entre 24 de Dezembro de 2011 a 18 de Janeiro de 2012 e devo dizer, secundando Daniel McAdams,  que também não recordo que os jornais e as televisões tenham feito eco de pelo menos algumas das suas mais relevantes constatações (pontos 26 a 29 na página 4 do relatório). Isto em muito reforçou a minha suspeita de existência de "assimetria informativa" relativamente aos acontecimentos do último ano na Síria. Como se escreve aqui, "[h]iding behind the rubric - "we are not able to verify these statistics" - the lack of integrity in reporting by the Western mainstream media has been starkly apparent since the onset of events in Syria. A decade after the Iraq war, it would seem that no lessons from 2003 - from the demonization of Saddam Hussein and his purported weapons of mass destruction - have been learnt".

Não que os al-Assad e o partido Baath, que impuseram aos sírios um estado de emergência permanente desde 1963(!), mereçam qualquer tipo de simpatia. Porém, há que ter atenção, como há dias o Público noticiava, que Bashar al-Assad tem também (ainda?) muitos adeptos (como se viu aquando da chegada do ministro russo dos Negócios Estrangeiros a Damasco, russos que têm particulares interesses estratégicos na Síria, nomeadamente uma grande base naval militar, a base de Tartus). As razões dos que pretendem fazer cair o regime sírio podem ser - e sê-lo-ão certamente - as mais diversas, tal como as consequências da sua queda. Recordem-se as palavras de Camille Otrakji, um blogger nascido em Damasco, citado pelo New York Times:
«Why do you think there aren’t millions in the street demonstrating against Bashar? It’s not because they’re afraid of the security forces. It’s because they’re afraid of what would replace Assad.»
É mais ou menos a mesmo ideia que Patrick J. Buchanan evocava quando perguntava: Quando os ditadores caem, quem se levanta?

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Finíssima ironia

An animated Senator Rand Paul gave a pointed address at the Conservative Political Action Conference in Washington, DC, Thursday, asking President Obama both "Do you hate all rich people?" and "Do you hate all poor people?"
The Kentucky Republican answered his own questions and concluded that the answer was no -- he just hates some of them.

"The president doesn't really hate all rich people, just those who don't contribute to his campaign," Paul said.

Uma coisa que já foi do passado

Aqui, no Independent

Isto era em 2000. Em 2012, com a devida vénia ao DailyMail, o futuro, tornado presente, tem este aspecto:

Ciências sociais vs ciências naturais

Já por várias vezes procurei chamar a atenção (entre as quais, aqui, aqui e aqui) para as semelhanças que me parecem ocorrer entre as (inevitavelmente fúteis) tentativas de modelar (= prever) o clima e, por maioria de razão, uma Economia. Não irei aqui repetir as razões da futilidade de prever a evolução de sistemas complexos não-lineares, por muito poderosos que sejam quer o poder computacional disponível (que há décadas cresce exponencialmente), quer o número de equações e variáveis utilizadas na sua modelização. Gostaria apenas de chamar a atenção que, sendo o clima uma matéria indisputavelmente do domínio das ciências físico-naturais (das coisas, portanto) e a Economia do universo das ciências sociais (das pessoas e das suas interacções), a complexidade destas últimas é muitíssimo superior à das ciências físico-naturais. Porque, ao contrário das pessoas, de cada indivíduo, o sol, os oceanos, os ventos ou as pedras, não agem, não reagem, não pensam, não têm propósitos.

Jesús Huerta de Soto (JHS) explica as necessárias diferenças metodológicas entre ciências naturais e ciências sociais e o paradoxo que resulta de, sendo estas últimas muitas mais complexas que as primeiras ("complexíssimas" na classificação que JHS faz nesta lição), todo o mundo achar, por exemplo, que "sabe" de Economia ainda que reconheça que "nada sabe" sobre, sei lá, física quântica.



Certeiro

o post de Miguel Noronha a propósito de uma certa noção de "progresso":
Se generalizarmos a legalização do homicídio também conseguimos reduzir as estatisticas da criminalidade.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Adele - Make You Feel My Love


Letra:

O que tem que ser tem muita força

Não deixa de ser irónico que, nem um ano passado sobre a decisão alemã de encerrar um conjunto de reactores nucleares, a necessidade de reforçar a procura de energia, em resultado do frio intenso que se abateu na Europa, houve que voltar a ligar esses reactores nucleares. A força que o frio tem ou o que tem que ser tem muita força!

Grandes mentiras, grandes desastres

Tendo o então senador Barack Obama proferido as declarações seguintes (realces meus)
"So if somebody wants to build a coal-powered plant, they can. It's just that it will bankrupt them because they’re going to be charged a huge sum for all that greenhouse gas that's being emitted." -- Barack Obama, January 17, 2008 (vídeo)

"Under my plan of a cap-and-trade system, electricity rates would necessarily skyrocket. Coal-powered plants, you know, natural gas, you name it, whatever the plants were, whatever the industry was, they would have to retrofit their operations. That will cost money. They will pass that money on to consumers."  -- Barack Obama, January, 2008 (vídeo)
ninguém pode ter ficado admirado, mesmo depois dos escândalos Solyndra e similares, que a administração Obama, pela mão da EPA (agência americana do ambiente) tenha declarado guerra aberta à produção de electricidade através do carvão. Quaisquer pretextos servem para levar por diante essa guerra, uma vez determinada a estratégia. Vejamos um caso que classificaria de limite: o relativo ao estabelecimento do Mercury Air Toxics Standards for Utilities cuja justificação técnica (pdf), nos próprios termos da EPA, é descrita assim (pág. 7, 3º parágrafo do sumário executivo) quanto ao âmbito do estudo de risco associado com o metilmercúrio (MeHg) :
«The national-scale risk assessment for Hg [mercúrio] focuses on risk associated with Hg released from U.S. EGUs [Energy Generating Units] that deposits to watersheds within the continental U.S., bioaccumulates in fish and then is consumed as MeHg in fish eaten by subsistence fishers and other freshwater self-caught fish consumers.»
Portanto, o estudo do risco para a saúde das emissões de mercúrio pelas centrais térmicas a carvão foi efectuado nas bacias de água on-shore, onde se depositam as partículas de mercúrio, sendo absorvidos pelos peixes "residentes". As pessoas potencialmente infectadas seriam constituídas por pescadores de subsistência que se alimentam dos peixes assim afectados! [Este artigo, no blogue Global Warming, esmiuça o ridículo a que se pode recorrer para atingir fins pré-determinados]. Ah! Já me esquecia: segundo a própria EPA, se é certo que irão desaparecer empregos eles serão mais que compensados com aqueles que se irão ganhar com os empregos a criar nas indústrias de combate à poluição. Quantas vezes já ouvimos isto?

Mas tudo isto não teria importância especial se o conjunto de novas regulações (a do mercúrio é uma delas) não se traduzissem no empobrecimento americano, que o próprio governo federal promove, e que se traduz no próximo encerramento (daqui a 2016) de dezenas de centrais térmicas a carvão, correspondentes a uma capacidade de geração nominal de 33 GW, que a seguinte figura identifica (copiada daqui) e que este documento detalha:


A incessante procura de rendas à pala do estado (2)

O infame PL 118, perseguido pela PS sob liderança da ex-ministra Canavilhas, é mais um exemplo de como um dado grupo de cidadãos tenta, através do monopólio do poder estatal, impor sobre toda a comunidade e à sua custa, a obtenção de uma renda em exclusivo benefício desse grupo. É perfeitamente abusivo e mistificador afirmar a existência a um suposto direito (a renda) sobre o preço final de um qualquer dispositivo de armazenamento de conteúdo digital invocando a contrapartida pelo benefício de uma cópia privada sem cuidar de saber se ela sequer ocorre. Ou a Sra. Canavilhas acha que, por exemplo, os pentabytes usados pelas empresas nas suas storages estão pejados de ficheiros áudio de peças de Stockhausen ou do Quim Barreiros? O que lhe arroga o direito de pretender encarecer os dispositivos de armazenamento digital destinados, por exemplo, ao meu acervo de fotografias? Quererá tomar-nos (a todos nós, consumidores e empresas) por parvos?

Não, o que a Sra. Canavilhas e restantes camaradas pretendem é a atribuição de uma renda estatal, financiada pelos consumidores e empresas, porque se arrogam o direito a proteger uma dada classe de indivíduos - os autores. Mas não lhe ocorrerá que há muitos autores que, ou não se importam (porque até ganham com isso) de obter, gratuitamente, uma maior distribuição da sua produção intelectual, ou que até mesmo que oferecem o produto do seu trabalho gratuitamente? Ou acaso achará que o produto intelectual, por exemplo de um escritor, merece direitos preferenciais por estar registado na SPA dos de um autor de um programa de software que não está? Como faz para distinguir uns de outros? Quer fechar o You Tube, é isso?

Nas palavras do grande Murray Rothbard:
As we unravel the tangled web of protectionist argument, we should keep our eye on two essential points: (1) protectionism means force in restraint of trade; and (2) the key is what happens to the consumer. Invariably, we will find that the protectionists are out to cripple, exploit, and impose severe losses not only on foreign consumers but especially on Americans. And since each and every one of us is a consumer, this means that protectionism is out to mulct all of us for the benefit of a specially privileged, subsidized few—and an inefficient few at that: people who cannot make it in a free and unhampered market.

Notícias do ultraliberalismo reinante (act.)

Há umas semanas atrás fui a uma farmácia comprar um medicamento que tomo diariamente vai para sete anos. Quando fui atendido, disseram-me que se encontrava esgotado e que iria ter dificuldade em encontrá-lo noutra qualquer farmácia. Perante a manifestação do meu particular desagrado (o "stock" caseiro estava no fim), à minha frente, o farmacêutico telefonou para dois distribuidores que confirmaram a indisponibilidade do medicamento. Na 2ª feira seguinte (isto passava-se a um sábado à hora de almoço), fui à minha farmácia habitual mas não tive dificuldade em obter a embalagem de Spiriva. Esqueci o episódio. Até hoje, ao ler uma notícia no Público.

Googlando, dou-me conta que esta notícia - "Mais de meio milhão de euros de multas por exportação ilegal de medicamentos" -, afinal, de novo só tem o montante de multas. Já há bastante tempo, pelo menos desde Dezembro de 2010, que se vem falando de exportações "ilegais" de medicamentos (inclusive do medicamento acima referido).

O sector do medicamento (e das farmácias) tem sido, de há longa data, alvo de uma profusa regulação (particularmente acentuada quanto à manipulação administrativa de preços,  mercê da pressão sobre as contas do sector público da saúde) e uma protecção abusiva dos actores instalados de há longas décadas (produtores e comercializadores, farmácias incluídas). Tudo isto é deplorável e ilustrativo do que acontece quando se intervém no mercado para corrigir supostas "ineficiências", supostos "lucros excessivos", "igualdade no acesso aos medicamentos", "direitos adquiridos", "protecção de consumidores" e toda a restante e vastíssima aparelherística regulatória e burocrática que, antes de mais, pretende proteger os seus próprios autores (morais e materiais).

É absolutamente extraordinário que se possa considerar "ilegal" a exportação de medicamentos, mesmo que a coberto da lei, quando necessitamos desesperadamente de equilibrar a balança comercial externa. Dizem os burocratas, no caso o Infarmed, que essa disposição se destina a salvaguardar o abastecimento do mercado nacional, sendo pois justificável - cá está! - para "defender" os consumidores. Isto é tão justificável como, por exemplo, a disposição que até aqui há uns 20 anos atrás impedia a venda de leite em pó infantil em outros estabelecimentos que não as farmácias, em nome da protecção da saúde dos frágeis infantes...

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Sem paixão mas não sem razão

Warren Meyer, editor do Coyote Blog - um dos meus pontos de paragem obrigatória na navegação diária pela blogosfera -, tinha ontem prometido um artigo (para hoje, na sua coluna na Forbes) que há já anos, "literalmente", tinha intenção de escrever. Creio que o conseguiu inteiramente de uma forma que, sendo acessível ao leigo, não contemporiza com a ciência e, sobretudo, com uma ética inatacável. Leitura indicada para todo o leque de intérpretes da controvérsia climática. O título do artigo diz, com clareza, ao que vem: Understanding the Global Warming Debate. Recomendo vivamente a sua leitura integral (como o faz Anthony Watts).

Frase do dia (23)

"El tiempo de las obras faraónicas, de los convenios sin dinero y de los aeropuertos sin tráfico ha terminado"

Ana Pastor, ministra do Fomento do governo espanhol

Não pode valer tudo

é - e muito bem - o que fica salvaguardado com esta sentença aprovada por unanimidade pelo colectivo de juízes do Supremo Tribunal espanhol. Ordenar escutas de conversas entre suspeitos de crimes, ainda que horrendos, e os seus defensores - mesmo que provavelmente facínoras - é inaceitável. Este é o fim, triste, da carreira de Baltazar Garzón quando o tribunal o condenou a 11 anos de suspensão do exercício da magistratura.

A infindável tragédia da Grécia

Ao fim se semanas de maratonas negociais, de "semi-acordos", de "iminentes pactos" e de vários acordos desmentidos, num infindável jogo de póquer e muitos bluffs à mistura, eis que foi anunciado um acordo entre os principais partidos gregos e a troika relativamente às condições de acesso a um novo bailout.

Vamos ver. Por um lado, o texto do memorando terá ainda que ser sujeito à apreciação no parlamento e, por outro, e talvez mais importante, espera-se a realização de eleições legislativas já em Abril próximo (e se bem conhecemos a volubilidade dos partidos gregos...). Tudo isto num quadro em que a agitação social não só não pára como parece até agravar-se.

Por tudo o que se passou nestes quase dois anos, suspeito que muita água haja ainda que correr debaixo das pontes gregas. Especialmente - como Ambrose Evans-Pritchard ontem fazia notar -, com as receitas fiscais gregas a caírem em Janeiro deste ano, face ao mês homólogo de 2011, em 7%  quando o orçamento previa um acréscimo de 9%!!! Em particular,  quanto se assiste às receitas do IVA a diminuírem uns catastróficos 18,7% pouco tempo depois (Setembro de 2011) de a taxa sobre os bens alimentares e bebidas ter passado dos 13% para os 23%!

ACTUALIZAÇÃO: depois do anúncio que Governo grego fecha acordo eis que, segundo a AP, o ministro das Finanças alemão terá afirmado que Greek deal on spending cuts appears to not yet fulfill bailout conditions... pelo que [a]inda não é hoje que se decide segundo pacote de ajuda à Grécia. Mas parece que não é grave segundo o Sr. Juncker. Podemos estar descansados, pois.

Reforma monetária e a crise da zona euro

foi o título da palestra que Detlev Schlichter, um economista da Escola Austríaca, autor do recente Paper Money Collapse, deu no Adam Smith Institute no passado dia 26 de Janeiro. 20 minutos de video que me parecem bem interessantes:

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O agradecimento é nosso, Ecotretas!

E se prova adicional fosse necessária para além do blogue por si só, ela aí está sob a explícita forma digital  com o lançamento do livro Ecotretas (2007-2011). Aproveito também, mesmo com atraso, para endereçar os parabéns pelo prémio de Blogue do Ano, na categoria Natureza (onde dei uma ajuda equivalente a 1/1307 avos do total de votos).

E como é que processamos os responsáveis?

O eterno sorriso de Julian Simon

ou, de um modo mais combativo, como ideias feitas são, frequentemente, ideias parvas, em particular quanto se referem ao pretenso "esgotamento" de recursos naturais. Vem isto a propósito deste artigo (via Carpe Diem) onde se volta a evocar o princípio segundo o qual "Peak oil is peak idiocy", desta vez com a forte e continuada inversão da tendência decrescente de extracção de petróleo na província de Alberta no Canadá.

Mas, porque a evidência empírica tanta vez nos engana (as denominadas não-evidências) vale a pena explicitar uma vez mais o raciocínio económico daquele princípio. Explorando os links acima, fui dar com este post ("Peak idiocy"), de Mike Munger (aka Mungowitz), que o explica de forma cristalina (realces meus):
«Of all the idiotic things that people believe, the whole "peak oil" thing has to be right up there. It is literally impossible for us to run out of oil. We have never run out of anything, and we never will.

If we did start to use up the oil we have...(though, counting shale oil, we still haven't used even 10% of the total KNOWN reserves on earth, and there are lots of places we haven't looked)...but suppose we were on our way to using it up. Three things would happen.

1. Prices would rise, causing people to cut back on use. More fuel effcient cars, better insulation on houses, etc. Quantity demanded goes down.

2. Prices would rise, causing people to look for more. And they would find more oil, and more ways to get at it. Quantity supplied goes up.

3. Prices of oil would rise, making the search for substitutes more profitable. At that point (though not now!) alternative fuels and energy sources would be economical, and would not require gubmint subsidies, because they would pay for themselves. The supply curve for substitutes shifts downward and to the right.

This is econ 101. Even Paul ("I sold my soul to become a wanker") Krugman would credit this scenario.»

Resultados dos caucus no Colorado e Minnesota (act.)

Imagem retirada daqui
O meu favorito, Ron Paul, teve um bom resultado (como já se esperaria) no Minnesota (tinha tido 15,7% em 2008, correspondentes a 9850 votos) e um não tão bom no Colorado (apesar de melhor que em 2008, quando obteve 8,4%, cerca de 5900 votos). No Missouri, dos caucus de ontem - também ganhos por Santorum - não resultavam efeitos na alocação de delegados à convenção republicana que elegerá o oponente a Obama.

Como escrevia aqui há uns dias, estas primárias estão a revelar-se uma verdadeira caixinha de surpresas. A vida não está fácil para Mitt Romney.

A próxima etapa é já no sábado no estado do Maine.

O Sr. Nunes ataca outra vez

Admitindo inexistência de desonestidade política, só uma considerável dose de ignorância do domínio empresarial pôde conduzir-nos ao ponto de qualificar de crime o acto de vender um dado produto  (de facto ou supostamente) abaixo do preço de custo. A mim, pelo contrário, como certamente a qualquer consumidor (uma das poucas qualidades comuns à totalidade dos indivíduos), parece-me uma coisa boa e gostaria mesmo que ocorresse com muito mais frequência, se possível, sempre que fosse ao supermercado e para o maior número de produtos possível.

Ao que parece, os hipermercados concorrem entre si para venderem aos consumidores produtos abaixo de custo e a ASAE do Sr. Nunes - pois quem mais? - tem andado muito atarefada na perseguição deste tipo de criminosos. E mais: o Sr. Nunes acha que a punição do "crime de venda com prejuízo" - com coimas entre os 2500 e os 14 mil euros é "insuficiente" no esplendoroso adjectivo que, segundo o Público, o Sr. Nunes utilizou para caracterizar uma tal desfeita.

Oh Sr. Ministro Álvaro Santos Pereira! O senhor, doutor em Economia, sabe que isto é um aberrante disparate! Acabe com este crime! Acabe com o Sr. Nunes à frente da ASAE! Faça esse favor ao país! Em prol da higiene pública.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Nina Simone - Feeling good


Letra:

EUA: dois partidos = diferença zero

Lew Rockwell e Jacob Hornberger, no programa do juiz Napolitano, Freedom Watch, não encontram diferenças de substância entre Republicanos e Democratas:

Sinais (7)

Do estado social ao totalitarismo fascista

... pode ir apenas um passo. Este é um exemplo (via Blasfémias). Uma vergonha incomensurável na pátria da Magna Carta e da democracia parlamentar!

Henrique Neto: um empresário que pensa o que diz

independentemente de quem detém o Poder. Um homem livre, portanto. "Talvez os políticos sejam piegas, mas não os portugueses e muito menos os empresários que têm sobrevivido", disse.

Por que será (corrigido)

que a família de um fugitivo traficante de droga est(á)ava a financiar a campanha para a reeleição de Obama? A história está no New York Times da edição de hoje. Convido os leitores a especular sobre o facto.

Também há eurocépticos em França

como Ambrose Evans-Pritchard faz hoje notar e daqueles que já estão a pensar de que forma se poderá processar a transição do euro para o regresso às moedas nacionais. Para quem souber francês, está aqui o link para o original: Pour un démontage concerté de l'euro. Sem grandes preocupações estilísticas, o preâmbulo segue assim:
«Embora os nossos concorrentes norte-americanos e chineses tenham interesse na sobrevivência da moeda única europeia, esta está condenada, mais cedo ou mais tarde, a uma explosão incontrolável. É por esta razão, para evitar este desastre, que os signatários do presente texto propõem que seja iniciado um diálogo europeu a fim de alcançar a necessária remoção do euro.»

Vale a pena ler

este artigo no DE online apesar de achar que João Salgueiro está a ser ultra-optimista. Infelizmente, não me parece que Portugal "[possa] estar perto de um período de 'grande expansão'". Quem dera.

Porém, João Salgueiro é rigoroso e desmistificador quando afasta a "versão politicamente correta de que [a actual crise financeira e económica] se deve à crise bancária internacional, sobretudo americana" quando, pelo contrário, ela deve-se sim às políticas públicas seguidas nos EUA. De facto, a crise do "sub-prime" tem a sua origem mais imediata na actuação do Congresso quando este chamou as agências de financiamento hipotecário norte-americanas Fannie Mae e Freddie Mac "[pedindo-lhes] que fossem menos exigentes nos critérios para financiar casa, sobretudo à população negra e hispânica".

Das leituras que fiz sobre esta última matéria, a que mais me impressionou, pela sua clareza argumentativa devidamente documentada, foi a de Thomas Sowell (secundada, entre outros, por Russ Roberts) particularmente no seu livro The Housing Boom and Bust de que dei conta aqui, aqui e aqui. João Salgueiro, pelos vistos, também a subscreve. Não me recordo de outros economistas portugueses (ou até europeus) pertencentes ao mainstream doutrinário terem feito declarações semelhantes: políticas públicas erradas. O adjectivo que eu escolheria seria outro: "desastrosas".

Sinais (6) (actualizado)

Irão: Guerra ou Paz?

Mais um excelente artigo de Patrick J. Buchanan, na The American Conservative, que procurei traduzir na íntegra pela sua actualidade e importância. "Pat" Buchanan, que foi candidato à nomeação pelo partido republicano às eleições presidenciais de 1992 e 1996, é um paleoconservador, um homem da Old Right.
«David Petraeus, comparecendo ao lado do director da CIA, James Clapper, perante o Comité de Intelligence do Senado na semana passada, o director dos serviços secretos afirmou sobre o Irão: "Nós não acreditamos que eles na realidade tenham tomado a decisão de prosseguir com a construção de uma arma nuclear."

Antes da audiência, como relata James Fallows do The Atlantic, Clapper divulgou a sua "Avaliação de ameaças em todo o mundo." Nela lia-se: "Não sabemos ... se o Irão irá eventualmente decidir-se por construir armas nucleares."

Clapper reafirmou assim a avaliação de 16 serviços de informações dos Estados Unidos em 2007, alegadamente repetida em 2011, segundo a qual os EUA não acreditam que o Irão tenha decidido tornar-se num estado dotado de armas nucleares.

Em Dezembro, quando o secretário da Defesa Leon Panetta, disse que se o Irão apostasse tudo, talvez pudesse ser capaz de construir uma arma nuclear num ano, o porta-voz do Pentágono George Little apressadamente esclareceu aqueles comentários: "O secretário foi claro pois não temos qualquer indicação de que os iranianos tenham tomado a decisão de desenvolver uma arma nuclear".

Em 8 de Janeiro, o próprio Panetta disse à CBS: "(Está o Irão) tentando desenvolver uma arma nuclear? Não. Mas nós sabemos que eles estão tentando desenvolver capacidade nuclear. E é isso que nos preocupa. E a nossa linha limite para o Irão é: Não desenvolvam uma arma nuclear".

No Super Bowl no domingo, o presidente Barack Obama disse a Matt Lauer da NBC, que espera resolver o problema iraniano "diplomaticamente".

Do acima exposto, podemos concluir que a administração não acredita que o Irão tenha cruzado qualquer linha limite sobre a questão nuclear - e o presidente Obama não deseja a guerra com o Irão.

Quem, então, quer a guerra? O Ayatollah Ali Khamenei? O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad?

Julgando pelas suas acções, dir-se-ia que não. Se o Irão quisesse a guerra com os Estados Unidos, qualquer ataque terrorista no interior deste país ou sobre as forças dos EUA no Iraque ou no Afeganistão seria possível ser levado a cabo numa tarde.

A expulsão dos inspectores internacionais da Agência Internacional da Energia Atómica da unidade de enriquecimento de Natanz, a obstrução das câmaras da AIEA, o rompimento dos selos do urânio pouco enriquecido (UPE) lá armazenado, ou a remoção do UPE seria como que uma campainha de alarme para o Pentágono.

Mas os inspectores da AIEA e o UPE ainda lá estão.

Quando a alegada conspiração levada a cabo por um vendedor de carros usados ​​no Texas para contratar criminosos de um cartel mexicano para fazer explodir um restaurante em Washington D.C. e matar o embaixador saudita foi revelada, o Irão negou enfaticamente qualquer envolvimento e exigiu entrevistar o suposto mentor.

Além do mais, Teerão ainda não retaliou pelos assassinatos de cinco dos seus cientistas nucleares e dos quatro ataques terroristas levados a cabo pela Jundallah no Sistan-Baluquistão e pelo PJAK, uma organização curda terrorista que opera a partir do Curdistão iraquiano. O Irão alegou envolvimento de ocidentais e israelitas nesses ataques.

Agora que a secretária de Estado Hillary Clinton negou qualquer envolvimento dos EUA, a Mossad é o principal suspeito por trás do assassinato dos cientistas nucleares. E nos EUA o escritor Mark Perry, na Foreign Policy, alega que agentes do Mossad se fizeram passar por elementos da CIA e usaram dólares norte-americanos ​​em Londres para recrutar a Jundallah.

Se isto for verdade, esta seria uma operação clandestina para provocar o Irão a atacar a América. Aparentemente, o Irão não mordeu a isca.

Por que não prosseguiram os iranianos a sua ameaça de fechar o estreito de Ormuz e pelo contrário começaram a recuar nessa ameaça?

A guerra com os Estados Unidos seria um desastre. Embora o regime de Teerão pudesse sobreviver - como Saddam Hussein sobreviveu à "Tempestade no Deserto" - a marinha do Irão, a maior parte do seu armamento, das defesas anti-aéreas e anti-navio e a sua força de mísseis estratégicos seria destruída, como seria muita da infra-estrutura do país. O Irão recuaria anos.

Quem, então, quer a guerra com o Irão?

Todos aqueles que gostariam de a ver exactamente acontecer ao Irão.

E quem são eles? O governo de Netanyahu e a sua câmara de ressonância na política dos EUA e nos media, os neoconservadores, os membros do Congresso, Newt Gingrich e o Rick Santorum.

E como a administração Obama é a força principal na política dos EUA que se opõe à guerra com o Irão, a sua derrota em Novembro aumentaria, à quase certeza, a probabilidade de uma guerra dos EUA com o Irão em 2013.

No entanto, se o Pentágono dos EUA e os serviços de informações estão correctas - o Irão não tem uma bomba e não decidiu construir uma bomba - por que deveríamos entrar em guerra com o Irão?

Resposta: o Irão representa "uma ameaça existencial" para Israel.

Mas Israel tem 200 bombas atómicas e três formas distintas de as lançar, enquanto o Irão nunca construiu, testou ou armou um dispositivo nuclear. Quem é a ameaça existencial para quem aqui?

E apesar de que uma guerra dos EUA contra o Irão seria desastrosa para o Irão, ela não seria nenhum passeio para os americanos, que poderiam tornar-se alvos terroristas durante anos no Golfo, Afeganistão, Zona Verde de Bagdad, Líbano e mesmo aqui nos EUA.

O ano de 2012 está assim se configurando numa eleição de guerra ou paz, com os Republicanos a representarem o partido da guerra e os Democratas o partido da paz e da diplomacia.

E com o passar dos meses daqui até Novembro, tal tornará-se-á claro para a nação.»