quinta-feira, 29 de março de 2012

Admirável Mundo Novo na versão Obama

Em rigor, muito do mérito do próximo Paraíso na Terra deve ser atribuído, por estrita justiça histórica, a Theodore Roosevelt.


Por Henry Payne

Informação complementar: Obamacare: Most Important Case in 50 Years

David Bowie - The Man Who Sold The World


Letra:

Nada há de mais valioso que uma boa teoria

Estive a ler o Boletim Económico do Banco de Portugal da Primavera, que genericamente agrava as anteriores do Outono, e dei conta do artigo "Segmentação" (do mercado de trabalho, páginas 7-28), assinado por Mário Centeno e Álvaro A. Novo, cuja leitura me impeliu a ir procurar a seguinte passagem, da autoria de Ralph Raico (meu realce):
«The economics profession has for some time contended that with the "tools" of higher mathematics the contemporary economist can rise above the crude squabbles of the older nonmathematical forms of economic discourse; that it could end controversy in the discipline by force of the undebatable rigor of formal mathematics. But today the precision, the decisiveness, and the relevance of much of this "higher" economics are beginning to come under attack. Students are beginning to wonder whether it really helps our understanding of inflation and unemployment to master Laplace transforms, matrix algebra, differential equations, or linear programming. Is it not possible that these fancy techniques can no longer plausibly be considered to be tools of the economist, but have become our masters? Is it not conceivable that the exclusive reliance on those problems that lend themselves to these techniques, to these "muscles," has made the profession not stronger, but muscle-bound? Have we the courage to admit that we have let our preoccupation with technique transform the most advanced and important of the social sciences into an exercise in sterility, into a truly dismal science?»

Libertarian Review, Setembro de 1981

Serei só eu

que fico muito inquieto com esta notícia? O que virá a seguir? O preenchimento de um formulário sempre que o cidadão comum queira levantar, digamos, mil euros em dinheiro, tendo que indicar qual é a finalidade do mesmo, sob compromisso de honra, e correndo o risco de ser preso caso preste falsas declarações?
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Nota: texto corrigido na expressão "compromisso de honra".

Leitura complementar: Laundered Money, por Joseph Salerno

George Monbiot: nuclear, sim, obrigado

Seguindo o link proposto por André Azevedo Alves, cheguei a uma carta dirigida a David Cameron, de 15 de Março último, assinada entre outros por George Monbiot figura icónica no combate ao "aquecimento global" e à "carbonização" combates esses, reconheça-se, inteiramente consistentes com a sua defesa das recessões e luta contra o crescimento económico. Um excerto (realce meu):
«Nuclear remains the only viable large-scale source of low-carbon baseload power available to energy consumers in the UK today. Whilst we enthusiastically support research into new technologies, the deployment of renewables, demand-management and efficiency, these combined cannot, without the help of atomic energy, power a modern energy-hungry economy at the same time as reducing carbon emissions.»

Fácil de entender

Arquitectos defendem Parque Escolar.

As acções têm consequências

Apesar de quer o Fiel-Inimigo quer o Ecotretas já terem postado este vídeo, creio que as intervenções do Prof. Paulo Pinho no programa de Medina Carreira, na 2ª feira passada, são de tal modo esclarecedoras que não é demais voltar a fazê-lo também neste blogue.


De reter estas afirmações de Medina Carreira cerca do minuto 14:50: «Isto é mais coactivo do que um imposto. Porque num imposto - se eu não pagar o imposto - o Ministério das Finanças tem que ir à minha procura, tem que por uma acção contra mim... Aqui não! Se não se paga corta-se a luz! Isto é mais, muito mais coactivo do que num sistema tributário, o que está aqui são impostos exigidos de uma maneira extremamente violenta. O  Ministério das Finanças não tem nenhum instrumento tão violento como este

Também pensei algo semelhante

àquilo que o Luís Rocha escreve, sob o título "O dia seguinte", quando li o artigo de Vítor Bento.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Lou Reed - Perfect Day

Letra:

Frase do dia (33)

«The way to crush the bourgeoisie is to grind them between the millstones of taxation and inflation.»
Vladimir Ilich Ulianov (Lenine)

Saúde, medicina e estatísticas

Ainda jovem, quero querer que essencialmente de espírito, mas com alguma experiência de vida e mantendo uma boa memória, recordo-me bem dos temíveis malefícios que durante anos foram imputados à aspirina, em rigor, ao ácido acetilsalicílico. Por razões familiares recordo-me - ainda melhor - de como a dita aspirina passou, aos poucos, a ser considerada um importante fármaco na prevenção das doenças cardiovasculares!

Há já muitos anos que a ortodoxia em vigor etiquetou o sal como uma espécie de inimigo nº1 da saúde pública (talvez só a par do tabaco) o que tem motivado sucessivas campanhas públicas de escoriação de tal maléfico agente. Este anátema lançado pelas autoridades públicas manteve-se inatacável mesmo quando, como sucedeu em finais de Novembro último, foi publicado um estudo levado a cabo pelo respeitável "The Journal of Medical Association" segundo o qual (ler as conclusões do estudo aqui) a ocorrência de uma dieta muito pobre em sal estará associada a uma maior incidência das doenças cardiovasculares, exactamente o mesmo que ocorrerá naqueles cuja dieta inclui altos teores de sal! O estudo atrás referido aponta para que doses de sal entre os 4 e 6 gramas por dia estejam associadas a menores incidências de doenças cardiovasculares, bem acima das doses recomendadas pela ortodoxia dos tempos que correm - menos de 2,3 gramas por dia para uma pessoa saudável e menos de 1,5 gramas para os hipertensos.

Entretanto, foi notícia ainda ontem que a ingestão regular de chocolate estará associada a menores índices de massa corporal (= obesidade) assim o afirma um estudo publicado nos respeitáveis Archives of Internal Medicine.

Passando por cima de outras ortodoxias oscilantes como, por exemplo, as relativas à posição correcta que os bebés deverão assumir para dormir sem correrem o risco de se asfixiarem, não vejo razão para duvidar, ab initio, do advogado no vídeo (via LRC) que se segue. Pelo contrário. São bem conhecidas as propriedades da marijuana no tratamento da dor crónica sendo a sua prescrição médica inclusivamente legal em vários estados americanos. Enquanto todos os casos precedentes se baseiam não em ciência estabelecida, mas em meras correlações estatísticas, este testemunho advém da prática continuada de um ex-cirurgião do coração que advoga existirem vantagens da ingestão diária de um botão de marijuana face à alternativa da aspirina (pelo menos em ratinhos de laboratório). Ora vejam:

Ainda estou para perceber

e suspeito que permanecerei com este impedimento cognitivo para todo o sempre, qual será o passe de mágica a que o Governo irá recorrer para que o descongelamento das promoções das forças armadas não implique aumentos na despesa pública. Será que os efeitos remuneratórios, digamos, da promoção de um tenente a capitão serão compensados com a diminuição da remuneração do novo capitão? Custa a acreditar, não é? Desta nem o grande Houdini seria capaz!

Responder-me-ão que não é isso que o Governo, através do ministro da Defesa, quer de facto dizer mas apenas que os limites projectados para a despesa pública (este ano? no próximo? no próximo quinquénio?) não serão excedidos por causa destas promoções. Sim, aceito que seja esse o sentido último, que não literal, das palavras de Aguiar-Branco. Mas, por favor, não queiram fazer de nós parvos, ok? Repare-se que, se há espaço para aumentar remunerações à custa da compressão de outras despesas (como por exemplo diminuição dos postos militares que implicam a designação de generais com a consequente cascata de excedentes no quadro de coronéis, tenentes-coronéis, majores e por aí fora), cabe perguntar por que razões essas despesas, naturalmente desnecessárias, continuaram orçamentadas.

Julian Simon reemerge em Moçambique e em África

Boom time for Mozambique, once the basket case of Africa, no Guardian. Um excerto (realce meu):
A construction boom is under way here, concrete proof of the economic revolution in Mozambique. Growth hit 7.1% last year, accelerating to 8.1% in the final quarter. The country, riven by civil war for 15 years, is poised to become the world's biggest coal exporter within the next decade, while the recent discovery of two massive gas fields in its waters has turned the region into an energy hotspot, promising a £250bn bonanza.

The national currency was the best performing in the world against the dollar [!]. Investment is pouring in on an unprecedented scale; as if to prove that history has a sense of irony, Portuguese feeling Europe's economic pain are flocking back to the former colony, scenting better prospects than at home. Increasingly this is the rule, not the exception in Africa, which has boasted six of the world's 10 fastest-growing economies in the past decade. The first oil discovery in Kenya was confirmed on Monday, while the British firm BG Group announced that one of its gas fields off the Tanzanian coast was bigger than expected and could lead to billions of pounds of investment.

Frase do dia (32)

«The future is unknowable, though not unimaginable»

terça-feira, 27 de março de 2012

Patti Smith - Because The Night

Letra:

Iraque: lições a retirar

Top 10 Lessons of the Iraq War, na Foreign Policy:

 #1: The United States lost
The first and most important lesson of Iraq war is that we didn't win in any meaningful sense of that term. The alleged purpose of the war was eliminating Saddam Hussein's weapons of mass destruction, but it turns out he didn't have any. Oops. Then the rationale shifted to creating a pro-American democracy, but Iraq today is at best a quasi-democracy and far from pro-American. The destruction of Iraq improved Iran's position in the Persian Gulf -- which is hardly something the United States intended -- and the costs of the war (easily exceeding $1 trillion dollars) are much larger than U.S. leaders anticipated or promised. The war was also a giant distraction, which diverted the Bush administration from other priorities (e.g., Afghanistan) and made the United States much less popular around the world.

This lesson is important because supporters of the war are already marketing a revisionist version. In this counternarrative, the 2007 surge was a huge success (it wasn't, because it failed to produce political reconciliation) and Iraq is now on the road to stable and prosperous democracy. And the costs weren't really that bad. Another variant of this myth is the idea that President George W. Bush and Gen. David Petraeus had "won" the war by 2008, but President Obama then lost it by getting out early. This view ignores the fact that the Bush administration negotiated the 2008 Status of Forces agreement that set the timetable for U.S. withdrawal, and Obama couldn't stay in Iraq once the Iraqi government made it clear it wanted us out.

The danger of this false narrative is obvious: If Americans come to see the war as a success -- which it clearly wasn't -- they may continue to listen to the advice of its advocates and be more inclined to repeat similar mistakes in the future.
#2: It's not that hard to hijack the United States into a war.

Leia o resto aqui.

Patético

PS diz que reforma curricular do Governo é ideológica e contrária à escola pública.

O incumprimento do Estado e a destruição da poupança

está abundantemente ilustrado na forma como foram tratados os detentores de certificados de aforro por iniciativa do "grande financeiro" o que tem levado ao abandono maciço deste instrumento por parte dos aforradores. Pudera! Assim sendo, quando lemos que o Estado português não "pode romper contratos" com bem determinadas entidades, o clamor da justa indignação contra o mesmo Estado pela forma como trata os seus súbditos comuns só peca por ténue. Até ver, pelo menos.

Apelando à criminalização do money-printing

Godfrey Bloom, proeminente membro do UKIP (United Kingdom Independence Party), tem-se destacado pelas suas intervenções no Parlamento Europeu no domínio da política monetária (por exemplo, aquiaqui ou aqui) levada a cabo pelos bancos centrais (BCE, Banco de Inglaterra (BoE) e Fed) que se resume no "print, print, print, and always print" para acomodar os enormes défices públicos e acorrer aos bailouts dos bancos supostamente tidos por too big to fail. Esta política, dita "acomodatícia" no jargão do economês e também conhecida por diferentes eufemismos - Quantitative Easing (Fed e BoE) ou LTRO (Long-Term Refinacing Operations), conduz à incessante e progressiva destruição das respectivas moedas, promove uma colossal transferência de rendimentos dos mais pobres para os mais ricos e a destruição sistemática das poupanças dos aforradores . Tal prática não constitui mais que uma contrafacção sistemática da moeda (o que Ron Paul, e os Austríacos, vêm denunciando há 30 anos!) que, segundo Bloom, deveria ter como consequência a criminalização daqueles que a promovem.


Via A Arte da Fuga

Um mistério que se adensa para os alarmistas de profissão

Mark Perry, editor do Carpe Diem, proporciona-nos excelentes gráficos (isto é, informativos). A figura abaixo denota a evolução recente do número de perfurações em busca de gás (a azul) e de petróleo (a vermelho:


Notável que num espaço de pouco mais de dois anos se tenha invertido a proporção (de 1/3 e 2/3). Mais notável ainda que essa inversão tenha ocorrido sem que - vejam só! - tenha havido qualquer programa federal de "estímulo" à pesquisa e extracção de petróleo. Não! A explicação reside, tão e só e apenas, na evolução dos preços relativos entre os dois produtos. E é este o mecanismo que explica alguns aparentes paradoxos que os alarmistas neo-malthusianos são incapazes de compreender (ou se recusam a compreender).

Vejam, por exemplo, este outro boneco retirado daqui, a propósito do patético papagueio que Obama vem fazendo (até mais ou menos um mês e meio atrás quando o preço da gasolina começou a interferir nas suas possibilidades de reeleição...). Segundo Obama, porque os EUA apenas possuem actualmente 2% do total de reservas mundiais, a resolução (?) do problema energético dos EUA, a médio e longo prazo, não poderá estar no petróleo. Num primeiro instante, poderá parecer um argumento válido. Mas depois, olhando para este boneco...


Então os EUA tinham em 2010 o mesmo volume de reservas de petróleo (reservas conhecidas por extrair) das existentes em 1944 e, nesse período, a produção foi de 8 vezes o total dessas reservas então conhecidas? A conclusão que podemos retirar a posteriori é que, afinal, as "reservas" de 1944 eram efectivamente mais de nove vezes maiores. O primeiro gráfico, ao evidenciar com clareza o efeito da evolução dos preços relativos, dá uma pista sobre o que irá suceder proximamente. Se a ela aliarmos o efeito da (r)evolução tecnológica, os resultados podem ser portentosos - já estão a sê-lo - tanto que Obama, hipocritamente, tenta agora chamar a si os méritos do fantástico recrudescimento  da extracção de petróleo e muito especialmente do gás natural quando, na realidade, tudo ocorreu apesar das suas políticas que tudo fizeram para dificultar essa extracção ao mesmo tempo que, de forma insane e economicamente criminosa, promovia as sucessivas Solyndras, Volt e& Cia admiravelmente aqui retratadas.

Julian Simon lives

segunda-feira, 26 de março de 2012

A certa altura, atinge-se o limite

Clicar para ver melhor
Por Ben Garrison

Porquê o ouro? (12)

No ZH, "We Have Entered The Most Favourable Era For Gold Prices In Our Lifetime”:
«The choice for the saver is essentially binary: hold money in ever-depreciating paper, or in a tangible vehicle that has the potential to rise dramatically as expressed in paper money terms.»

Bernanke destroys the Savers and Investors

Jim Rogers: «mister Bernanke has destroyed the class of people which save and invest, and throughout history when you destroy the people who save and invest and do things the right way, your society ultimately has to pay a huge price for it, and that's what he is doing, he is wiping out all the people who have done it right at the expense of the people who have done it wrong people who took out huge mortgages and borrowing staggering amounts of money he is saving those people at the expense of the other people who played by the proper rules...»

Filhos de Marcuse

No Expresso online: "Divina Comédia" considerada uma obra ofensiva pois, de acordo com a ONG italiana Gerush92, o poema épico é "racista, antissemita e islamofóbico" e, como está bem de ver, "homofóbico".

Sem grandes eufemismos

Depois de um escrito que de todo não gostei, de saudar o regresso da costela da "pulsão liberal" de José Pacheco Pereira. Um excerto do seu artigo de sábado passado, no Público (realce meu):
«O Estado está mais pobre, deixou de ter dinheiro para muito que fazia? Verdade, mas isso não significa que esteja mais fraco, significa apenas que tem menos dinheiro. Está o Estado-providência a encolher, com uma progressiva retirada do Estado de muitas funções sociais? Verdade, mas a substituição de um Estado-Providência por um estado assistencialista não diminui o seu papel "providencial", apenas muda a concepção do seu lugar e função, substituindo-se um mundo regulado de direitos colectivos (e de expectativas) por um mundo mais pontual de protecção individualizada aos pobres. Está o Estado a recuar de algumas das suas prerrogativas de decisão em matéria de economia, de sociedade, de vida das pessoas? Não está. Bem pelo contrário. Continua a ser impossível fazer um grande negócio em Portugal, sem o beneplácito do Governo, e, a um nível mais localizado, sem o apoio da autarquia, processos como as privatizações continuam a ser feitos de forma discricionária, ao mesmo tempo que a regulação não existe ou está subordinada aos interesses dos sectores regulados.»

Público, 24-03-2012

domingo, 25 de março de 2012

Uma síntese excelente

para a estratégia de Obama no domínio da energia.

Por Chip Bock

Preço mínimo, estupidez máxima (2)

Na sequência de "Preço mínimo, estupidez máxima" cheguei, através deste artigo, ao website da British Medical Association (BMA). A certa altura, visitando esta página, pode observar-se:


Tendo o cuidado de não clicar, cuidado que não observei, no link errado, chegamos, por exemplo, a: "We have responded to government's review of alcohol pricing and taxation calling on them to reduce its affordability, and end the use of alcohol as a 'loss leader' by introducing minimum pricing."

A bem da nossa [britânica] saúde, claro.

Madredeus - Haja o que houver

Um esclarecimento esclarecedor

Este.

A guerra interminável

Entrevistado por Bill Moyers, Andrew J. Bacevich, a quem já me referi em "Perseguindo a paz perpétua através da perpétua guerra" a propósito do seu esplêndido Washington Rules, explana a tese segundo a qual as recentes administrações americanas enveredaram pela guerra permanente - literalmente, sem fim - ainda que, com Obama, tenha entrado em vigor o recurso, crescente, à "Opção C"1: o recurso ao assassinato selectivo, à escala mundial, sem qualquer escrutínio público ou autorização prévia por parte do Congresso, se necessário for mesmo sobre cidadãos americanos, recorrendo aos drones e às special ops, mandando às urtigas quaisquer considerações pelo respeito pela soberania dos países onde essas operações possam ocorrer. Uma interessantíssima entrevista quando os tambores de guerra voltam a rufar relativamente ao Irão.


1Na análise de Bacevich, o "Plano A", sob a administração Bush, consistiu na aplicação da doutrina do "Shock and Awe" no Iraque. Quando esta falhou, seguiu-se o "Plano B" - "The Surge" - que já apenas pretendia limitar os efeitos da temível insurgência no Iraque. Posteriormente, já sob Obama, foi também aplicado no Afeganistão, com o "sucesso" conhecido.

António Tabucchi (1943-2012)

In memoriam.

De Paris a Maracaíbo, da Filosofia à Economia

Zapatero da lecciones de economía en Venezuela como conferenciante suplente.

sábado, 24 de março de 2012

Coldplay - The Scientist

Letra:

Preço mínimo, estupidez máxima

Alcoolismo na Suécia
Ao ler esta notícia no Telegraph (que o Expresso aqui retoma) segundo a qual os consumidores ingleses e galeses de bebidas alcoólicas irão começar a pagar, no mínimo, 40 pence por cada bebida, ocorre-me Einstein quando afirmava que "Só há duas coisas infinitas, o universo e a estupidez humana, e não estou certo quanto à primeira". Claro que é em nome da saúde (com o beneplácito e mesmo aplauso das associações médicas) dos governados que é justificada esta "medida" governamental. Mas este proibicionismo disfarçado irá provocar todo um conjunto de efeitos indesejados dos quais alguns não são difíceis de prever: menos rendimento disponível especialmente nos bolsos dos que já têm menos (são os pobres os mais afectados); mais um "bom" impulso para vicejar o contrabando e a mixórdia, os roubos, etc. Se há país na Europa onde as leis anti-álcool são violentas cuja venda e distribuição é totalmente controlada pelo Estado é a Suécia. Os resultados são conhecidos.

Mas se é fácil antecipar quem são aqueles que vão perder, nunca é demais sublinhar quem são os que irão ganhar. Um exemplo daqueles que inevitavelmente vão ganhar, à época o 701º homem mais rico do mundo segundo a Forbes, na primeira pessoa:
"I couldn't have gotten so stinking rich without George Bush, George Bush Jr., Ronald Reagan, even El Presidente Obama, none of them have the cajones to stand up to all the big money that wants to keep this stuff illegal. From the bottom of my heart, I want to say, Gracias amigos, I owe my whole empire to you."
Também não é difícil antecipar que este particular preço "mínimo" vá ter uma grande tendência para subir rapidamente. Em nome da saúde, claro. O facto de ser mais um acto contra a liberdade individual de pouco conta para estes temíveis "neoliberais".

O derradeiro recurso: a mente humana

Via Prêmio Odebrecht Brasil (obrigado, Graça):
A primeira casa totalmente feita com garrafas plásticas está sendo atualmente construída na Nigéria. As garrafas são colocadas junto com lama e cimento, criando um material mais forte que o bloco de concreto. A casa é à prova de balas, de fogo, resistente a terremotos e ainda capaz de manter uma temperatura interior confortável de 17ºC o ano inteiro. Para se tornar ainda mais sustentável, a estrutura feita com garrafas plásticas ainda terá um sistema alimentado por energia solar, fazendo com que a energia se torne autônoma.


Socialismo malsão

Hoje, quando saí para ir comprar os jornais, reparei que o meu carro e os demais à volta estavam sujíssimos. Em resultado de uma chuva esparsa, a poeira tinha assentado e o resultado não era bonito. Já no café, reparei que Passos Coelho, em pleno congresso do PSD, tentava explicar que o significado de uma moção anteriormente aprovada era contrário ao entendimento que outros congressistas (muitos?) faziam. Virei as costas, enfadado.

Já de volta a casa, li "Um Partido de Esquerda", de Ricardo Lima, e recordei-me do que escrevi no final de Agosto do ano passado, sob o título "Cobarde" , na sequência da divulgação pelo Governo do Documento de Estratégia Orçamental 2011-2015. Na altura, o pequeno escrito mereceu o epíteto de "disparatado", atribuível a uma "contaminação malsã" que pairava no ar e de que também eu seria vítima, pelo meu caro amigo João Gonçalves (por sinal também presente no Pavilhão Atlântico, a assistir à coisa). Na resposta que então lhe dirigi, já não mostrava grandes ilusões: «Já se me esgotou a capacidade de acreditar que deste governo virá mais do que uma gestão mais "competente" de, esse sim malsão, estado socialista que iremos continuar a ter. Para desgraça de todos nós.»

A epifania da jornalista de "referência"

A propósito disto, Ana Fonseca Pereira, na esteira da sua colega jornalista Sofia Lorena (realces meus), escreve hoje no Público (link não disponível):
As novas sanções aprovadas ontem pela União Europeia contra o regime de Damasco não teriam história se, entre as 12 pessoas adicionadas à já longa lista de personae non gratae, não estivesse Asma al-Assad, a mulher do Presidente sírio, até há pouco vista como o rosto liberal e moderno de um clã que há 40 anos governa a Síria com mão de ferro - uma máscara que caiu, quando o mundo descobriu que, indiferente à violência, ela se entretinha a comprar roupas e objectos de luxo.
Já ultrapassou o ridículo.Chegou ao domínio do patético.

Quem apanhou, apanhou

é o título da crónica de hoje de Vasco Pulido Valente. Destaco este excerto:
«[N]este Governo e na nuvem de peritos que vai gravitando à volta dele, qualquer pessoa reconhece uma linguagem comum (a da economia) e as preocupações dos fervorosos adeptos do mercado. É um acidente superficial. Debaixo da crosta, continuam a viver os subsecretários de Salazar ou os veneráveis lacaios do liberalismo. E o princípio que os move não mudou. Como se costumava lembrar na era da "liberdade restaurada" (ou seja, a partir de 1834): "Quem apanhou, apanhou; e quem apanhou que apanhasse".»
Público, 24-03-2012
___________________
Nota: para quem vem a este blogue pelo menos de vez em quando, facilmente compreenderá que eu não subscreva as referências ao "mercado" a que alude VPV (e por arrasto, à "economia") e ao "liberalismo" português (apesar dos historiadores assim terem cunhado um período da nossa História). O estatismo, esse, é que é a verdadeira linha de continuidade.

Aproveitando os subsídios desperdiçando os recursos

Por razões do domínio do insondável, há muitos que acham que o mero facto de haver disponíveis subsídios ou empréstimos para realizar uma dada obra pública (ou privada), tal constitui razão bastante para que a mesma se faça sob pena de "desperdiçarmos" essas verbas. Medeiros Ferreira, lamentavelmente, junta-se a Ana Paula Vitorino na propagação desta falácia a propósito do famigerado TGV. Tudo se passa como se, em plena época de saldos, "desperdiçássemos" a baixa de preços (os tais subsídios) mesmo se, de todo, nem precisarmos dos artigos em saldo. E se a metáfora for aplicada a, digamos, saldos de jeeps, ainda haveria que fazer contas a como iríamos alimentar o veículo que "aproveitámos" ao longo da sua vida útil (combustível, seguro, reparações, etc).

sexta-feira, 23 de março de 2012

Está tudo bem assim e não podia ser de outra maneira

O ministro Relvas, não obstante afirmar que "o que se passa no Conselho de Ministros é sagrado e reservado", negou que Paulo Portas se tenha oposto ontem, no Conselho de Ministros, à indicação de Teixeira dos Santos, como próximo administrador na PT em representação do accionista Caixa Geral de Depósitos, ou seja, do Estado.

Ao que parece, há quem pense que o prof. Teixeira dos Santos "é um grande financeiro" (Ricardo Salgado), e que "competência não lhe falta" (Luís Rodrigues, deputado do PSD) qualidade que, aliás, "nunca esteve em causa".

Já pouco importa saber se é verdade ou não se, como Expresso adianta, o "Governo trava Teixeira dos Santos na PT".

E no próximo 10 de Junho, vejam lá se não se esquecem da comenda!

You can't protect your women

"Mulheres" do presidente sírio na lista negra da Europa. Esposa, mãe, irmã e uma cunhada de Bashar al-Assad foram alvo de sanções pelos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (proibição de viajar e congelamento de contas bancárias no espaço da UE). Provavelmente inspirados numa célebre "deixa" cinematográfica: «You can't protect your women». Terão visto "O Chacal" recentemente?

Matt Ridley: O Optimista Racional

Um ataque frontal - mas civilizado - aos neo-malthusianos, profetas de um Apocalipse que teima em não se concretizar (apesar dos esforços de muitos...). O debate que se segue aos primeiros 15 minutos do video é igualmente bem interessante.

O eufemismo da bizarria

José Pacheco Pereira, pessoa que cito com regularidade mas que estou (muito) longe de ser um incondicional, tem uma falha importante na sua formação intelectual, de resto assumida por si próprio, que é bem relevante dada a sua larga e longa presença mediática: desconhece os fundamentos básicos do funcionamento de uma economia. Já o ouvi, por várias vezes, de alguma forma desculpando-se dessa sua laguna, realçar - bem - a cupidez oracular de muitos economistas (aqueles que têm três opiniões distintas por cada duas criaturas do género) para, no fundo, subscrever a tese de Thomas Carlyle que classificava a Economia como a dismal science .

Ontem, n'OInsurgente, Rodrigo Adão da Fonseca critica - bem - Pacheco Pereira pelo seu mais recente registo proto-marxista e (pelo menos aparente) afastamento de crítica ao socialismo que, anos a fio, levou a cabo, aqui e ali inclusive com afloramentos liberais. Também eu não gostei nada deste artigo apesar de pré-anunciado em escritos recentes.

Dito isto, creio que Pacheco Pereira (e Lobo Xavier ao concordar com ele) se enredam num eufemismo pouco saudável limitando-se a classificar de "bizarra" a escolha de um ex-regulador para secretário de Estado da mesma área reveladora quando essa escolha não é menos que um sinal de promiscuidade insuportável.

Macy Gray - Creep


Letra:

quinta-feira, 22 de março de 2012

Não têm mais nada com que se entreter?

Não sei bem se já há alguma vez por aqui me descaí quanto às minhas preferências clubísticas e ao meu desporto favorito (fiz duas ou três pesquisas no blogue e nada encontrei...). De qualquer modo, assevero-lhes que apodar esta notícia de lamentável não passa de um tremendo eufemismo. O mesmo se diga desta outra a que se refere José Manuel Fernandes. Estas obsessivas chamadas à intervenção de organismos estatais para acorrer à micro-gestão de uma escola, sobretudo de uma escola, diz muito do estado da mais profunda corrupção moral e tentativa de recurso ao poder do Estado para impor aos outros os seus pontos de vista, a que infelizmente muitos se entregam. O que raio confere a um qualquer grupo de burocratas o direito de reger e vigiar os nossos hábitos, vícios ou costumes?

All The Pain For Zero Gain

Via Watts Up With That, com uma referência a Matt Ridley, no domínio da matemática de números inteiros, um genial pictograma da insanidade eólica da autoria de Josh:


Obamanomics para 2013 (2)

Por Chuck Asay

Entre as pessoas e as galinhas

Bruxelas não hesita um segundo em proteger as segundas. Quanto às pessoas, especialmente as de mais baixos rendimentos, já os burocratas pagos a peso de ouro se estão nas tintas pois como sempre estiveram. Impor aos países relativamente mais pobres as normas só suportáveis pelos países ricos sob as roupagens do discurso do politicamente correcto, em nome da "protecção" do ambiente e do crescimento (?) "sustentável", é uma forma ínvia de promoção do proteccionismo aos mais ricos à custa dos que o não são. O resultado tende para isto.

A invocação da Fé

Ricardo Salgado: "Acredito que país vai evitar segundo resgate".

E foi assim que chegámos onde chegámos

Está tudo razoavelmente resumido no Jornal de Negócios, pela boca de Ana Paula Vitorino, ex-secretária de Estado dos Transportes, na sequência do chumbo do projecto do TGV Poceirão-Caia pelo Tribunal de Contas:
Interrogada se o projecto do TGV era sustentável do ponto de vista financeiro, Ana Paula Vitorino contrapôs que "há dinheiro" para o concretizar.

"A questão coloca-se ao contrário. Se nós não fizermos o projecto vamos perder 1200 milhões de euros num projecto que se sustenta a si próprio. Temos dinheiro porque temos fundos comunitários e porque temos garantido um empréstimo do Banco Europeu de Investimentos (BEI)", sustentou, antes de questionar "qual o custo para o país" na sequência da decisão de abandonar o TGV.

Na perspectiva de Ana Paula Vitorino, se o projecto do TGV não for feito, Portugal "perderá 1200 milhões euros de fundos comunitários, adia o seu desenvolvimento, não assegurando em particular o desenvolvimento do Porto de Sines por ausência de concretização da componente de mercadorias associada ao projecto".

"Se o projecto não for concretizado, não se cria emprego num momento em que o desemprego atinge gravemente os sectores da construção e dos serviços e, finalmente, o país transmite a ideia de que não tem modelo de desenvolvimento económico. Por este caminho, este Governo leva ao fecho da economia deste país", acrescentou.
Chegará alguma vez o dia em que o cidadão votante se preocupará com "o dia seguinte", com o que acontecerá no pós-investimento estatal, quando as despesas correntes superarem em muito as receitas, já não falando na incapacidade de reposição do capital entretanto depreciado? Tenho cada vez mais dúvidas que tal venha a suceder.

Terrorismo verbal e a renovável propaganda

é o que ocorre para classificar as afirmações de Carlos Pimenta a propósito das energias "limpas". Reparem: "Temos assistido a uma ‘jihad’ em Portugal contra as renováveis, o que é uma loucura". Os culpados, claro, são os promotores do 'Manifesto' que, segundo Pimenta, pretendem, às escâncaras, introduzir o nuclear em Portugal (o que só é verdade para uma pequena minoria dos seus subscritores). Ora isto seria, na sua opinião, um atentado "económico" e à "segurança" do país. Ao invés, a promoção das renováveis teria produzido resultados brilhantes. Transcrevo:
"Hoje importamos 75% [da energia que consumimos]. Ganhámos 11% em 10 anos, o que foi conseguido sobretudo pelas renováveis. Se não tivéssemos ganho esses 11%, tínhamos agora uma conta de mais mil milhões de euros. Não há dinheiro para pagar isto"
Carlos Pimenta é de uma desonestidade intelectual inqualificável. Ao mesmo tempo que nada diz sobre o brutal défice tarifário (mais de 3 mil  milhões de euros em 2012) e o porquê do seu surgimento (em grande medida devido exactamente às renováveis) pretende fazer-nos crer que o país poupou mais de mil milhões de euros por ter seguido a via que seguiu. MENTIRA! Neste contexto, o país é uma mera abstracção. O que realmente importa são os consumidores e as empresas e, assim sendo, é ABSOLUTAMENTE FALSO que os consumidores e empresas tenham poupado o que quer que seja com a política energética seguida na última década. Pelo contrário: foram e continuam a ser fustigados com incessantes aumentos de preços motivados pela RUINOSA política energética seguida apenas possível pelo recurso a monumentais subsídios e rendas garantidas num exemplo gritante do mais puro crony capitalism. E tem esta criatura a lata de falar em "crime económico" referindo-se à actuação do governo actual nestes termos: "Há um desinvestimento total, o que foi feito não tem ponta por onde se lhe pegue. Está entre o zero e o negativo".

Pimenta, tal como Obama, também invoca a geo-estratégia para justificar a promoção da independência face a "zonas instáveis" no Médio Oriente e ao estreito de Ormuz. O que Pimenta, tal como Obama, se esquece (ou se faz esquecido) é que a dependência das terras raras (essenciais para a construção das turbinas eólicas e dos carros eléctricos) do maior produtor do mundo - a China - é de 97% do total das necessidades mundiais!!! Pimenta, presidente da  filial portuguesa da eléctrica francesa EDF-Energias Renováveis, continua igual a si próprio.

Guardado está o bocado?

Já manifestei (aqui e aqui) a minha simpatia profissional por Silva Rodrigues, actual presidente da Carris. Tendo chegado a ser dado como titular da pasta (secretaria de Estado) dos Transportes deste governo - o que, como se sabe, não se veio a concretizar - viria em Outubro último a fazer uma declaração polémica, aparentemente manifestando uma discordância profunda com o modelo de fusão das transportadoras a operar em Lisboa. Afirmou então que "[s]eria absolutamente trágico fundir a Carris com o Metro" (declaração que me suscitou uma curiosidade que persiste em ser satisfeita). Não deixa assim de ser curioso que o Jornal de Negócios, na edição electrónica de ontem, o dê como futuro presidente do conselho de administração conjunto da Carris e do Metro, com a estrita missão de fundir as duas empresas e segregar a infra-estrutura destes operadores entregando-a à Refer, com a respectiva dívida...

Uma notícia de que não dei notícia


Foi no dia 16 de Março que foi publicada. Imaginemos, por um momento, o berreiro que por aí andaria se tivesse sido o Papa que, numa alocução na praça de São Pedro, tivesse apelado à destruição de todas as mesquitas nos países de matriz cultural judaico-cristã... É assim particularmente notável a preocupação humanitária (!) dos sauditas com a situação na Síria, já não falando da perplexidade que causa o abundante e generoso apoio financeiro com que os norte-americanos presenteiam Riade.

Ron Paul no show de Jay Leno

Foi ontem, dia de primárias no Illinois (em que ficou em 3º lugar com 9,3% dos votos). Paul antecipa a possibilidade de uma brokered convention situação que a ocorrer (a última vez foi há 50 anos atrás) poderá significar que ainda venha a ter uma importante palavra quanto à nomeação republicana (como Bob Wenzel aqui assinala). Médico obstetra de profissão, aborda o tema do aborto de uma forma próxima da minha - antes de tudo mais, uma questão moral. O tema da energia e dos combustíveis constitui uma oportunidade para explicar que o problema da sua alta de preços apenas reflecte a raiz do verdadeiro mal - a depreciação da moeda, incessantemente promovida pela Fed. Um Senhor.

quarta-feira, 21 de março de 2012

O ministério da Economia descobre uma oportunidade de estimular as exportações

e, vai daí, tenta convencer os empresários a aproveitá-la. Leiam o João Miranda para perceber como o governo conduziu o processo negocial.
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Nota: onde está "o ministério" e "o governo", se preferirem, poderão substituir o artigo definido pelo indefinido.

Múltiplos Desígnios, Agendas e Estratégias depois

... o resultado é este, um gráfico "à Medina Carreira":


Vai acabar mal. Vamos acabar mal.

Que sorte

que «[o] desaparecimento de um processo de um tribunal» seja um caso «raro e estranho»!

Uma vitória ou uma derrota apenas adiada?

PS muda projecto da cópia privada [pl 118] para evitar chumbo.

Dava jeito Tó Zé, olá se dava!

BPN: Seguro admite Sócrates no inquérito parlamentar protestando que "[n]inguém pode ficar de fora dessa responsabilidade [de apurar a verdade]."

A extraordinária despesa ordinária

Estado já injectou 348,3 milhões este ano na RTP. A RTP é - alguma vez deixou de o ser? - um escândalo, propagandístico e despesista, que o Estado impõe, de forma capciosa e abusiva, sobre os portugueses, numa altura em que lhes impõe uma carga fiscal que já vai para além do confisco.

Já o episódio ilustrado na figura abaixo, ontem denunciado pela Helena Matos e que hoje ainda subsiste à hora que escrevo é, a meu ver, subsidiário mas serve para demonstrar como os "conservadores" no poder, objectivamente, defendem a mesma "plataforma" de condicionamento das massas que os descendentes dos GDUP...


E vão armários cheios de esqueletos

Afinal, ninguém sabe (ainda) qual é o valor da dívida das autarquias. Fala-se agora em 12 mil milhões de euros. Há uns meses falava-se em 6 mil milhões.

terça-feira, 20 de março de 2012

Parafraseando Pinheiro de Azevedo

Soares dos Santos: "quinta-feira há uma greve dos transportes, como é costume" (original, aqui).

Novo exemplo de caminho-de-ferro negativo (*)

É hoje notícia a decisão dos EUA passarem a aplicar tarifas alfandegárias sobre os painéis solares exportados por empresas Chinesas alegando a prática de dumping, isto é, supostamente, a venda a um preço abaixo do custo. Vejamos, então: os chineses suportam um prejuízo na venda dos seus produtos e os consumidores americanos nem sequer os agradecem do facto de, assim, poderem dispor de painéis solares a um preço mais favorável? Obama devia era atribuir-lhes uma medalha pelo esforço demonstrado no combate ao aquecimento global! Mas não. Obama prefere - e aqui, como abundantemente tenho procurado demonstrar, não há nenhuma novidade - que a energia eléctrica seja mais cara que mais barata. Mesmo se de origem solar!
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(*) - O título do post é uma referência directa ao curto, mas famoso, ensaio de Frédéric Bastiat onde demonstra, uma vez mais o absurdo económico das teses proteccionistas.

E sempre que os políticos mentirem aos cidadãos

também serão alvo de prisão ou coima?

O extraordinário "sucesso" da escola pública

40 anos decorridos, e após uma quase triplicação dos custos, os mesmos resultados. Eloquente.


Pergunta politicamente incorrecta (2)

N' O Insurgente, Luciano faz notar que não foram necessárias 24 horas para que @s gatekeepers habituais reagissem às declarações de uma Nobel da Paz de 2011, defendendo a criminalização da prática de actos homossexuais no país que é presidente (a Libéria). Peço desculpa mas não podemos, sobretudo nesta matéria, contemporizar com reacções absolutamente serôdias (cerca de oito horas após a divulgação da notícia nos media internacionais). Já um presidente que se viu atribuído o Nobel da Paz antes mesmo de o ser, não corre qualquer risco de lhe exigirem a retirada do prémio que recebeu apesar das guerras que promoveu ou secundou - muitas -, utilização massiva de drones para assassinatos selectivos, inclusive de cidadãos do seu próprio país, torturas e presos anos a fio sem julgamento e mesmo sem acusação. Enfim!

Actualização: Helena Sacadura Cabral junta-se aos gatekeepers.

Missão cumprida?

20-03-2012: Ataques no Iraque fazem mais de 40 mortos.
«Our mission in Iraq is noble and it is necessary. No act of thugs or killers will change our resolve or alter their fate. A free Iraq will be free of them. We will finish the job we have begun

George W. Bush, 20 de Novembro de 2003
Actualização: de acordo com o Guardian, as vítimas mortais foram 49, ascendendo a mais de 200 o número de feridos.

Mitos, realidades e aldrabices governamentais

Há pouco, no frente-a-frente do programa de Mário Crespo, assisti ao "debate" entre Carlos Zorrinho e José Eduardo Martins e uma vez mais confirmei o bloco central de interesses que se traduz na cega aceitação dos dogmas habituais em matéria energética. Refiro-me à "inevitabilidade" dos subsídios às renováveis pela "defesa do ambiente" que as mesmas proporcionariam justificados pela "infância" da indústria renovável (uma infância já com 40 anos no caso das eólicas...), à "inevitabilidade" da subida de preços no "curto prazo" (em troca do nirvana energético do futuro...) e, finalmente, pela suposta bondade inerente à substituição de  importações.  No clip seguinte, podemos recordar o candidato Obama a tocar esta partitura nos seus diversos andamentos:


Nós, portugueses, deveríamos ter bem presente o que pode representar uma campanha de substituição de importações promovida ou subsidiada pelo Estado, em rigor, a defesa da autarcia em prejuízo do bem-estar da generalidade dos cidadãos. Bastará recordar a celebérrima "campanha do trigo" de Salazar. Quando às falácias de Obama (e dos seus compagnons de route nacionais), aconselharia reflectir nas sábias palavras do Ace of Spades HQ (minha tradução):
«Eu prefiro a "velha" abordagem às tecnologias emergentes: adoptamos uma nova tecnologia quando ela for melhor e mais barata que a tecnologia antiga, não quando ela for pior e mais cara, e formos forçados a convertermo-nos por um governo que nos exige que paguemos mais por menos. Para que possamos colher todos esses benefícios especulativos num futuro hipotético.»

segunda-feira, 19 de março de 2012

Creedence Clearwater Revival: Bad Moon Rising

Letra:

Frase do dia (31)

«A democracy is two wolves and a small lamb voting on what to have for dinner. Freedom under a constitutional republic is a well armed lamb contesting the vote.»
Benjamin Franklin

Pergunta politicamente incorrecta


A senhora representada na foto, Ellen Johnson Sirleaf, actual presidente da Libéria e prémio Nobel da Paz de 2011, sustentando a lei que agrava  a criminalização da prática de actos homossexuais no país que governa, resume o seu ponto de vista numa entrevista em conjunto com um Tony Blair, naturalmente incomodado com tão politicamente incorrecta posição: "We like ourselves just the way we are" (Guardian).

Defendendo eu que o Estado deve estar afastado da cama de cada um, não posso deixar de sublinhar que os gatekeepers do politicamente correcto cá do sítio sejam tão pouco lestos a reagir a esta notícia. Por que será?

Jornalismo de "referência": trivialidades e relevância


Dois meses depois, o mesmo jornalista que assinava a notícia acima, em acto de contrição que a própria direcção do jornal assume, escreve agora:

Público, 19-03-2012: Em sete meses, Passos fez menos nomeações do que Sócrates (notícia completa só disponível para assinantes ou para quem compre a edição em papel).

Interesse de tudo isto? Muito pouco. São gastas, se contei bem, 94 linhas da notícia escolhida para "destaque" da edição de hoje, num exercício pueril contábil, para concluir, sob vários pressupostos metodológicos, que Passos fez, afinal, menos 33,8% de nomeações que o primeiro governo de Sócrates (e, já agora, usando os números que a própria notícia avança, menos 37,5% relativamente a Sócrates II). E daí? Que problema de fundo ficou resolvido, sequer endereçado, com esta "contenção"? Satisfazer o povoléu alimentando a sanha contra os "privilegiados" deste país promovendo e satisfazendo um discurso populista altamente perigoso?

Será o PREMAC de Passos tão fundamentalmente diferente do PRACE de Sócrates?(*) Ou serão os dois "Programas" essencialmente semelhantes na sua absoluta inutilidade em atacar o gigantesco cancro estatal que nos sufoca e cujas metástases se estendem a tudo e a todos? Quando pretende o governo propor a redefinição das funções do Estado? Ou será que julga que para a resolução dos nossos problemas, face ao desregramento precedente (fundado na cartilha keynesiana, não o esqueçamos), será suficiente um mero exercício de contenção ainda que fundado numa dramática punção salarial e fiscal? Será que, no fim de contas, a estratégia do governo se cinge a "fazer o mesmo gastando menos" resumindo a sua estratégia à multiplicação do que poderíamos designar por  "paradigma RTP"?
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(*) - Segundo o artigo, o futuro presidente da comissão de recrutamento dos dirigentes superiores do Estado, será João Bilhim, exactamente "o [mesmo] responsável da comissão técnica que elaborou o PRACE na primeira legislatura de José Sócrates".

Até que enfim!

Governo vai reprivatizar a totalidade dos Estaleiros de Viana.

E se por uma vez promovêssemos o emprego? (2)

A notícia é de 6ª feira passada, mas só agora me dei conta dela. Vem por Isabel Vaz, presidente executiva da Espírito Santo Saúde: "Não precisamos de nada do Estado, não preciso que o Estado me dê doentes. Só preciso que o Estado não me chateie"... "Precisamos que o Estado não atrapalhe".

domingo, 18 de março de 2012

Creedence Clearwater Revival: Fortunate Son

Letra:

Frase do dia (30)

«Lembrem-se sempre que a determinação em sermos bem-sucedidos é mais importante que tudo o resto.»
Abraham Lincoln
A adopção desta máxima pelos Estados conduz a resultados como os espelhados nestas fabulosas fotografias (via LRC).

terça-feira, 13 de março de 2012

Sade - Smooth Operator


Letra:

Começa bem e vem na linha

Japão e Portugal comprometem-se com energias limpas, no Expresso:
O Governo português e a Organização japonesa para as Novas Energias e Desenvolvimento das Tecnologias Industriais assinaram hoje uma Carta de Intenções para a cooperação no campo das energias "limpas".

De acordo com os termos da Carta, os dois países deverão explorar as possibilidades de cooperação nas áreas das tecnologias renováveis (solar, eólica e termal), como também na construção de edifícios "produtores de energia" e de "emissões zero", "redes energéticas inteligentes" e gestão de sistemas de energia (...)

Pela parte portuguesa, o acordo foi assinado pelos secretários de Estado da Inovação Carlos Oliveira e o novo secretário de Estado da Energia, Artur Trindade.

Uma liderança pouco invejável

é aquela que Portugal ocupa agora no designado "clube da bancarrota". A Grécia que liderou meses a fio o "clube", tendo entrado em incumprimento efectivo, saiu do ranking. A probabilidade de incumprimento dos compromissos da dívida soberana portuguesa, a 5 anos, tem vindo a subir nos últimos dias e volta a aproximar-se dos valores record de Janeiro último.


Situando a situação

Ex-colega de Passos Coelho na Águas de Portugal

Segundo o Expresso, «Paulo Caetano estava ligado à área das energias renováveis na empresa presidida por Ângelo Correia [a Fomentinvest, onde trabalhava o primeiro-ministro]. A Fomentinvest atua nas áreas do ambiente, energia, mercado de carbono e mudanças climáticas.»

Promiscuidades

O sentimento que sobrevém quando se fica a saber que um ex-membro de um governo, com ou sem período de nojo de permeio, é anunciado como integrando a administração de uma empresa integrada num sector de actividade anteriormente por si tutelado, não é diferente daquele originado quando um membro de um organismo supostamente independente, como é suposto ser o caso de um Regulador, é convidado - e aceita - integrar o governo exactamente na pasta que antes "regulava".

Is Ron Paul Taleb's New Black Swan?

Nicholas Nassim Taleb, autor do famosíssimo The Black Swan: The Impact of the Highly Improbable (traduzido para português sob o título O Cisne Negro: o impacto do altamente improvável), explica as razões pelas quais só o candidato Ron Paul tem propostas que endereçam os quatro principais problemas da monstruosa hidra que está à solta nos EUA (e por arrasto no resto do mundo) - o défice orçamental, a actuação da Fed, o militarismo e os sucessivos bailouts (via Zero Hedge):

Deixem-nos trabalhar!

Não é demais sublinhar o bom desempenho do sector exportador aqui evidenciado pelo INE e, entre outros, sublinhado por Camilo Lourenço em "Magníficas exportações", apesar do entorno adverso, do não recurso à "bengala" das desvalorizações "competitivas", do estapafúrdio aumento da energia e apesar da protecção conferida pelos governos aos sectores protegidos da concorrência exactamente à custa do sector exportador e dos consumidores em geral. Em suma: é o sector privado que, contra ventos e marés, de alguma forma aguenta a economia e que grita: «deixem-nos trabalhar!».

Renováveis insanidades (2)

Zurzo, com frequência, na política energética de Obama. Mas será bom lembrar que a inspiração "verde" que lhe subjaz adveio dos "sucessos" europeus na matéria. Já começamos a conhecer o "sucesso" português, como de resto o espanhol, o dinamarquês, o holandês, o alemão, etc, bem aferido na conta da electricidade de todos os consumidores. Mas a loucura atinge o paroxismo no Reino Unido, o único país no mundo que inscreveu em forma de lei uma auto-imposição quanto à "descarbonização". Reparem nesta passagem do artigo de Christopher Booker, no Telegraph do sábado passado:
«So, in order to reduce our CO2 emissions, we subsidise power companies to burn wood which ends up emitting much more CO2 than the fossil fuels it replaces, so that the Government is now told that this should only be allowed if the firms then remove that CO2 by a process so CO2 intensive that it doubles the cost of the electricity, in order to bury it under the sea using technology not yet commercially developed and which, according to various scientific studies, will never work anyway, Yet according to the Department for Energy and Climate Change, ''biomass’’ is going to be as important to meeting our EU targets as those useless windmills. Thus in every direction do the ''green dreams’’ of those who rule us in London and Brussels collide with reality.»
Michael Ramirez ilustra a inanidade de tudo isto em mais um belo cartoon.


Renováveis insanidades


Estranho de resto que, por cá, o Governo não tenha já anunciado que a Autoridade da Concorrência (?) irá  investigar, com carácter de urgência, o porquê dos preços record na electricidade (para além dos das bombas de combustível). É pelo menos o costume. Ou será que isto explica o atraso no anúncio?